A filosofia Perene
Antes de tudo, gostaria de dizer que minha relação com esse livro se deve ao meu grande amigo Fausto Fawcet. Em uma de nossas conversas telefônicas, eu mencionei que havia comprado o livro “A Filosofia Perene”, de Aldous Huxley, e ele me disse: “O que você está esperando? Leia ontem!”. O ontem chegou e cá estou para falarmos desse livro e dessa filosofia. E agradeço ao Fausto por essa insistência.
“A Filosofia Perene”, de Huxley, é um relato sofisticado de uma multidão de escrituras e escritos espirituais, onde Huxley expressa seus pensamentos minuciosos sobre as tradições de uma forma muito clara. Dizem que foi a forma que ele encontrou de fazer as pazes com o cristianismo.
O livro é produto de uma fase pessoal do autor. Em um primeiro momento de sua vida, Huxley era um irreverente crítico da religião. Huxley era neto de Thomas Huxley, um renomado cientista vitoriano que ridicularizava as superstições cristãs e sugeria que a ciência evolutiva poderia ser algo como uma nova religião. No entanto, algo aconteceu, algo se quebrou dentro dele.
O universo materialista e sem sentido começou a incomodá-lo. O livro “O Admirável Mundo Novo” já pode ser considerado um sintoma dessa crítica à sociedade materialista. No entanto, queria seguir um caminho diferente de T.S. Eliot, que se converteu ao cristianismo. Huxley se voltou para uma espiritualidade de seu amigo Gerald Heard, o primeiro jornalista científico da BBC. Gerard Heard pensava que a psicologia e outras ciências poderiam fornecer uma base de evidências empíricas para técnicas espirituais como a meditação. Isso atraiu Huxley.
Os dois se tornaram figuras importantes na década de 1930, quando defendiam veladamente o pacifismo. Abandonaram a Europa e se mudaram para Los Angeles em 1937. Juntamente com o romancista Christopher Isherwood, tornaram-se membros proeminentes da Vendanta (uma forma de misticismo Hindu) Society do sul da Califórnia. Quando a Segunda Guerra eclodiu, eles resolveram ficar em Hollywood e abandonar a Grã-Bretanha. Exilados místicos se sentiram culpados por abandonar familiares, amigos na Europa. E foi nesse contexto que o livro foi escrito. “A Filosofia Perene” foi publicada durante a guerra.
A filosofia Perene foi a resposta de Huxley à guerra. Quando lemos essa obra, podemos ver o pessimismo político do livro. A civilização moderna é o desamor organizado para estender o desejo; o século XX é a “Era do Ruído”. Ruído físico, ruído mental e ruído do desejo. Como pacifista, Huxley culpou a guerra. Mas também culpou a tecnologia pelo assalto ao silêncio. O ruído seria a causa principal de sofrimento e transgressão e o maior obstáculo entre a alma humana e sua base divina.
A Filosofia Perene encontrou expressão no Vendeta, na profecia hebraica, no Tao Teh King e nos diálogos platônicos, no Evangelho segundo São João e na teologia Mahayana, em Plotino e no Aeropagita, entre os sufis persas e os místicos cristãos da Idade Média e do Renascimento. A filosofia Perene tem um amplo caminho que falou com muitas tradições, muitas línguas da Ásia e da Europa.
Línguas e mitos, histórias locais e doutrinas particularistas, tudo isso, apesar das diferenças, tem algo em comum no meio desse caldeirão místico. Sejam hindus, budistas, judeus, taoístas, cristãos ou maometanos – todos esses tentaram descrever o mesmo fato a princípio indescritível.
Todas as escrituras originais da maioria dessas religiões são poesias assistemáticas. A teologia aparece em um estágio posterior da história religiosa. Mas o que vem a ser a filosofia perene? Podemos encontrar quatro doutrinas fundamentais no cerne dessa filosofia.
Primeira doutrina da filosofia perene: o mundo fenomenal da matéria e da consciência individualizada – o mundo das coisas, dos animais, dos homens e até mesmo dos deuses – é manifestação de uma Base Divina dentro da qual todas as realidades parciais têm sua existência.
No hinduísmo, a Base Divina é Brahma, cujos aspectos criativos, sustentadores e transformadores se manifestam na trindade hindu. Uma hierarquia de manifestações conecta a matéria inanimada com o homem, os deuses superiores e a divindade indiferenciada.
No Budismo Mahayaba, a Base Divina é chamada de mente ou a luz pura do vazio, o lugar dos deuses superiores é ocupado pelos Dhyani-Buddhas. Essas concepções encontram uma certa semelhança com o cristianismo e, de fato, foram cogitadas, de uma forma explícita ou implícita por muitos místicos católicos e protestantes ao formular uma filosofia para se adequar a fatos observados pela intuição super-racional.
Dentro da tradição muçulmana, a experiência mística entre os sufis teria sido concebida por al haqq como sendo o abismo da Divindade em que descansa o Alá pessoal, a base divina ou, no caso, Unidade de Alá, subjacentes aos aspectos ativos e pessoais da Divindade.
Segundo doutrina da filosofia perene: os seres humanos são capazes de conhecer a Base Divina por inferência. Eles também podem perceber sua existência por uma intuição direta superior ao raciocínio discursivo – pode ser encontrada em todas as religiões do mundo. Um filósofo que se contenta apenas em saber sobre a realidade última teoricamente e por ouvir dizer é comparado por Buda a um pastor de vacas e de homens. Professores cristãos, hindus e taoístas escreveram sobre as pretensões daqueles que pensam analiticamente. O conhecimento de Deus não é algo discursivo, mas do coração.
Terceira doutrina da filosofia perene: o homem possui uma natureza dupla, um ego fenomenal e um Eu eterno, que é o homem interior, o espírito, a centelha da divindade dentro da alma. É possível para o homem, se assim desejar, se identificar com o espírito e, portanto, com a Base Divina, que é a mesma natureza do espírito. O conhecimento unitivo da Base Divina tem como condição a prática da caridade.
Somente através da prática da abnegação e da caridade podemos eliminar o mal, a loucura e a ignorância que constituem o que chamamos de nossa personalidade e nos impedem de tomar consciência da centelha da divindade iluminando o homem interior. Mas a centelha interior é semelhante à base divina. Identificando-se com o primeiro, podemos chegar ao conhecimento do segundo.
Quarta doutrina da filosofia perene: a vida do homem na terra tem apenas um fim e propósito: identificar-se com seu Ser eterno e assim chegar ao conhecimento unitivo da base Divina. Todas as religiões superiores estão em pleno acordo. O propósito da vida é a descoberta da Verdade, o conhecimento unitivo da Divindade. O grau em que esse conhecimento unitivo é alcançado aqui na terra determina o grau que será desfrutado no estado póstumo. A contemplação da verdade é o fim, a ação o meio. Na Índia, na China, na Grécia antiga, na Europa cristã isso era considerado a peça mais óbvia e axiomática da ortodoxia.
As revoluções industriais, com o advento das máquinas, e as revoluções filosóficas fizeram o homem acreditar que as sociedades ficariam mais eficientes, o homem ocidental passou acreditar que os homens e as sociedades registrariam automaticamente uma superioridade moral e espiritual correspondente ao passado. A Eternidade deixa de ocupar o lugar central, sendo trocada por um futuro utópico, onde a humanidade alcançará a perfeição.
A Filosofia Perene é uma metafísica que reconhece uma realidade divina substancial ao mundo das coisas, vidas e mentes; a psicologia que encontra na alma algo semelhante e idêntico à realidade divina. Para realizar esse conhecimento unitivo, é necessário transcender seu “eu” e reconhecer a sua unidade com a Base divina.
“A Base divina de toda a existência é um Absoluto espiritual, inefável em termos de pensamento discursivo, mas (em certas circunstâncias) suscetível de ser diretamente experimentado e percebido pelo ser humano. Este Absoluto é o Deus-sem-forma dos hindus e da fraseologia mística cristã. A última finalidade do homem, a razão última da existência humana, é o conhecimento unitivo da Base Divina – o conhecimento pode chegar somente àqueles que estão preparados para “morrer para o ser”, dando lugar a Deus.” (pág. 30; pág. 31)
A maioria das pessoas, segundo Aldous Huxley, é escrava de várias formas da idolatria religiosa, adoração ao progresso, adoração à tecnologia e, acima de tudo, adoração ao estado-nação e idolatrias ideológicas, razão pelas qual houve tanto derramamento de sangue. No mundo moderno, os deuses, aos quais os sacrifícios humanos são oferecidos, são personificações, não da natureza, mas de ideias políticas engendradas pelo homem.
“No mundo moderno os deuses aos quais os sacrifícios humanos são oferecidos, são personificações não da Natureza, mas das ideias políticas engendradas pelo homem. Naturalmente, todas elas referem-se a eventos no tempo – eventos reais no passado ou presente e eventos imaginários no futuro. E aqui deve-se notar que a filosofia afirma a existência e a imediata realização da eternidade será relacionada a uma espécie de teoria e prática política. Isso tem sido claramente reconhecido pelos escritores marxistas, que afirmam que enquanto a cristandade preocupa-se apenas com os acontecimentos no tempo, ela é uma “religião revolucionária”, e que enquanto sob influência mística, frisa o Evangelho Eterno dos quais os fatos históricos ou pseudo-histórico registrados nas Escrituras são apenas símbolos, ela se torna politicamente “estática” e “reacionária.
Este conceito marxista sobre o assunto é, de certa forma, supersimplificado. Não é totalmente verídica a asserção de que teologias e filosofias cujos interesses primários situam-se no tempo, e não na eternidade, são necessariamente revolucionárias. A finalidade de todas as revoluções é tornar o futuro radicalmente diferente melhor do que o passado. Mas, algumas filosofias obcecadas pelo tempo estão principalmente interessadas no passado, e não no futuro, e suas políticas visam unicamente a restauração e à preservação do status quo e ao retorno aos bons e velhos tempos. Mas os cultuadores do passado têm uma coisa em comum com os devotos revolucionários de um maior e melhor de alcançarem os seus objetivos. É aqui que descobrimos a diferença essencial entre política dos filósofos da eternidade e a política dos filósofos do tempo. Para esses últimos, o bem supremo deve ser encontrado no mundo temporal – no futuro, onde todos serão felizes porque estarão agindo e pensando de forma inteiramente nova e inaudita ou, alternativamente, nos moldes antigos, tradicionais e sacramentados. E por estar o bem supremo no tempo, eles sentem-se justificados em empregar qualquer meio temporal para atingir seus objetivos. A inquisição queimou e torturou a fim de perpetuar um credo, um ritual, uma organização eclesiástico-político-financeira considerada indispensável à salvação eterna do homem. Os protestantes cultuadores da Bíblia travaram longas e selvagens guerras, para assegurar ao mundo o que eles credulamente pensavam ser o genuíno antigo Cristianismo dos tempos apostólicos. Os jacobinos e bolchevistas estão prontos a sacrificar milhões de vidas humanas em favor de um hipotético futuro político e econômico totalmente oposto ao presente. (pág. 230; pág. 231)
Sendo assim, a filosofia perenialista é uma nova forma de religião? Não é essa a ideia. A ideia é analisar um padrão de fé e o nosso comportamento insano e muitas vezes criminoso das sociedades industriais e nacionais que criamos.
A filosofia perenialista é uma mistura de várias tradições religiosas, é um sincretismo. As religiões de um modo geral têm elementos sincréticos em suas crenças, mas os adeptos de sistemas religiosos revelados, como as religiões abraâmicas, ou seja, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, recusam essa abordagem. Eles veem como traição à sua verdade pura. Por esse raciocínio, adicionar uma crença incompatível corrompe a religião original, tornando-a não mais verdadeira. De fato, os críticos de uma tendência sincretista não aceitam, por distorcerem a fé original.
A filosofia perene afirma que no coração de cada tradição reside uma verdade Universal e atemporal que transcende tempo e espaço. E esta verdade está além do ser. Esta verdade é a fonte da revelação. E esta verdade é Deus.
As raízes do perenialismo é uma convergência “una” de onde emana a essência. Foi na renascença que dois pensadores, Marsilio Ficcino e Giovanni Pico dela Mirandola procuraram fazer uma ponte entre o pensamento grego e o pensamento judaico-cristão. E ambos sugerem que a verdade pode ser encontrada em muitas tradições, e não apenas duas.
Em outras palavras, por trás de grandes diferenças entre as religiões, esses pensadores apontam para uma base comum. Foi no século XIX que os transcendentalistas propagam a ideia de uma verdade metafísica, que inspirou os unitaristas, que faziam proselitismo com a filosofia indiana.
A essência de cada religião é a pura verdade, e as diversas formas religiosas vestem a verdade em diferentes modelos e cores. “Na casa do meu pai há muitas moradas”. Este dito de Cristo aplica-se não só ao céu, mas também à terra. A função das diferentes religiões é expressar a verdade e oferecer um caminho de salvação, de uma forma adequada às necessidades de diferentes culturas, etnias da humanidade. Cada religião vem de Deus, e cada religião leva de volta a Deus. E cada religião dispõe de uma doutrina e um método, isto é, uma verdade iluminadora juntamente com um meio de salvação. A ausência de religião é a ideologia vazia e fabricada pelo homem (humanismo, Marxismo, freudismo e muitas outras ideologias), que não tem condições de salvar ninguém.
As diferentes religiões, apesar de suas diferenças línguas, expressam uma verdade una. A Filosofia Perene é uma perspectiva espiritualista que vê todas as tradições religiosas do mundo como compartilhando uma única verdade metafísica, da qual todo conhecimento e doutrina exotéricos cresceram. É uma filosofia que ensina que é desejável e até necessário conhecer a Base Espiritual de todas as coisas, não só no interior da alma, mas também fora, no mundo, e, mais à frente do mundo e a alma, em sua alteridade transcendente, “no céu”.
A filosofia perene é uma atitude mais natural, diferente do tribalismo do cristianismo, ou seja, parte dos cristãos evangélicos acreditam que qualquer outra a fé que não seja a dele é demoníaca. A filosofia perene, de Huxley, é uma ciência da consciência, que fornece alguma certeza empírica para algumas afirmações dos místicos. A mente é um laboratório onde os fatos são comprovados por si mesmo. É uma atitude compreensível na tentativa de validar experiências espirituais em um ambiente materialista hostil.
Vamos tentar fazer uma síntese dessa filosofia. O perenialismo, como a maioria das verdades, é simples de entender. As religiões vêm de Deus. Ao homem a verdade chega como uma forma de revelação sagrada. Cada religião transforma-se (à medida que o tempo vai passando) em uma civilização e uma tradição. E é na tradição que se dá a transmissão dessa religião em todas as facetas da vida na civilização.
Os filósofos perenes estão interessados na iluminação. A finalidade dos filósofos perenes é tornar-se conscientes da existência a fim de se integrar ao uno universal. Este conhecimento unitivo é o conhecimento da plenitude.
“A filosofia perene é, primariamente, relacionada ao uno, à Realidade Divina substancial ao múltiplo mundo das coisas, das vidas e dos pensamentos. Mas a natureza da realidade Una é tal que não pode, direta e imediatamente, ser apreendida, exceto por aqueles que foram escolhidos por preencherem certas condições, tornando-se puros de coração, cheios de amor e pobres de espírito.” (pág. 3)
Despertar do transe do ego envolve um treinamento diário em contemplação, recolhimento, desapego, caridade e amor. Quando se renuncia a tudo, se atinge a verdadeira natureza da realidade. Nessa montanha mística, Huxley sugere que a experiência máxima é a mesma de todas as tradições: um encontro sem palavras e sem imagens com a pura luz divina. O encontro com essa realidade só pode ser apreendido direta e imediatamente, exceto por aqueles que escolheram ser “puros de coração e pobres de espírito”.
A Filosofia Perene busca, numa divina base de toda a existência, a busca de um absoluto espiritual, suscetível de ser absorvido pelo ser humano. Essa filosofia é imemorial e universal e pode ser encontrada entre o conhecimento tradicional dos povos primitivos em todas as regiões do mundo e em suas formas totalmente desenvolvidas. Tem lugar em todas as religiões superiores. Como argumenta Huxley, há muita concordância entre os proponentes do teísmo clássico (que defende a existência de deuses, entidades superiores que teriam sido responsáveis pela criação do universo) na filosofia platônica cristã, muçulmana, hindu e judaica sobre três pontos principais: Deus é um ser eterno incondicionado, nossa consciência é o reflexo disso, e podemos encontrar nossa bem-aventurança na realização disso.
Onde reside o sincretismo no perenialismo? Na origem divina de cada religião. A essência de cada religião é pura verdade, e as diversas formas religiosas vestem a sua verdade em roupas diferentes com modelos e cores de acordo com a sua civilização. O dito “Na casa do meu pai há muitas moradas”, de Cristo, é um dito que se aplica não só ao céu, mas também à terra. A função das diferentes religiões é mostrar as diversas verdades e oferecer um caminho da salvação de uma forma adequada às necessidades de diversos segmentos e etnias da humanidade. O objetivo comum é superar o ego e despertar para a realidade. A realidade egocêntrica comum é considerada uma sucessão semelhante ao transe, aos impulsos e apegos automáticos.
Fazendo uma breve conclusão, podemos dizer que o pluralismo religioso sustenta que várias religiões mundiais são limitadas por seus contextos históricos e culturais distintos e, portanto, não existe uma religião única e verdadeira. Existem uma infinidade de religiões, todas igualmente válidas. Cada religião é uma tentativa da humanidade de compreender a incompreensível realidade divina, produzindo uma compreensão parcial da verdade universal, que requer sincretismo para alcançar uma compreensão completa, bem como um caminho para a salvação e iluminação espiritual.
Podemos dizer que a filosofia perene sustenta que não existe uma única religião verdadeira, ela difere ao discutir a realidade divina. A filosofia perene nos mostra que a realidade divina é o que permite que a verdade universal seja compreendida. Em síntese, todas as religiões fornecem sua própria interpretação da verdade universal, com base em seu contexto histórico e cultural. Cada religião mostra o que é necessário para observar a realidade divina e alcançar um estado em que se poderá confirmar a verdade universal e alcançar a salvação ou iluminação espiritual.
Afirmar esta verdade é importante nos dias atuais. Nunca haverá paz duradoura enquanto os seres humanos (segundo a filosofia perenialista) não aceitarem uma filosofia de vida mais adequada aos fatos cósmicos e psicológicos do que as idolatrias insanas do nacionalismo e a fé apocalíptica do publicitário no progresso rumo a uma “Nova Jerusalém” mecanizada como podemos ver nos dias de hoje.
Não há chances de unir as religiões tradicionais para obter a aceitação universal. Europeus e americanos não verão nenhuma razão para se converterem ao hinduísmo ou ao budismo. E da mesma forma não há a menor chance de que o povo da Ásia renuncie às suas próprias tradições pelo cristianismo professado, muitas vezes até com sinceridade, pelos imperialistas que por quatrocentos anos atacaram sistematicamente, explorando e oprimindo. Mas há um fator mais elevado de todas as religiões, a Filosofia Perene que sempre e em toda parte foi o sistema metafísico dos santos e dos sábios.
Para um mundo em guerra, um mundo carente de intelectuais e espirituais educados para lutar pela paz, só encontra o único caminho, a fuga para a autodestruição.
Quando acabei de ler o livro, uma pergunta que me veio foi: Aldous Huxley conseguiu alcançar a iluminação? Eu acredito que ele deva ter ficado um pouco mais relaxado, com uma energia renovada, mas jamais tenha chegado ao estado de luz. Fico por aqui. Indico “A Filosofia Perene”, de Aldous Huxley, um livro que merece um lugar de “honra” na sua estante.