Livros > Resenhas

Agamêmnon

Segundo a mitologia grega, a guerra de Troia começou como consequência de Páris, um príncipe troiano, roubar Helena, que era casada com o rei grego Menelau. O irmão de Menelau, Agamenon, liderou uma frota com tropas a Troia para vingar o rapto de Páris, e o cerco seguinte durou dez anos. A peça começa no momento em que a Guerra de Troia termina. Mas na época em que a peça foi encenada pela primeira vez, a Guerra de Troia ainda não havia ocorrida – a Guerra de Troia ocorreu quase mil anos depois.

A peça começa com um guarda de pé no telhado do palácio de Agamenon em Argos. Ele conta que Clitemnestra lhe ordenou que vigiasse todas as noites a luz de uma série de fogueiras que sinalizariam a queda de Troia.

“Guarda: Aos deuses peço o fim de minhas penas, frutos de longos anos de vigia, acocorado - um cão! – no teto atreu. Sei de cor o concílio estelário, dinas tias de luz fulgindo no éter, fonte de gelo e ardor ao homem, quando em seu giro, perecem e renascem. Busco o sinal da tocha, brilho ígneo que nos transmitirá a voz de ìlion, tão logo caia. Uma mulher me ordena esperançosa coração-viril. E quando ao leito vésper-tormentoso e úmido, sem sonhar, pois, a fobia do medo ronda-me em lugar do sono e impede o pouso de Hipnos sobre a pálpebra; quando quero cantar ou murmurar um som, cuja incisão cure o torpor, choro e deploro a sorte má do paço, outrora referência em diligência. Que a sorte benfazeja anule a pena! O mensageiro bom inflama o breu!

Ó lâmpada noturna! Luz diurna a luz! O evento logo se traduz na profusão de coros dançarinos. Ah! A esposa de Agamêmnon dou um nítido sinal: sus! Ulule pela casa em prol do lampadário, jubilosa, que a cidadela de Ílion foi tomada, conforme o archote anunciador aclara. Eu mesmo preludio o coro e danço. Aos reis o dado cai do lado certo; a flama para mim é triplo seis. Permitiam-me estreitar em minhas mãos a cara mão do rei, tão logo torne. O resto calo: um mega boi percorre a minha glote. Assim diria o paço com voz: me apraz falar ao sábio, mas quando quem chega é parvo e nada falo.” (pág. 23; pág. 24)

 

O guarda cumpriu fielmente esse dever por vários anos. De repente, ele observa um farol queimado à distância e percebe que a guerra acabou. O guarda fica excitado por um momento com o pensamento feliz de que sua longa vigília terminou e que seu rei finalmente voltará, mas um sentimento de melancolia o invade. Ele não conta o seu pressentimento, mas observa que as paredes do palácio poderiam contar a história se pudessem falar. O guarda permanece em silêncio.

Seu humor muda abruptamente quando ele deseja o retorno seguro de Agamenon, e ele insinua a sensação de algumas atividades misteriosas e sinistras que ocorreram no palácio, mas ele se recusa a dizer: “um mega boi percorre a minha glote”.

 O Coro, formado por anciãos de Argos, velhos demais para lutar na Guerra de Troia, entram em cena. Eles explicam que a guerra é um ato de vingança. Agamenon e seu irmão Menelau levantam um exército de todas as cidades da Grécia e o lideraram contra Troia dez anos atrás, para se vingar do príncipe troiano Páris por roubar de Menelau a esposa Helena.

O coro entra em cena e explica que, durante a guerra de Troia, a deusa Ártemis havia enviado fortes ventos para atrasar a chegada da frota de Agamenon a Troia.

“Coro: ...E então o sênior hegêmone nos navios Aqueus, sem menoscabo de outro áugure conspirando com os golpes do acaso, quando o antinavegar esvazia-estômago acabrunhava a turba grega, paralisada à Cálcida, na encosta áulida onde as águas fluem e refluem; ventos originários de Etrimon, tardomalignos, alastra-inanição, antiancoragem, desnorteiam os homens, inclementes com amarras e barcos, redesdobrando o tempo, consumindo, pela fadiga, a flor argiva. E quando o vate expôs opção distinta e mais acídula aos líderes para a intempérie cruel. Aludindo a Ártemis os atridas pulsando o cetro ao solo, choraram. Falou o príncipe sênior: “Pesa o fardo se há recusa pesa igual se destroço a filha – gala do solar! – enodoando as mãos paternas ante o altar, em fluxo rubrovirginais. Há alternativas para o mal? Viro em deserda-navio e frustro sócios? Têmis, a Lei, avaliza o desejo de fúria hiperfuriosa por sacrifício por sacrifício que apazigue o vórtice e o sangue virginal. Que o sumo assome...” (pág. 32; pág. 33)

 

A fim de apaziguar Ártemis, o profeta do exército sugeriu que Agamenon sacrificasse a filha dele e de Clitemnestra, Ifigênia, e Agamenon o fez. O coro termina lembrando-nos de que esses eventos do passado, assim como os que virão, foram predeterminados. Mas, quando Clitemnestra entra, eles expressam esperança de que os próximos eventos sejam bons.

Clitemnestra descreve ao Coro o sistema de sinalizadores de fogo usado para transmitir a notícia a Argos, e então passa a relatar o que ouviu sobre a situação de Troia. Ela explica que, enquanto os troianos estão em caótico e doloroso estado de luto, o exército de Agamenon está aproveitando os despojos da guerra. Ela espera que o saque do exército grego não os faça perecer desfavoráveis aos olhos dos deuses e reza por seu retorno seguro. Ela continua dizendo que, mesmo que o exército consiga retornar sem ofender os deuses, eles devem tomar cuidado extra, porque o desastre pode acontecer a qualquer momento. Quando ela sai, o Coro agradece por falar como um sábio e se prepara para rezar.

Clitemnestra: No dia de hoje aqueus dominam Troia. Creio ouvir gritos díspares nas ruas. Vinagre e azeite, se num vaso os vertes dirias que nutrem ojeriza mútua. As vozes dissonantes de quem vence e tomba são audíveis em sua dupla condição. Sobre os corpos dos irmãos consortes (crianças sobre pais senis) a garganta servil chora o destino de entes animadíssimos. A estafa do combate noctâmbulo obriga o esfaimado a buscar o de-comer no caos da cidadela que alvorece como se cada qual lançasse um dado fortuito. Abrigam-se nas casas ruídas, livres do açoite gélido e do orvalho. Endemoniados pelo bem, benévola a noite lhes faculta o sono bom, sem guardiões. Pios com deuses tutelares a templo de cidade capturada, ninguém contraconquista o que conquistam. Não ceda a tropa à gana de saquear o que é tabu, em sua avidez infrene. Ao cabo, deverão dobrar a pista a fim de garantir o torna-lar. Mesmo se o grupo não ofende o deus no retorno, quiçá desperte a angústia dos defuntos, se o mal acaso não surgir abrupto. Assim se exprime a esposa. Que logre o bem, o fenômeno inconteste! Tomo parte do gozo das proezas.

Coro: Mulher, pareces homens de bom senso....” (pág. 39; pág. 40)

Essa fala de Clitemnestra mostra que o saque vitorioso dos gregos pode desencadear alguma reação dos deuses. Qual? As vitórias muitas vezes residem nas sementes de algo que pode trazer problemas no futuro. Assim como aqueles que buscam a vingança sempre trazem a ira dos deuses sobre si mesmos. Pode ser o prenúncio de que a vitória de Agamenon pode levar à sua morte. O coro elogia Clitemnestra após essa intervenção.

“Coro: Pode-se atribuir a Zeus a autoria do golpe; há traços que o evidenciam: perfez o que lhe aprouve. Alguém disse que os deuses não se dignam a olhar o aniquilador da graça intolerável. Visa a quem aspire a transcender o justo, em palácios de fausto hipercintilante, além do sumo.” (pág. 42)

O Coro agradece a Zeus por destruir Troia e comenta que a queda de Troia é uma evidência da intervenção dos deuses na vida dos mortais. Quando surge um Arauto. Ele agradece aos deuses que apoiaram os gregos durante a guerra e aos deuses que não o fizeram, e reza para que, a partir deste ponto, todos os deuses olhem favoravelmente para os gregos. Ele então confirma para o Coro que Troia caiu e que Agamenon está voltando para casa.

 

Arauto: O solo argivo ancestre, após dez anos, retorno a esta luz! Toda esperança perdera, salvo a que o acaso deu-me: morrer na crônica Argos, ser meeiro da tumba familiar sequer sonhara! Invoco o solo crônia, a luz solar, Zeus, grão senhor daqui, e o rei de Pito: não nos fulmine o dardo de teus arcos; implacável às margens do Escamandro, nos salva agora, Sóter, nos socorre, Apolo! Clamo aos deuses em concílio, q Hermes, meu tutor, arauto magno às entre arautos, aos heróis da escolta: sê benignos com o tropel do exército, ileso a lança. O paço basileu, morada cara, sedes consagradas. Demônios-deuses a mirar o sol com mesmo brilho de antes nas pupilas como de praxe, recebei o rei há muito ausente. É luz à noite, a todos em comum, ó magnânimo Agamêmnon! Devemos acolhe-lo com calor, pois Zeus lhe empresta a sega com a qual revolve Troia. O solo está lavrado. Nada restou de templos e de altares e as sementes abortam no terreno. Foi esse o jugo que o rei sênex pôs na cérvis antagônica. O demônio bom o traz. Quem merece tal apreço? Nem Páris, nem sua polis contam prosa:  o drama que impusemos não sofremos...” Condenado por rapto e por rapina, não só ficou sem pressa, mas ceifou o paço avoengo, o próprio solo...Ruínas! Os priâmeos purgam por seu erro duplo.” (pag48; pag49)

O Coro está sentindo uma agitação crescente em Argos, diz ao Arauto que o exército será bem-vindo de volta e não poderia vir em melhor hora. Quando o Arauto pergunta se o Coro estava com medo de alguma pessoa em particular na ausência do exército, o Coro admite que sim, mas reluta ir adiante.

“Coro: O amuo me oprimia o imo turvo

Arauto: E qual a causa da melancolia?

Coro: Contra o prejuízo, calo. É o meu remédio.

Arauto: Ausente o rei, alguém te amedrontava?

Coro: Repito o que disseste: a morte é dádiva” (pág49; pag50)

O Arauto é um personagem que está cego pelo patriotismo, e isso o faz ignorar o fato de que os deuses podem não olhar com bons olhos para Agamenon e a conquista de Troia. O Arauto não consegue enxergar a conjuntura geral, onde o ciclo de vingança e violência nunca é esquecido.

Clitemnestra aparece e repreende o Coro. Ela continua dizendo que não há coisa mais importante do que se sentir feliz com a volta de seu marido. Ela garante que tem sido uma mulher fiel ao seu marido.

“Clitemnestra:  ...Veja em casa a esposa fiel tal qual o deixou, cão solar, leal, hostil ao mau, no mais igual. O tempo envelhece, mas o lacre algum incólume, se rompeu. Sei o que é prazer com outro homem e o falatório torpe como sei temperar o bronze. Essa imodéstia, tão cheia de verdade, não constrange uma mulher de berço proclamar...” (pág. 52)

O Coro pergunta o que aconteceu com a metade da frota grega de Menelau. O Arauto diz que uma tempestade os atingiu na viagem de volta e que Menelau e seus homens estão desaparecidos. Ele não tem certeza de seu destino. No entanto, ele prefere evitar se contaminar com a atmosfera festiva em Argos.

“Coro: Não houve alguém das naus que comentasse se Menelau morreu ou sobrevive?

Arauto: Ninguém o sabe suficientemente bem, só o Sol que nutre o solo vivo.

Coro: E como afirma que a intempérie abate a frota e a para, por rancor divino?

Arauto: É ruim manchar um dia de bonança com novas más. Tal deus, tal honra. Quando um núncio vinca a face turva e traz à urbe a dor cruel da hoste em ruína, e a chaga se propaga em meio à pólis, e muitas moradias perdem sob o látego duplo que Ares ama, caos, bigúmeo, parelha sanguinária quando o oprime essa pena, o peã das Fúrias convém cantar...” ( pág. 54)

 O coro declara que atos violentos e malignos geram sentimentos semelhantes. E a única forma é a retidão, o único caminho para uma vida plena e que os justos devem se afastar do luxo e da fome do poder.

Nesse instante entra Agamenon. Com ele está a profetisa Cassandra, uma princesa que é irmã de Páris e prêmio de guerra de Agamenon, uma escrava sexual promovida a princesa. Agamenon agradece aos deuses:

“Agamêmnon: É justo que eu mencione neste introito Argos e os deuses da região, aliados na volta e na derrota imposta a Troia. Surdos à arenga, os numes, unos, põem na urna rubra os votos homicidas em prol da ruína de Ílion. A urna oposta, à espera que avançasse a mão, não se locupletava. Agora ainda se vê claro fumo que avulta na urbe rasa. A fúria aviva a aragem, cinzas mortas baforam a gordura da opulência. Aos deuses, minha gratitude multi-memoriosa! Puni o rapto fátuo. A fêmea foi pivô, e o monstro argivo, filhote equino, fez da pólis pó; a tropa arrisca o salto, escudo à mão, ao pôr das Plêiades, o leão carnívoro transpõe a cumeeira e se elambuza à saciedade, em sangue azul. Aos deuses me delonguei neste prelúdio. Ouvi, gravei teu pensamento e o reafirmo integralmente. É duro alguém honrar do fundo da alma o amigo enriquecido, sem se roer de invídia, pois a pérfida peçonha aloja-se no coração, dobra a dor de quem nela convalesce; ele auto-agrava o próprio sofrimento e chora ao ver a prosperidade alheia....” (pág62; pág63)

Quando Agamenon chega, Clitemnestra relata a dor intensa, a preocupação e os pensamentos suicidas que experimentou enquanto esperava pelo marido. Ela explica que seu comportamento depressivo acabou levando o filho deles, Orestes, para ficar longe dela.

“Clitemnestra: “...O bilioso tumor avilta e alguém vem desatar as cordas sufocantes que no alto me sustinham pela gorja. Penhor de um pacto antigo, nosso filho Orestes não está em casa como seria de esperar. Não fiques tenso1 Estrófio, o Fócio, lança amiga do hóspede, lhe dá guarida. Foi quem me alertou para o mal duplo: tua situação de risco, e, se anarquia destituísse o conselho, ao rumor do povaréu: é do homem conculcar quem decaiu...” (pág63; pág64)

Clitemnestra pede que Agamenon entre no palácio caminhando sobre “alfombras rútilas”, ou seja, tapetes luxuosos púrpura.

Clitemnestra:” ... O que esperais, ancilas? Não mandei forrar a trilha de seu percurso com alfombras rútilas? Que a sua senda tinja-se de púrpura, e Dike, a Justa, o leve ao lar sonhado! Hipnos não dobra a mente que ao destino conduz o resto, reta. E o nume anui.’ (pág. 66)

 Agamenon repreende Clitemnestra e se recusa a pisar no tapete, dizendo que isso seria uma arrogância diante dos deuses. Mas na verdade ela está representando um papel de esposa dedicada elegante e sincera. Ela reza para que Zeus puna Agamenon.

“Clitemnestra: “... Ó Zeus Perfazedor! Perfaz o meu rogo! Seja merecedor de seu empenho o que (não tardará) hás de fazer” (pág69)

 Enquanto isso, quem está em silêncio é Cassandra. O coro pergunta se ela é muda, louca ou precisa de um intérprete. Clitemnestra responde:

“Coro: Essa alienígena requer intérprete sutil, que é fera de cabrestro novo.

 Clitemnestra: Ela é maluca e escuta maus espíritos! Chegou depois de abandonar a pólis recém-destruída. Ignora como por a brida: baba sangue enfurecido. Não me rebaixo falando ao vento.” (pág.  70)

O coro se reúne em torno de Cassandra, e ela entra em transe. Seus pensamentos têm um tom de profecia. O coro a observa, ela revela que está vendo crianças sendo cozidas.

 

 

“Cassandra: “Pois me fio nesta prova: infantes plangem a própria morte que os trucida, o pai a deglutir a carne bem cozida.” (pág76)

A visão a que Cassandra se refere diz respeito ao incidente que o pai de Agamenon, Artreus, cozinhou os filhos de seu irmão Thyeste e os alimentou para ele. Este incidente de que Cassandra fala é o tema da vingança desta peça e a queda de Agamenon.

Cassandra visualiza uma mulher tomando banho e depois assassinando um homem no palácio, e ela sente que as Fúrias (as Erínias) estão trabalhando para iniciar a vingança. Cassandra sugere que o ciclo de vingança está prestes a continuar.

“Cassandra:  Verás – afirmo! A morte de Agamenon.” (pág. 84)

Esta é a profecia chave da peça. A vingança dos deuses sobre a casa dos Artreus.

“Cassandra: A casa inspira o sangue do assassino.

Coro: Mas como? O odor provém do altar do lar

Cassandra: Recende o úmido vapor da tumba

Coro: Não te referes ao incenso sírio...

Cassandra: Me arrojo à régia e grito a minha moira e a de Agamenon. Bios, vital, me evita! Ah! Estrangeiros!  Ave tímida estrila frente à moita, não eu. Testemunhai por mim, que morro: quando por mim, mulher, mulher morrer e homem tombar por homem de má cônjuge. Ei que, à morte, solicita a hóspede! “(pág. 89)

 Aqui um breve parêntese sobre Cassandra. Apolo desejava Cassandra, que gostava de fiar o destino dos seres humanos. Apolo a ensinou como fazê-lo. Só que Cassandra não queria Apolo, ela recusou o lindo Apolo, que a amaldiçoou-a. Ninguém acreditaria em suas previsões. Mas ela sabe prever. Ninguém acredita.

Voltando à peça. O coro considera a profecia de Cassandra como apenas uma possibilidade. E concluem que se Agamenon teve ajuda dos deuses para derrotar os troianos. Mas ele carrega um crime de seu pai muitos anos antes.

As portas do palácio se abrem e aparece Clitemnestra encharcada de sangue sobre os cadáveres de Agamenon e Cassandra. Ela matou ambos. O coro pede que ela seja banida, mas ela retruca dizendo que o mesmo não foi feito em relação à Ifigênia, que foi brutalmente sacrificada.

 

Clitemnestra: Rechaço a tese de morte ignóbil, pois não foi ele quem impôs ao paço a desventura dolorosa? Mas dele nasce minha filha, Ifigênia, purilacrimal... O sofrido e digno do perpetrado. Não propague no Hades sua mega´- arrogância! A espada cobrou o que fez: morticínio. (pág101)

O coro chama Clitemnestra de ambiciosa e arrogante. Imperturbável, ela faz mais uma revelação. Egisto (primo de Agamenon) é seu amante. Se Agamenon era fiel e abusivo, Clitemnestra, por sua vez, achava que seu marido merecia morrer. Ela declara que seu marido merecia morrer. Egisto entra no palácio com soldados. E mata Agamenon por vingança. Egisto faz um longo discurso expressando alegria pelo assassinato de Agamenon. Artreu (pai de Agamenon) havia cozinhado seus irmãos para o pai de Egisto.

Egisto: “...Agora o digo: vingadores de homens, os deuses veem as dores desde píncaro, quando feliz registro o rei jazendo no peplo entretecido das Erínias: ele é quem paga pelo ardil paterno. Seu pai, Artreu, monarca destas plagas escorraçou da pólis e do paço. Tieste meu pai. Irei direto ao cerne do assunto: irmãos, os dois queriam reinar. Em seu retorno, súplice à lareira, o pobre Tieste obtém a garantia de não manchar com sangue o solo pátrio, morrendo ali. Artreu, pai de Agamêmnon um antideus, inquieto mais que amigo, passando por afável ao talhar a carne, deu-lhe os filhos no repasto. Trinchou os pés e as últimas falanges das mãos, sentado à margem dos demais. O irmão comeu os nacos indistintos sem sabe-lo, banquete como vês, nefasto para a raça. Ciente, geme, cai, vomitando os restos. Cena sórdida! ...” (pág. 104; pág105)

A peça termina com um certo mal-estar, uma agitação política, uma turbulência causada pelo preço da Guerra de Troia. A vingança é um prato que se come frio, diz o ditado. Mas o feito de Clitemnestra não ficará sem resposta. E a história continua.

“Agamenon de Ésquilo” é um livraço que merece um lugar de HONRA na sua estante.


Data: 06 abril 2023 | Tags: Tragédia, Grega


< A filosofia Perene Édipo em Colono >
Agamêmnon
autor: Ésquilo
editora: Perspectiva
tradutor: Trajano Vieira

compartilhe

     

você também pode gostar

Resenhas

AIAS (AJAX)

Resenhas

Alceste

Resenhas

Coriolano