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As alegres Comadres de Windsor

Falaremos hoje de uma outra comédia de William Shakespeare: “As alegres comadres de Windsor”. Essa peça foi apresentada no final do século XVI. Ela foi a única ambientada na Inglaterra. Este cenário é interessante, pois nos dá uma pequena amostra de como teria sido a vida cotidiana dos ingleses comuns na época de Shakespeare, particularmente da classe média inglesa em rápido crescimento, onde o próprio Shakespeare estava incluído.

É uma comédia burguesa e urbana ao mesmo tempo. Ela se passa em uma cidade. A peça fala de funileiros, marceneiros e comerciantes, como em “Um sonho de uma noite de verão” ( já resenhada aqui). Na maioria das vezes, as comédias de Shakespeare giram em torno de intrigas, dinheiro, sedução e pessoas que se comportam mal e depois recebem o que merecem. Esse é o arco. Há casamentos nas comédias urbanas quando a filha de alguém rico está sendo cortejada por um pobre. Geralmente elas desprezam o rico. E segue o caos. Mas esta peça de que falaremos hoje aborda um personagem  vinculado a nobreza com problemas financeiros que deseja dar um golpe do baú, e o nome dele e Sir Falstaff.

A Sra. Ford e a Sra. Page são um dos motores cômicos desta peça. Falstaff, alvo das piadas, responde à sua situação com tiradas cômicas, graças à facilidade linguística de Shakespeare,

 Vamos à história?

 A peça começa com a chegada a Windsor de Shallow com o seu jovem primo Slender, que está muito chateado com Sir John Falstaff por causa de uma disputa pessoal.

 “Shallow: Não tente dissuadir-me, Sir Hugh: vou levar a questão ao Tribunal da Estrela. Nem que ele fosse vinte Sir John Falstaff, não há de abusar do cidadão Robert Shalow.” ( pág. 655)

Evans, o diretor da escola e pároco local, tenta, sem sucesso, acalmá-lo. Ele sugere que Slender se coloque como um pretendente da jovem Anne Page. Ela é uma jovem rica e atraente que acaba de herdar uma fortuna. Shallow sugere que eles visitem seu pai, o Sr. Page, que, segundo Evans, Fallstaff também está visitando:

“Slender: Seu avô lhe deixou setecentas libras?

 Evans: E seus pais ainda lhe dão  uns bons tostões

Shallow: Eu conheço a jovem senhorita , ela é bem dotada.

Evans: Setecentas libras e possibilidades são bons dotes

Shallow: Bem vamos procurar o honesto mestre Page: Falstaff está lá?

Evans: Quer que eu conte uma mentira? Eu desprezo um mentiroso como desprezo um falso, ou como desprezo o que não é verdade. O cavaleiro Sir John está lá; e eu imploro que seja guiado pelos que lhes desejam bem. Eu bato na porta do mestre Page.” ( pág. 657; pág. 658)

Eles batem na porta de Page e falam brevemente com ele; Falstaff surge com Bardolph, Nym e Pistol, seus companheiros de bebida. Falstaff é um cavaleiro de posição mais elevada do que a maioria dos nativos da cidade de Windsor. Ele se aproveita de sua posição para atormentar os habitantes locais. Ele se encontra em uma situação financeira difícil. Shallow acusa Falstaff de agredir os seus homens, caçar os seus veados e invadir o pavilhão de caça.

“Shallow: Cavaleiro, o senhor bateu em meus criados, matou os meus veados e arrombou a minha portaria.

Falstaff: Mas não beijei a filha do porteiro?

Shallow: Bobagem tem que prestar contas disso tudo.

Falstaff: Pois respondo logo; fiz tudo. Já prestei contas de tudo.

 Shallow: O conselho há de saber disso.

Falstaff: Seria melhor para o senhor que fosse sabido em segredo; vão rir do senhor.

Evans: Pouca verba; Sir John forma boas palavras

Falstaff: Boas palavras? Bons repolhos! Slender, quebrei sua cabeça; o que é que tem contra mim?

Slender: Ora senhor, tenho a questão da minha cabeça contra o senhor e contra seus vigaristas Bardoph, Nym e Pistol.” ( pág. 660)

Slender acusa  os companheiros de Falstaff por ter sido roubados por eles. Eles negam. Evans insiste que ele, Sr. Page e o anfitrião da taverna local formem um comitê para resolver essas disputas.

Senhora Page, Anne e Senhora Ford aparecem com as bebidas e todos vão para dentro, exceto o nervoso Slender. Shallow e Evans surgem para dizer que seu casamento com Anne foi proposto. Anne entra para convocar os homens para jantar, e Shallow e Evans a deixam com Slender. Ele fica nervoso, com vergonha de entrar com ela e inicia uma conversa até que Page, o pai, aparece.

“Anne: Eu não hei de entrar sem sua senhoria, eles não podem sentar enquanto o senhor não vier.

Slender: Por minha fé não vou comer nada; mas agradeço como se comesse

Anne: por favor senhor vamos andando

Slender: Eu prefiro andar por aqui, obrigado. Machuquei a canela no outro dia com espada e punhal com um mestre de esgrima – três toques contra um prato de ameixas cozidas – e palavra desde então não suporto o cheiro de carne. Por que seus cachorros latem tanto? Há ursos pela cidade?

Anne: Creio que há um . Ouvir dizer.

Slender: É um esporte que eu gosto bastante, porém brigo por ele tanto qualquer homem na Inglaterra. A senhora tem medo vê um urso solto, não tem?

Anne: Creio que sim

Slender: Pois para mim é comida e bebida. Já vi Sackerson solto uma vintes vezes, e o peguei pela corrente; mas, eu lhe garanto, as mulheres de modo geral não os suportam; são umas coisas muito feias e brutas.

Sr Page: “Page: Venha gentil mestre Slender, venha estamos a sua espera.

 Slender: Não quero comer nada, obrigado

Page: Por cobra e lagartos, não tem escolha, senhor, venha, venha

Slender: então faça o favor de ir na minha frente( pág. 666; pág. 667)

Falstaff conta a Bardoph, Pistol e Nym  (seus cupinchas) seus  planos para conseguir dinheiro. Ele vai tentar seduzir a Senhora Ford e a Senhora Page. Falstaff se acha a última Coca-Cola do deserto, ou seja, para ele, todas o consideram atraente.

“Falstaff: Ela me percorreu de tal modo gananciosas que o apetite de seus olhos parecia me queimar como uma lente! Eis a carta que ela também controla a bolsa: ela é uma Guiana, toda de ouro e prodigalidade. Eu enganos as duas, e elas passam a ser em meus tesouros: serão as Índias Orientais e Ocidentais, e hei de comerciar com as duas. Vá levar esta carta à comadre Page; enquanto você leva a comadre Ford; estamos feitos rapazes , estamos feitos.” (pág. 671)

Em outras palavras, duas cartas iguais para a Sra. Ford e para a Sra. Page. Mas Falstaff não contava que seus cúmplices iriam rejeitar tal oferta:

“Pistol: Hei de ser Sir Pandora de Tróia, é vestir a armadura? Viva Lúcifer!

Nym: Não gosto de comportamentos vis. Leve você a carta amorosa, prefiro guardar a minha reputação” (pág. 671)

Falstaff considera os seus ajudantes indignos para desempenhar tal tarefa. Ele entrega as suas cartas ao seu pajem, Robin. E demite os dois. 

“Pistol: Hei de ser Sir Pandora de Tróia, é vestir a armadura? Viva Lúcifer!

Nym: Não gosto de comportamentos vis. Leve você a carta amorosa, prefiro guardar a minha reputação”( pág. 671)

Só que ele, Falstaff, não sabe que Pistol e Nym decidem se vingar da demissão e vão contar as intenções de Falstaff aos respectivos esposos.

“Nym: Meus humores não hão de esfriar; esquento Ford com veneno, o deixo  amarelo de ciúme, pois minha revolta é perigosa. Assim é que eu sou de verdade”( pag672)

Enquanto isso, Evans envia uma carta através do servo de Slender, Simple, para Madame Quickly pedindo que encorajasse Anne Page a se casar com Slender. Doutor Caius também está interessado em Anne Page e conta com o apoio do Sr. Page. E desafia-o para um duelo quando ele soube das intenções de Evans. Os dois marcam um duelo, mas  foram enganados. Os locais não coincidiam. Resultado: não houve duelo.

Madame Quickly é a governanta da casa da senhora Ford e amiga próxima de ambas as comadres. Ela escuta as confidências e oferece conselhos. Ela promete a Slender que ele será o noivo dela. Mas ela joga de todos os lados.  Ela diz para todos que todos são os favoritos. Até que surge Fenton, um jovem nobre que também se coloca como pretendente.

Fenton: Será que eu vou ter sucesso? Será que não será em vão a corte?

Quickly: na verdade, senhor; tudo está nas mãos Dele lá no céu; mas apesar disso, Mestre Fenton, eu juro em qualquer livro que ela o ama, o senhor não tem uma verruga acima de um olho?

Fenton: Ora essa, tenho; e daí?

 Quickly: Ora, daí toda uma história. Palavra, é uma Nan tão especial perjuro uma das donzelas mais honestas que vivem; nós falamos uma hora sobre essa verruga... Nunca rio tanto quanto na companhia dessa moça... mas, na verdade, ela é dada a muita alicolia e pensação; mas quanto ao senhor...agora chega.

Fenton: Bom , eu hei de vê-la hoje. Eis aqui um dinheiro para você; não deixe de falar a meu favor; se a vir antes de mim recomende-me.”

Quickly: E não? Claro que sim; e vou falar ao senhor muito mais sobre verruga na próxima vez que conversarmos; e dos outros apaixonados também.

Fenton: Bem, adeus. Estou com muita pressa agora.

Quickly: É o senhor passe bem ( sai Fenton) Palavra que é um cavalheiro honesto... porém Anne não o ama, pois eu sei tão bem o que ela pensa quanto qualquer um. Ora essa o que foi que esqueci? ( sai)” ( pág678)

A Senhora Ford e a Senhora Page são amigas de fé e inseparáveis, elas são as “alegres comadres de Windsor”. Elas recebem a carta de Falstaff. A Sra. Ford e a Sra. Page se encontram e, ao comparar as cartas, percebem que são idênticas. Elas ficam indignadas com a audácia de Fallstaff e decidem se vingar dele. Elas planejam humilhá-lo publicamente.

“Comadre Page: “... Vamos nos vingar dele: vamos marcar um encontro, fingir que rebemos bem sua corte, mas sem deixar que morda a isca até que já tenha empenhado seus cavalos com o dono da hospedaria.

 Madame Ford: Isso mesmo; eu concordo em armar qualquer vilania contra ele desde que  manche a pureza de nossa honestidade. Se meu marido visse esta carta, tinha alimento eterno para os seus ciúmes.” ( pág. 681)

Falstaff recebe uma mensagem da Sra. Ford convidando-o para um encontro em sua casa enquanto seu marido está ausente. Falstaff está exultante, acreditando que seu plano está indo de vento em popa. Ele se prepara para o encontro sem saber que está prestes a cair numa armadilha.

Pistol e Nym, os ex-cupinchas de Falstaff, haviam contado para os maridos separadamente que Falstaff está perseguindo suas esposas.

O ciumento Ford (marido de Madame Ford), desconfiado que sua esposa o está traindo, decide pegá-la em sua infidelidade. Ele se disfarça de um homem chamado Brooks, procura Falstaff e declara seu amor pela senhora Ford. Ele suborna Falstaff. O objetivo dele é pegar a própria mulher na traição:

“Falstaff: Mestre Brook primeiro, eu hei de aproveitar o seu dinheiro; a seguir dê-me sua mão; e por último, por minha condição de cavalheiro, o senhor há de gozar, se o quiser da mulher de Ford.

Ford: Meu bom senhor

Falstaff: Garanto que há

Ford: Não lhe faltará dinheiro. Sir John não lhe faltará.

 Falstaff: Não lhe faltará a comadre Ford, mestre Brook; não lhe faltará nada...” (pág 695)

Falstaff concorda antes de revelar que uma reunião com sua esposa está marcada. Ele sai. Isso deixa o Sr. Ford mais irritado com a sua própria esposa.

“Ford: Mas que devasso e safado é esse? Meu coração está estourando de impaciência. Quem diz que isto seja ciúme sem sentido? Minha mulher se comunicou com ele, marcou a hora, o encontro está firmado. Que homem espera isso? Conhecer o inferno de uma mulher falsa... “ ( pág. 696)

Ford, disfarçado de Brooks, dá a Falsfatt um dinheiro e confessa que se apaixonou pela Sra. Ford, mas que a fidelidade conjugal dela o desanima. Ele, portanto, pede a Falstaff que a seduza para que ele – Brook – possa pegá-la em adultério. Falstaff aceita o acordo: ele conta a Brooks sobre seu encontro com a Sra. Ford naquela mesma manhã e deixa Ford louco.

Falstaff chega à casa da Sra. Ford esperando um encontro romântico. As duas, Sra. Ford e Sra. Page, rapidamente colocam o seu plano em ação. Elas blefaram dizendo que o marido da Sra. Ford voltou inesperadamente para casa e escondem Falstaff em uma cesta de roupa suja. Até que chega o Sr. Ford com os olhos envenenados pelo ciúme  e começa a procurar pela casa, convencido de que encontrará o amante escondido.

A presença de Robin, o mensageiro de Falstaff, para o Sr. Ford, confirma a traição de sua mulher, Sra. Ford. Ele propõe desmascarar Falstaff e punir sua esposa de uma só vez. Ele começa a vasculhar pela casa.

“Ford: Mas que devasso maldito e safado é esse? Meu coração está estourando de impaciência. Quem diz que isso é ciúme sem sentido? Minha mulher se comunicou com ele, marcou hora, o encontro firmado. Que home espera isso? Conhecer o inferno de uma mulher falsa meu leito será abusado, meus cofres saqueados minha reputação corroída, e eu não vou sofrer tais ofensa abomináveis, como sendo rotulado de termos mais vis, e ainda pelo home  que me ofende....”( pág696)

Nesse momento Shallow e Slender vão visitar o Sr. Page. Ele diz que prefere Slender como genro, enquanto sua esposa prefere o doutor Caius. Todos têm algo em comum, eles rejeitam Fenton como pretendente.

Enquanto isso, Falstaff está dentro de uma cesta de roupa suja na casa dos Fords, e as comadres pedem que os servos o joguem no rio Tâmisa.

Anne Page e Fenton começam a ter encontros furtivos. Ela tenta fazer com que ele faça amizade com o seu pai:

“Anne: Gentil mestre Fenton. Procure sempre a afeição de meu pai. Se a oportunidade e corte humilde. Não a conseguem, bem... Cuidado, alerta!” (pág. 720) ( eles conversam afastados. Entram Shalow, Slender e Madame Quickly)

Slender aparece, mas fica tímido. Anne Page conversa com ele e o deixa falar, pergunta quais são as intenções dele, e ele responde:

“Slender: Na verdade, de minha parte, quero pouco ou nada comigo. Seu pai e meu tio fizeram tratativas. Se for para minha parte, que seja, se não for que cada um dê graças pelo que lhe cabe! Eles podem dizer como estão as coisas, melhor do que eu. A senhora pode perguntar o seu pai que vem aí. Pag722) ( entram Page e a Sra. Page)

Slender, a partir de sua resposta, diz que ele próprio não tem intenção alguma, mas todos dizem que ele deveria se casar com Anne.

Falstaff lamenta ter sido jogado no rio Tâmisa, ele chama Bardolph:

 “Falstaff: Vá me buscar um litro de xerez, ponha uma torrada dentro. Será que vivi para ser carregado em uma cesta como um carrinho de restos de açougue e, atirado no Tâmisa? Se eu cair em outro ardil desses, quero que me cérebro seja arrancado, passado a manteiga e dado a um cachorro de presente de Ano-Novo...” ( pág. 724)

A Sra. Ford manda a governanta Quickly conversar com Falstaff, enviando uma mensagem de desculpas. Falstaff manda ela às favas. Mas Quicky o convence a ouvir o que ela tem a dizer:

“Quickly: E ela está tão triste, que seu coração ia doer só de ver. O marido vai cassar pássaros esta manhã; e ela peça que a venha ver às oito  e as nove. Tenho de avisá-la logo; tenho a certeza de que ela irá recompensá-lo.

Falstaff: Está bem, irei visita-la; pode dizer para ela. E peça-lhe que reflita sobre que é um homem; que ela considere a fragilidade dele, e a partir daí então julgue os meus méritos.”

Quickly: Vou dizer tudo.” (pág. 725;  pág. 726)

Aparece o mestre Brook, que na verdade é o Sr. Ford disfarçado. Falstaff conta como havia sido sua fuga da lavanderia:

Falstaff: Não mestre Brook, mas o metido do cornuto marido dela, mestre Brook, que ive tomado por acesso de ciúmes, entrou no momento do nosso encontro, depois de termos nos abraçado, beijado trocado promessas e, por assim dizer representado todo o prólogo da nossa comédia; e atrás dele uma turba de companheiros, levados até lá pela provocação e instigação dos ataques dele para, verdade, darem busca a procura do amante da mulher.

Ford: O que, enquanto eu estava lá?

Falstaff: Enquanto eu estava lá.

 Ford: E o procuraram e não conseguiram encontrar?

Falstaff: Por sorte apareceu uma tal comadre Page, que a avisou da chegada de Ford, e com invenção dela e desespero da mulher de Ford, me meteram dentro de uma cesta de roupa...”( pág727)

E, para piorar a situação, Falstaff conta para o Sr. Ford sobre o convite recebido pela Sra. Ford para aparecer em sua casa entre oito e nove:

 “Falstaff: Mestre Brook, quero que me atirem no Etna, como se atiraram no Tâmisa, antes de eu abandonar assim. O marido vai caçar passarinho hoje de manhã, recebi dela uma embaixada pedindo encontro. Entre oito e nove, é a hora mestre Brook.” ( pág. 728)

Falstaff visita a Sra. Ford de novo, e mais uma vez a Sra. Page chega e mais uma vez o manda se esconder:

“Falstaff: Então eu vou sair.

Comadre Page: Se sair com seu próprio aspecto, morre, Sir John – a não ser que saia disfarçado

Comadre Ford: Podemos disfarçá-lo?

Comadre Page: Ai, ai, eu que é não sei: não há roupa de mulher que caiba nele, de outro modo poderia escapar com um chapéu, um véu, um xale e escapar.

Falstaff: Minhas queridas, inventem alguma coisa: qualquer recurso extremo é melhor do que a desgraça.

Comadre Ford: A tia da minha empregada, aquela mulher gorda de Brainsford, deixou um vestido lá em cima

Comadre Ford: E palavra que serve nele. Ela é assim do mesmo tamanho, e ela deixou aquele chapéu amassado e o xale também. Suba depressa, Sir John

Comadre Ford: Vá logo Sir John: a comadre Page e eu arranjaremos alguma outra coisa para a sua cabeça.” (pág. 736; pág737)

Dessa vez, ao invés de enviá-lo ao Tâmisa num cesto de roupa suja, elas disfarçam Falstaff como a velha de Brainford, uma bruxa de renome que Ford despreza. Ele chega com um bando de testemunha e vasculha a roupa em busca de Fallstaff; então, em um acesso de fúria, ele expulsa a “velha” de casa, espancando-a sem piedade:

 “Ford: Uma bruxa, uma rameira, uma cafetina intrigante! Não proibi que ela entrasse em minha casa? Ela faz de leva e atrás, não é? Somos apenas homens não sabemos o que é levado e trazido com o nome de cartomante. Ela trabalha com encantos e feitiçarias, enigmas e bruxaria que desconhecemos. Desça aqui, sua bruxa, sua megera desça já aqui!” (pág. 740)

Ford começa a revistar a casa mais uma vez e, em sua ausência, a procura de evidências da infidelidade de sua esposa, mas novamente em vão. As esposas decidem contar aos maridos a verdade sobre a trama delas contra Falstaff para que os quatros possam testemunhar outra rodada de impostura.

“Comadre Ford: E contamos aos nossos maridos o que fizemos com ele?”( pág. 742)

Quando Ford soube que Falstaff havia mandado para as duas (Sra. Ford e Sra. Page) a mesma carta, ele caiu em si:

“Ford: Perdão mulher. E aja livremente. Prefiro suspeitar o sol de frio, que você de devassa. A sua honra parecerá a quem já foi herege; tão firme quanto a fé.” (pág 743)

 O cerco está se formando contra Falstaff.

“Comadre Page: O plano é o seguinte: a minha filha Nan e o meu filhinho e mais três ou quatro, nos vestimos, qual fada ou diabrete, em verde e branco. Com coroas de velas nas cabeças, e matracas nas mãos: e de repente quando nós duas encontrarmos Falstaff; eles saltam de um banco e vem correndo cantando a muitas vozes; mal os vemos, e nós duas fingimos espantadas. Os outros fazem roda em volta dele, como fadas beliscam o calhorda, perguntando porque aquela hora Santas para as fadas, ousa ele pisar com tal aspecto.

 Comadre Ford: e até que ele confesse, que as falsas fadas fiquem beliscando e o queimem com velas.

Comadre Page: Com a verdade, nos mostramos, pra deschifrar o espírito. E caçoarmos dele até Windsor.” (pág 744; pág. 745)

Os Pages com os Fords, juntamente com Evans, tramam uma conspiração contra Falstaff e planejam uma humilhação pública. A Sra. Page relembra uma velha história sobre um espírito cruel conhecido que visita um determinado carvalho à meia-noite no inverno.

Todos gostam do plano, especialmente Page, que imagina que pode usar a confusão que se seguiu como uma oportunidade para Slender fugir com Anne Page. Ford diz que vai até Falstaff. De novo disfarçado como Brookes para descobrir se ele aceita um terceiro convite da Sra. Ford. Evans sai para preparar as fantasias de fadas. E quem vai se disfarçar? Slender, Anne, Caius e Senhora Quickly, Swallow. E a Sra. Page considera que pode convenientemente fazer com que Caius fuja com Anne quando todos estiverem disfarçados.

Simple, que é servo de Slender, quer ver Falstaff, mas pensa ter visto uma mulher gorda entrando em seu quarto e não quer interromper.

Simple: Por favor, senhor, não era a feiticeira de Brandford?

Falstaff:  Isso mesmo seu boca mole, o que quer com ela? ( pág. 747)

Simple pergunta sobre o seu patrão Slender

Simple: Ora, senhor, não era nada senão sobre a dona Anbe Page, para saber se é o destino de meu amo ficar com ele ou não

Falstaff: Claro que é seu destino

Simple: O quê?

 Falstaff: Ficar com ela ou não. Vá-se embora; conte a ele que foi o que a velha disse.

Simple: Posso ousar a dizer isso, senhor

Falstaff: Pode, sim senhor. E com mais ousadia. (pág. 748)

Falstaff inventa respostas ambíguas que não revelam nada. Até que chega a Sra. Quickly com mais uma mensagem da Sra. Ford e Page, e diz que a Sra. Ford havia sido espancada e está chateada com o infortúnio de Falstaff.

“Quickly: E elas não sofreram? Sim, senhor, eu garanto, em particular que a comadre Ford, aquele bom coração, apanhou tanto que está roxa de alto a baixo, sem se ver um único ponto branco nela ( pág. 750)

Eles conversam, e diz que irá se encontrar com a Sra. Ford, mas espera que as coisas deem certo desta vez. O marido da Sra. Ford chega de novo disfarçado de Brooke, e Falstaff diz a Brooke que as coisas serão decididas naquela noite no parque, perto do carvalho.

“Comadre Ford: Sir John tivemos má sorte; nossos encontros falharam. Jamais tornarei a tê-lo por meu amor, mas hei de conta-lo sempre entre os meus cervos.

 “Falstaf: Começo a perceber que me fizeram de asno

 Ford: e de boi também

Falstaff: Estas não eram fadas? Por três ou quatro vezes pensei que não fossem mas a culpa de minha mente, a surpresa de minha mente, a surpresa de minhas capacidades tornou a grosseria da mascarada na tradição aceita, a despeito de tudo que ia contra a razão, de que elas eram fadas. Vejam como o espírito pode ser feito de idiota, quando a serviço de um mau uso!” ( pág 760)

Brooke pergunta a Falstaff sobre a aventura do dia anterior com a Sra. Ford, mas ele diz que teve que sair vestido de mulher e que o marido da Sra. Ford bateu nela.

Page, Swallow e Slender se preparam para os eventos da noite. Evans leva os querubins e fadas. Todos esperando assustar e zombar de Falstaff naquela noite. Todos estão esperando perto do carvalho.

Falstaff chega ao carvalho com grandes chifres na cabeça. As amantes Ford e Page entram. Flastaff abraça a Sra. Ford e fica encantado com a Sra. Page. Eles ouvem um barulho, as senhoras fogem. Evans entra com todos disfarçados junto com Quickly disfarçada de rainha das fadas e Anne Page disfarçada de fada. Eles começam a falar de magia e do sobrenatural. Falstaff cai no chão e esconde o rosto.

 Quickly começa a falar sobre fadas e poções:

“Quiclky: É corrupto, pecou por desejar! Ataquem, fadas, cantem com desdém; e, saltando vão piscando também. Fora a imaginação pecaminosa fora a luxúria e o desejo. A primeira é a carne fogosa que arde e queima sem pejo, chamas do peito a a galgar que o pensamento faz voar. Dediquem-se fadas em conjunto, sua vilania é o nosso assunto. É beliscar queimar e fazer pular. (durante a canção eles beliscam Fastaff. Por um lado, entra o doutor Caius e rouba uma fada verde, por outro entra Slender e rouba uma de branco, então entra Fenton e leva Anne Page. Ruídos de caçada vêm de fora. As fadas fogem. Falstaff arranca a cabeça de cervo e se levanta. Entram Page e Ford, comadre Page e comadre Ford) ( pág. 759; pág. 760)

Dr. Caius foge com um garoto vestido de branco, e Slender foge com um garoto vestido de verde. Fenton e Anne fogem juntos. Todas as crianças disfarçadas fogem. Falstaff se levanta e tenta fugir, mas Ford, Page e suas esposas aparecem. E testemunham que ele estava tentando seduzir suas esposas. Ford revela que era Brooks e que veio pegar os cavalos dele em troca do dinheiro que lhe foi dado enquanto desempenhava o papel de idiota.

Fico por aqui e indico “As alegres comadres de Windsor”, de William Shakespeare. Não precisa nem dizer: merece um lugar de “HONRA” na sua estante.


Data: 05 junho 2024 | Tags: Teatro, Comédia


< A comédia dos erros Noite de Reis >
As alegres Comadres de Windsor
autor: William Shakespeare
editora: Nova Aguillar
tradutor: Barbara Heliodora

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