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A comédia dos erros

Devo começar dizendo que eu tive muitas dificuldades em ler a peça “ A Comédia dos Erros de William Shakespeare o motivo não deve-se a tradução maravilhosa de Bárbara Heliodora, nem a história em si mesma. Mas a edição, excelente por sinal, ( Nova Aguilar) mas tinha umas letras muito pequenas. A transparência do papel somados ao tamanho da letra foram determinantes para toda essa dificuldade. Como já disse em resenhas anteriores fiz uma operação de descolamento de retina, e desde esse momento eu comecei a ter muitos problemas com determinados tipos de letras na hora da leitura. Mas tirando tudo isso, o resto foi só alegria.

 O texto que introduz a peça de Bárbara Heliodora é maravilhoso, vale a pena a leitura. Definitivamente nos deixa mais inteligentes.

Vamos a história?

“Comedia de Erros”, como o título já diz por si só, trata-se de uma comédia, e  é a primeira obra de Shakespeare. A peça foi apresentada em 28 de dezembro de 1594 como parte das festividades de natal. O enredo baseou-se em trabalhos anteriores. No caso dessa peça em particular, ele escolheu uma das comédias mais respeitadas de Plauto, Menaechmi . Enquanto Plauto teve apenas um par de gêmeos na história dele, Shakespeare tem dois gêmeos; assim, em sua comédia, ele aumenta em grande medida a possibilidade de confusão. O que faz a comédia ser ainda mais engraçada. A comédia foi um sucesso e continua sendo.

A trama era bastante conhecida do público da época. O uso de identidades equivocadas, bem como a confusão de gêmeos fazia parte na tradição teatral ocidental.

 Fazendo um resumo do resumo podemos dizer que a peça começa com um tom melodramático. Um pai que perdeu o filho e uma esposa, e o filho que lhe resta foi em busca de seu irmão gêmeo há muito perdido, e o pai desolado nunca mais ouviu falar nada sobre o filho desaparecido. O pai sai a procura do filho desconhecido, e por acidente, chega a uma cidade em Éfeso, onde os siracusanos não são bem vindos. Se o os siracusanos não puderem pagar a multa, enfrentarão a morte quase certa.

 A peça começa com a explicação de Egeu sobre sua trágica história de como ele e sua esposa Emília foram separados em um naufrágio, cada um com seus filhos gêmeos ( ambos chamados Drómio. Depois que seu filho desapareceu enquanto procurava por seu irmão perdido, Egeu o segue para tentar encontrar sua família. O duque de Siracusa fica com pena dele e dá a Egeu um dia para arrecadar dinheiro para se salvar.

 “Duque: Contai-nos em resumo a causa que vos levou a abandonar a pátria. E o motivo que a Éfeso o trouxe.

 Egeu: Mas dura  pena não podia eu ter do que narrar todo o meu sofrimento: mas pra que o mundo saiba que o meu fim se deveu aos fados e não de alguma ofensa, falarei, se a tanto permitir a dor. Nasci em Siracusa e ali casei com uma mulher que foi feliz comigo, e ainda seria se não fosse o acaso. Com ela fui feliz; e enriquecemos. Por graça das inúmeras viagens que a Epidano eu fazia, até que a morte do meu feitor, e os múltiplos encargos que tive de assumir em meus negócios. Levaram-me para longe de seus braços. Nem bem seis meses eram decorridos, até que ela arfando sob o peso que às mulheres reserva a Natureza. Tendo tecido cuidadosos planos. Seguiu-me, e me encontrou onde eu estava. Fazia pouco que ela ali  chegara. Quando foi mãe de dois meninos lindos. E, o que é estranho eram tão iguais, que só os nomes é que o distinguiam. A mesma hora nessa mesma casa. Uma humilde mulher também foi mãe. De um outro par de gêmeos, também machos. E sendo os pais paupérrimos comprei os dois para servirem meus meninos. Mãe orgulhosa, a minha cara esposa. Sonhava com a volta param o lar; concordei, ai de mim, e bem depressa estávamos no mar.

Bem pouco navegara nosso barco. Antes que o mar escravizado aos ventos. Desse triste sinal do que viria: mas breve não restavam esperanças, pois  a luz que riscava a escuridão mostrava, a nossa mente apavorada. A morte a que estávamos fadados; eu a teria aceito de bom grado não fora o pranto dessa esposa amada, que lamentando o que nos aguardava chorava pelos nossos pobres filhos que, assustados, chorando na inocência, faziam-me esforçar-me por adiá-la. Só isso, pois não via saída. Os marujos fugiram para os botes deixando-nos do barco que afundava. Minha esposa cuidando do caçula atou-o a um mastro que encontrou largado. Juntando a ele um dos outros gêmeos. Fazendo eu mesmo com o outro par. Cuidadas as crianças, ela e eu, de olhos fixos na presença da carga, prendemo -nos ao mastro, a cada ponta; e ao sabor do da corrente flutuamos julgamos que o caminho de Corinto. O sol brilhou enfim sobre a terra. Acabando a tormenta arrasadora. E como se por graça dessa luz acalmaram-se as águas, e nós vimos ao longe dois navios que chegassem – ai! Não posso! Julgar o passado o que viria.

Duque: Continuai, senhor, o que narráveis, senão perdão tereis nossa piedade

Egeu: Se a tivessem os deuses, não julgara, e com razão que sejam impiedosos! Pois quando ainda estavam longe, fomos de encontro a vasto pedregulho, que na violência do terrível choque, quebrou-se em dois a nossa frágil balsa. De modo que em divórcio muito injusto a cada um de nós deu a fortuna. Causa de dor e causa de alegria. A parte dela como se levada por menos peso, mas por dor igual. Tomou, ao vento, mais velocidade. Eu mesmo vi os três sendo levados por pescadores de Corinto, penso. Mais tarde, um outro barco recolheu-nos. E, sabedores de a quem salvavam cercaram de bondade os pobres náufragos. E teriam salvado os outros três não fora a lentidão de suas velas; não fora a lentidão de suas velas; mas assim sendo mantiveram o rumo. Assim fiquei privado da alegria. Assim o acaso preservou-me a vida. Pra que narraste a minha triste história.

Duque:  E pelo amor daqueles que chorais, contai-me agora tudo o que ocorreu a vós e a eles desde aquele tempo.

Egeu: O meu caçula, minha dor mais velha, desde o dia em que fez dezoito anos começou a indagar por seu irmão implorando que o servo – de igual fado, do irmão perdido só retendo o nome – Pudesse acompanha-lo em sua busca: No sonho de rever o outro filho, arrisquei e perdi, o que restava. Há cinco anos dos confins da Grécia, até a Ásia procurado. Na volta, pela costa, vim a Éfeso, sem esperança, mas inconformado de deixar sem visita só recanto. Mas aqui vai findar a minha história; e bem-vinda seria a minha morte. Se me dessem a certeza que eles vivem.

 Duque: Oh, triste Egeu, marcados por fados, para sofrer azares tão terríveis!! Crede que se não fora contra a lei, contra a coroa, o cetro, e a dignidade, aos quais não pode opor-se o governante defenderia eu mesmo a vossa causa estando vós em bora condenado, e não seja a sentença reversível, a não ser com desonra para mim, farei por vós, no entanto, o que é possível dar-vos-ei mercador, todo este dia para encontrardes salvação a vida. Apelai para amigos nesta terra, tomais  a soma por esmola ou préstimo e vivereis, se não, tereis a morte. Guarda este preso está ao teu cuidado

Guarda

: Sim , meu senhor.

 Egeu: Vai, Egeu, sem amigo e sem guarida, apenas adiar o fim da vida.” ( saem ) ( pág26; pág. 27; pág. 28)

 Quando atingiu a maioridade Antífolo de Siracusa ( filho de Egeu) foi autorizado a ir em busca de seu irmão perdido. Na medida que o tempo passava e  ele não mandava notícias, Egeu partiu atrás de seu único filho que restou, e a peça começa quando ficamos sabendo da captura de Egeu.

Como podemos ver o Duque fica comovido com a história de Egeu, mas, infelizmente ele não pode mudar as regras das leis de Éfeso. Numa demonstração de pena concede a Egeu vinte quatro horas para arrecadar o dinheiro para conceder-lhe a vida. Egeu, como vocês viram, não tem a menor esperança de levantar tal quantia.

 Detalhe, ambos os filhos de Egeu  e de sua mulher Emília, chamavam-se, Antífolo. E os outros casais de gêmeos que foram comprados pelo casal para serem servos de seus filhos, ambos  se chamam Drômio que também foram separados no dia do naufrágio. Estamos diante de uma situação inusitada.

Na cena seguinte vemos Antífolo de Siracusa e seu servo Drômio de Siracusa chegando a Éfeso. Antífolo procura o seu irmão perdido há tanto tempo que ele se sente perdido quando diz:

“Antífolo de Siracusa: Quem me deixar minhas alegrias, deixa-me àquilo que não posso ter. Eu sou qual gota d’água que no oceano busca uma outra gota. E ao mergulhar bem fundo na procura (Ainda sempre buscando) se perdeu....”( pág31)

Sem que os seus irmãos  recém chegados saibam, seus irmãos gêmeos moram em Éfeso há anos. Drómio de Éfeso entra e confunde Antífolo de Siracusa com seu mestre. Ele havia dado dinheiro para o Drômio de Siracusa, mas como eram iguais ele toma um susto dizendo

“Drómio de Éfeso: O senhor não me deu dinheiro algum.

Antífolo de Siracusa: Vamos, canalha chega de piadas, onde foi que parou esse dinheiro?” ( pág32)

Drómio de Éfeso nega qualquer recebimento de dinheiro e diz que Antífolo está atrasado e sua esposa Adriana a espera junto com a sua irmã Luciana. Confuso Antífono de Siracusda nega ser casado. Antífolo está certo que ele havia perdido o dinheiro no Centauro ( uma espécie de pub inglês).

 Na casa de Antífolo de Éfeso, sua esposa Adriana e sua irmã Luciana se perguntam porque Antífolo não voltou para casa. Adriana fica cada vez mais impaciente enquanto Luciana insiste em dizer que os homens têm mais liberdade para fazer o que quiserem. Adriana lamenta a liberdade dos homens, enquanto Luciana tem opiniões mais subservientes sobre o casamento.

 Até que chega Drómio de Éfeso volta para casa com a notícia de que seu mestre não o seguiria, nem admitiria que ele tem uma esposa. Isso enfurece Adriana quando Drómio de Éfeso diz:

 Drómio de Éfeso: Disse o patrão. E ainda disse mais:” não conheço nem casa nem patroa”... (pág. 37)

Ela está convencida de que o marido se encontra com outras mulheres e as notícias de Drómio parecem confirmar isso.

 Quando Antífolo se dirige em direção ao Centauro  ( uma espécie de bar) ele está convencido de que é seguro pois ele encontra com Drómio de Siracusa que nega estar brincando com seu mestre a respeito de sua esposa e sobre o jantar.

Só que Drómio de Siracusa não esperava que Adriana ( esposa de Drómio de Éfeso aparece). Pelo grau de semelhança Adriana pensa que ele era o seu marido:

“ Adriana: Pode ficar olhando assim com fúria, os olhares amáveis são para as outras. Eu não sou Adriana sua esposa. Bem me lembro do tempo em que jurava que não havia musica na voz. Nem beleza no objeto, nem prazer no carinho da mão, e nem deleite no mais doce de todos os manjares. Que de mim não viesse para você. Como acontece agora, meu marido. Que a si mesmo se torne estranho? Digo a si mesmo , pois tornou-se estranho a mim que, indivisível integrada, sou o melhor que o melhor de você mesmo. Por favor não se afaste assim de mim, pois saiba meu amor, que é tão difícil pingar uma gota d’água em meio ao golfo e tornar a tirar de onde estava...” ( pág. 44)

Quando ouve essa declaração Antífolo de Siracusa toma um susto, e diz que nunca a conheceu antes. Nessa altura Dòmio de Siracusa acha que essas mulheres são bruxas.

Drômio de Siracusa: Mas que loucura! Que angu de caroço! Esta terra parece enfeitiçada? Não sei se isso é demônio ou se isso é fada! Se eu vou logo, vai dar nisso! E eu não quero brincadeira com feitiço! ( pág. 46)

A confusão está formada e fica ainda mais quando conhecemos Antífolo de Éfeso que chega em sua casa com seu servo, Drómio de Éfeso. Ele pede aos amigos Ângelo e Baltazar inventarem uma desculpa por ele ter ficado tanto tempo fora de casa. Ele tenta entrar, mas Drómio de Siracusa está do outro lado da porta e recusa. Eles não sabem que estão conversando com o irmão gêmeo. Eles trocam insultos:

“Antífolo de Éfeso: Quem me impede de entrar na minha casa?

Drómio de Siracusa ( de dentro): Eu Drómio sou o porteiro da casa.

Drómio de Éfeso: Vilão, me tirou o emprego e o nome. Só serve pra fazê-lo passar fome. O Drómio que está aqui nesse momento. Só conseguiu que o chamem de jumento.” (pág. 50)

Drómio chama os criados para que deixem entrar , mas Drómio de Siracusa está do outro lado da porta e recusa. Eles não sabem que estão conversando com os seus próprios irmãos. Lucia, a empregada acha que seu patrão já está jantando, então manda eles irem embora. Sua esposa se recusa a deixa-lo entrar:

“Antífolo de Éfeso: A minha esposa! Quer abrir agora?

Adriana: Eu, sua esposa? Pode ir dando o fora! ( pág51)

Antífolo ameaça arrombar sua própria porta, mas Baltasar o dissuade dizendo:

“Baltasar: Senhor, o que é isso? Tenha paciência! Assim, seu nome entrar em jogo, e mesmo provocar suspeita. Em torna da virtude de sua esposa. A certeza que tem de seu caráter, de sua honra modéstia e dignidade, nos fala de razões desconhecidas. E não duvido que ela explicará a razão de negar-lhe agora a porta. Aceite meu conselho: venha embora vamos todos ao Tigre, pra cear, e mais tarde o senhor volta sozinho, para ter a explicação deste imprevisto. Se insiste em entrar à força neste instante, a luz do dia, quando há gente à volta não faltará a quem faça comentários; e a calúnia que o povo logo cria, contra um nome tão limpo como o seu. Poderá, uma vez iniciada, manchá-lo até mesmo após a morte, pois a injúria cresce com o tempo. E nunca perde o campo que conquista.” ( pág. 53)

Luciana se esforça para convencer Antífolo de Siracusa ( que ela acredita ser Antífolo de Éfeso) a confortar Adriana que está muito chateada:

“Luciana: Por que anda esquecido dos deveres, de marido? Ouve bem cara cunhado, em plena primavera dos amores. Acaso já se encontra o seu fanado? Se casou só por causa do dinheiro, pela mesma razão tenha cuidado, ou, se atrair, que seja mais discreto. Mascare o falso amor com certo zelo. Não deixe que ela o veja nos seus olhos. Não proclame você a sua culpa. Mostre-se terno, fale com doçura. Dê ao vício a aparência de virtude. Dê a o pecado um ar de santidade. Seja falso em segredo, sem magoá-la. Que ladrão vai gabar-se de seus furtos? É um erro duplo atraiçoar o leito. E deixar que ela o veja, quando à mesa. A vergonha encoberta o seu bom nome. Os atos maus dobram co’as más palavras. Pobre de nós mulheres! Sendo crédulas. Só pedimos que finjam que nos amam. Aceitamos o aspecto pela essência. A nossa vida é feita por vocês. Volte para casa , pois gentil irmão; conforte a minha irmã, chame-a de querida, quem mente até merece louvação. Quando a lisonja cura uma ferida. ( pág54)

No momento em que ela está praticamente implorando a ele, Antífolo de Siracusa se apaixona por ela. Ele nega a conhecer Adriana, mas confessa seus sentimentos por Luciana com paixão e convicção:

“Antífolo de Siracusa:”... Cante para si mesma, que eu me rendo; nas ondas desses seus cabelos. Estou pronto a mergulhar e a me entregar. Pois sei que ali é feliz, eu julgarei que é bom morrer, quando se morre assim. Deixe que o amor, que é luz se afogue nele.”

Luciana: Suas palavras são de um tresloucado

Antífolo de Siracusa: Não sei; só sei que estou apaixonado.” ( pág. 55)

Luciana vai procurar a irmã. Drómio de Siracusa entra correndo aterrorizado, enquanto a empregada da cozinha chamada Norma:

 “Drómio de Siracusa: Norma porque é enorme.

Antífolo de Siracusa: quer dizer que é um pouco larga?

Drómio de Siracusa: Dos pés a cabeça mede o mesmo que de um lado a outro; é esférica como um globo. Ela é toda coberta de países.” ( pág. 58)

E para piorar Norma diz  a Drómio qu é esposa dele. Mestre e servo decidem que Éfeso está cheio de bruxaria. Antífolo diz a Drómio para fazer as malas e partir o mais rápido possível.

“Antífolo de Siracusa: Nesta cidade só existem bruxos. É melhor ir embora de uma vez. A que me chama de marido , odeio. Com toda a alma, mas a linda irmã. Cheia de tanta graça soberana. De presença tão doce e encantadora, quase me fez querer mudar de vida. Antes que eu caia em sua linda teia é melhor não ouvir mais a sereia.” ( pág. 59)

 Mas no momento em que eles resolvem a sair fora de Éfeso chega Ãngelo o ourives, ele dá a corrente de ouro para Antífolo de Siracusa, ou seja, o Antífolo errado, que não sabe o que fazer.

Enquanto isso Antífolo de Éfeso voltam, e pede para que Drómio apanhe uma corda para açoitar Adriana. Ele vê Ângelo ( o ourives) e pergunta pela corrente. Ângelo pensa que ele está brincando e apresenta a conta:

“Antifolo de Éfeso: Pagar-lhe, eu? Por que devo pagar-lhe?

Ângelo: É a soma que me deve do colar

Antífolo de Éfeso: Sem o colar eu não lhe devo nada

Ângelo: Mas eu lho dei, faz mais de meia hora

Antífolo de Éfeso: Não deu é incorreto caluniar-me

Ângelo: Mas incorreto é ainda querer negar. Já viu que seu bom nome está em jogo.” ( pág. 63; pág. 64)

Os dois discutem e Drômio de Éfeso é preso na rua. E quem aparece? Para complicar ainda mais a situação, Dómio de Siracusa que chega para dizer que encontrou um lugar a bordo em um navio, só que ele está falando com Drómio errado. Antífolo de Éfeso não sabe de nada sobre nenhum navio e pergunta onde está a corda:

 “Antífolo de Éfeso:  Está louco seu cabeça de galinha? Que barco para Epidamo é esse agora?

Drômio de Éfeso: O que o senhor mandou que eu contratasse.

Drômio de Siracusa: Corda? Vai ver que é pra me enforcar.” ( (pág. 65)

Antífolo manda Drômio confuso buscar o dinheiro da fiança de Adriana para casa:

“Drômio de Siracusa: Adriana! Foi lá que nós comemos, com a bruxa que me chamou de marido!...”( pág65)

Enquanto isso Antífolo de Éfeso anda nas ruas e percebe algo estranho, todos na rua cumprimentam ele como se o conhecessem. Ele mais do que nunca acredita agora que esse lugar é estranho:

 “Antífolo de Siracusa: Todos me cumprimentam quando eu passo; parece que todos me conhecem; eu não sei como, sabem o meu nome. Convidam para as festas, dão dinheiro, agradecem favores que prestei, e me oferecem coisas para comprar. Inda agora encontrei um alfaiate cheio de sedas que comprou para mim. E ainda me mediu  de alto a baixo. Na certa tudo isso é uma armadilha. E este é o reino da feitiçaria” ( pág. 69)

Drômio de Siracusa entra com o dinheiro da fiança, e fica atônito em ver que Antífolo ( de Éfeso) está livre. Antífolo( de Siracusa) pergunta se ele encontrou o navio  para partirem. Drômio diz que já havia contado isso a ele e Antífolo acha que eles estão enlouquecendo:

“Antífolo de Siracusa: Agora deixa de bobagem; há algum barco a sair hoje? Podemos embarcar?

Drômio de Siracusa: Meu amo, pois eu não lhe disse, faz uma hora, que sai hoje o Expedição e o oficial não disse que era melhor para o senhor a detenção? Mas aqui estão os espirros bons capaz de salvá-lo.

Antifolo de Siracusa: Mas o homem está louco e eu também! Aqui tudo parece pesadelo! Só espero que eu consiga sair desta!” ( pág 70)

Surge a cortesã e, acreditando que Antífolo de Siracusa seja Antífolo de Éfeso pede a corrente que ele prometeu a ela em troca de um anel que ela lhe deu. Pensando que  que ela é uma bruxa:

“Antífolo de Siracusa: Vai bem ora monstro! Quer cear o que? Não quero nada de feitiçarias. Faça o favor de me deixar em paz!

Cortesã: É só me dar o anel, ou dar-me esse colar por meu brilhante, que eu vou o mais  depressa que eu puder.

Drômio de Siracusa: Já vi muito diabo querer unha, gota de sangue, fio de cabelo, caroço de cereja e roupa usada; mas joias, nunca ! Essa diaba é esperta! Amo cuidado, se o senhor der para ela, vai preso nas correntes pros infernos.

Cortesã: Ou me entrega o colar ou então, o anel: Não vai querer bancar o vigarista” ( pág71)

A cortesã vai contar a Adriana que seu marido enlouqueceu e roubou dela. Adriana e Luciana chegam com a cortesã e o Doutor, que é um mágico. Adriana pede ao doutor para que seu marido recupere o sentido novamente. Quando o doutor tenta exorcizá-lo. Antífolo de Éfeso fica violento e começa a acreditar que sua esposa causou deliberadamente a confusão

Doutor: Espíritos que moram neste homem! Cedei às minhas preces sacrossantas! Voltei as vossas covas nos infernos! Eu vos conjuro! Pelo céu! Deixai-o!

“Antífolo de Éfeso: Cala a boca imbecil! Eu não estou louco!

Adriana: quem dera que assim fosse o meu marido!]

Antífolo de Éfeso: ¡Leviana! Então são estes os seus maridos? Foi essa coisa rota e desbotada que se fartou à minha mesa hoje, com as portas bem trancadas pra ocultá-lo. E para me barrar em casa?

Adriana: Marido, pois não almoçamos juntos? Por que não fica em casa, como deve e evita essa vergonha e esses escândalos.? ( pág. 74; pág75)

Antífolo de Éfeso fica violento e começa a acreditar que sua esposa causou deliberadamente a confusão. Adriana deixa o Doutor levar o seu marido para casa e concorda em pagar as dívidas.

“Antífolo de Éfeso: Você é que me mente, qual rameira e ainda se liga a essa corja infame, para insulltar-me desta forma baixa! Hei de arrancar-lhe os olhos com estes dedos pra que não veja a farsa que forjou.

 Adriana: Amarrem-no! Socorro! Quem me ajuda? ( entram três ou quatro e tentam agarrá-lo. Ele luta.)

Doutor: Está tomado por espíritos fortíssimos!

Luciana: Coitado! Nunca o vi assim tão pálido!

Antífolo de Éfeso: Mas querem me matar? Como é , o guarda eu não estou preso, então porque permite que me levem os outros?

Oficial: O preso é meu; ninguém pode levá-lo

Doutor: Então vamos pegar o outro louco. ( tentam prender Drómio)”( pag 77)

Todos presumem que escaparam Antífolo de Siracusa manda Drômio buscar as coisas deles; eles partirão de Éfeso naquela noite.

Ângelo (o ourives) vê Antífolo de Siracusa usando a corrente de ouro e exige o seu dinheiro pensando que ele é Antífoso de Éfeso. Enquanto discute, Adriana entra e avisa a Ângelo que o marido enlouqueceu. Eles perseguem Antífolo e Drômio de Siracusa que se abrigam em uma abadia.

A Abadessa responsável pela abadia pergunta o que está acontecendo. É quando aparece Adriana que tenta explicar, a Abadessa ouve e tenta buscar saídas, mas ao ouvir que Adriana não seguiu as soluções traçadas por ela, acusa Adriana de enlouquecer o marido com seus ciúmes.

Abadessa: Então foi isso que o enlouqueceu, a língua de uma esposa enciumada tem mais veneno que a de uma cobra. Pelo que vejo, o homem não dormia. Não há cabeça que resista a isso. Diz-me que à mesa não lhe dava paz. Comer assim só traz indigestão; e dela nasce a febre que alucina. Pois o que é febre, se não loucura? Confessa que o irritava sem cessar; mas se um homem não pode divertir-se vai no caminho da melancolia. A qual, num passo chega ao desespero. Atrás do qual, em bando chegará tudo que amarga e prejudica a vida. O sono, a mesa, a vida sem repouso, enlouquecem o homem e o animal. O seu ciúme é que causou o dano. Deixando louco o seu marido humano.” ( pág. 84)

A Abadessa acusa Adriana de enlouquecer o marido com seus ciúmes. Luciana tenta defender a irmã , mas Adriana diz que a Abadessa pode ter razão:

“Adriana: Darei ao meu marido o meu cuidado; quero assisti-lo, que é do meu dever. Não quero ver ninguém no meu lugar; é por isso que peço para levá-lo.”(pag85)

Abadessa não deixa Adriana ver o marido e discutem sobre quem pode cuidar melhor dele. Luciana manda Adriana reclamar com o Duque, que está a caminho para supervisionar a execução de  um comerciante chamado Egeu. O Duque pergunta vai ajudar o comerciante Egeu a pagar a multa de Egeu, Adriana pede que ele ajude o marido e ele concorda.

 Um servo chega com a notícia de que Antífolo e Drómio escaparam da prisão:

“Servo: Salve-se quem puder, minha patroa! Tornaram a fugir os dois malucos! Bateram nas criadas e amarraram. O tal doutor queimando a barba dele. Depois jogaram água pra apagar. E cobriram ele todo de imundice. O patrão só dizia: “ Fique calmo! “. Enquanto Drómio esperava o coitado. Eu acho que eles vão matar o homem!” ( pág. 88)

Confusa Adriana diz que o marido está na abadia. Antífolo e Drómio de Éfeso entram e Antífolo pede ao duque que castigue sua esposa e aqueles que o maltrataram.

 Egeu que já estava se preparando para  ser morto, vê o filho que criou e fica arrasado quando Antífolo não o reconhece:

“Egeu:  Faz sete anos que em Siracusa. Nos separamos – você não se lembra? Talvez sinta vergonha de eu estar preso.

 Antífolo de Éfeso: O duque e toda gente da cidade, podem testemunhar o que lhe digo. Nunca vi Siracusa em minha vida”. ( pág. 93)

 É nesse momento que a Abadessa conduz Antífolo e Drómio de Siracusa para fora da Abadia. Todos encontram-se abismado pela semelhança ao verem os dois pares de gêmeos é quando a Abadessa diz:

“Abadessa: Não sei por quê, mas eu o soltarei. Com o que recupero o meu marido. Pois não era você, meu velho Egeu quem teve outrora Emília por mulher, aquela que lhe deu dois lindos filhos? Fale comigo, pois eu sou Emília.

Duque: Vai ter, portanto um fim esta história: este dois, tão iguais, são os Antífolos, e ali estão os Drómios, tão iguais. E pelo os dois relatos do naufrágio vemos que estes são os tristes pais, que o acaso reuniu neste lugar” ( pág. 94)

Emília reconhece Egeu como seu marido e os dois se reencontram, Antífolo de Éfeso se oferece para pagar a  multa de Egeu e finalmente a família se reúne. Antífolo de Siracusa espera que ele e Luciana possam se casar. A peça termina com os Drómio gêmeos entrando juntos na festa oferecida por Adriana .

E todos os erros acabam e o final é feliz. Indico a “A Comédia dos Erros”  de William Shakespeare com toda a tranquilidade do mundo. Um livro que merece um lugar de “HONRA” na sua estante.


Data: 21 maio 2024 | Tags: Teatro, Comédia


< Muito Barulho por nada As alegres Comadres de Windsor >
A comédia dos erros
autor: William Shakespeare
editora: Nova Aguillar
tradutor: Bárbara Heliodora

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