Queda de gigantes
- Alô, Ken Follet?
O livro “Queda de gigantes” faz parte de “Trilogia do Século” de Ken Follet, sendo um desses livros que desperta aquela sensação voraz de querer ler toda a trilogia sem pausa, num só dia. O roteiro é muito bem equilibrado e nos mostra, na minha opinião, a futilidade da Primeira Guerra Mundial. Fica no ar a sensação de algo que poderia ter sido evitado.
A história é contada através de famílias com diferentes visões de mundo, valores e pertencentes a classes sociais distintas. Todos personagens tem credibilidade. E o romance começa numa família em particular, a Williams, onde o leitor acompanha o primeiro dia de trabalho de Billy Williams numa mina de carvão, em condições perigosas, até o exato momento em que uma explosão provoca vítimas fatais.
O primeiro romance da “Trilogia do Século” segue o destino de cinco famílias distribuídas pela Europa e na América que se movem através dos dramas que abalaram o mundo nesse início de século: a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a luta pelo sufrágio feminino. Todos são surpreendidos pelo turbilhão político internacional.
A "Queda de gigantes" se refere a uma época que viu a queda dos czares Romanov, o Império Austro-húngaro, Império Otomano, a resistência ao sufrágio feminino e a morte de milhões de inocentes na Primeira Guerra. E Follett reúne seu elenco de personagens, como se fossem peões num tabuleiro de Xadrez, como forças vivas, sobrevivendo aos conflitos.
Como exemplo, os irmãos Billy e Ethel Williams que se deslocam do mundo das minas de carvão para os movimentos políticos radicais no País de Gales. Ou citar os irmãos, Earl e Maud Fitzherbert, ricos membros da aristocracia rural, cujas diferentes percepções sobre o mundo levam ambos a destinos bem diferentes. Ou ainda, Grigori e Lev Peshkov, irmãos, órfãos e vítimas das atrocidades cometidas em nome do Czar – um encontrará a América e uma vida de crime; o outro, uma posição de destaque no Partido Bolchevique de Lenin.
Ken Follet se sente tão à vontade em uma casa de campo quanto numa trincheira da linha de frente no Somme ou em Flandres, onde milhares de vidas foram tragadas pela guerra. Também narra com a mesma maestria, cenas no Salão Oval da Casa Branca ou em um salão de festas brilhantes, em São Petersburgo.
Os personagens fictícios dialogam com os personagens reais sem causar espanto. O leitor também é apresentado a comentários sucintos sobre os momentos chaves da história econômica e política da época.
Follett não pode ser comparado a Tolstoi, mas ele sabe como contar uma história convincente e bem construída. Uma vez que os elementos básicos estão no lugar, a narrativa adquire uma dinâmica cumulativa cheia de paixão, emoção e perigo, onde se encontra todos os componentes para um clássico. O brilhantismo de Follett não está em querer alcançar vôos altos da arte literária.
Um mestre que sabe equilibrar histórias múltiplas de forma paciente, construindo vidas interligadas.
A crítica que eu faço a esse livro, resumo numa pergunta: "Alô, Ken Follet? Por favor, quando o segundo livro chega às livrarias?”.