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Mídia: propaganda política e Manipulação

Avram Noam Chomsky é um dos intelectuais mais instigantes que eu já conheci. Linguista, filósofo, ativista político norte-americano, é considerado o pai da linguística moderna por ser o criador de um novo modelo de descrição da linguagem. Nasceu na Filadélfia em dezembro de 1928, filho de imigrantes judeus. Seu pai foi um respeitado professor de hebraico que trabalhava em uma importante escola dedicada à formação de professores de hebraico.

Sua infância foi vivida entre a Filadélfia e Nova York. A grande depressão econômica nos EUA o marcou profundamente. Apesar de ser filho de classe média, teve a oportunidade de presenciar muitas injustiças sociais ao seu redor. Sempre foi considerado “um ponto fora da curva”, como se diz nos dias de hoje, ou seja, muito inteligente e muito curioso.

Com dez anos, ouvia conversas de adultos sobre política, direitos sociais, e aos poucos sua visão de mundo foi se formando. Ainda criança escreveu um artigo para o colégio sobre a ascensão do fascismo na Europa depois da Guerra Civil Espanhola. Também defendia que a autoridade deve ser testada antes de ser considerada legítima e digna de poder.

Estudou filosofia e linguística na Universidade da Pensilvânia em 1955. Sua tese de Ph.D. foi um trabalho de mais de mil páginas, onde desenvolveu ideias originais sobre a linguística. Depois do doutoramento, Chomsky leciona no MIT há mais de 40 anos consecutivos, sendo nomeado para a “Cátedra de Línguas Modernas e Linguística” no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Em 1964, Chomsky se tornou um ativista político contra A Guerra do Vietnã e, em 1969, publicou o livro “American power and rise of mandarins”, um livro de ensaios sobre a guerra. Tornou-se mundialmente conhecido por suas ideias políticas. Muitos admiradores e muitos inimigos foram feitos ao longo de sua caminhada.

Feito essa brevíssima introdução sobre a vida e obra do autor, vamos ao que interessa. Vamos ao livro?

O livro foi escrito em 2002, e  muitas coisas aconteceram depois disso. Quando os Estados Unidos e a Inglaterra  tornaram-se a polícia do mundo, lembram-se? A mídia mudou muito depois desse período. Mas o método da mídia continua o mesmo. Chomsky seleciona alguns eventos no decorrer do livro.  Ele nos convida a questionar a informação que recebemos da mídia, e a desenvolver um pensamento crítico e independente, e a buscar fontes alternativas de informação para que possamos participar de forma mais consciente e ativa na vida política e social.

Com a proliferação dos meios de comunicações, mídias sociais, como a televisão, rádio, jornais, redes sociais, nossos pensamentos são todos influenciados por todas as vertentes culturais e comunicacionais vigentes. Por meio das notícias e informações que recebemos todos os dias através de todos esses meios, nossa independência de pensamento na verdade é apenas uma sensação. O mote do livro é esse. A propaganda, a mídia e a manipulação estão presentes em nosso dia a dia.

No nosso dia a dia estamos sendo sempre persuadidos a ter um determinado pensamento e comportamento. E isso se aplica à sociedade como um todo. Existem grupos movidos por interesses e desejos comuns, e com isso se estabelecem novas formas de convencimentos dos demais membros da sociedade.

A ideia central do livro “Mídia: Propaganda e Manipulação”, de Noam Chomsky, é a de que a mídia nas sociedades democráticas modernas, e em particular nos Estados Unidos, opera como um sistema de propaganda, defendendo os interesses das elites e do poder estabelecido. seja ele qual for. E aqui Chomsky afirma que tanto capitalistas liberais como comunistas comungam da mesma concepção elitista de poder e de manipulação.

Ao invés de servir como um canal neutro de informação e promover o debate público aberto e plural, Chomsky argumenta que a mídia não é independente, ela atua como braço do poder, moldando a opinião pública e manipulando as massas para aceitarem e apoiarem as políticas e ações das elites. Ele demonstra em vários momentos como a mídia seleciona e emoldura as notícias, omitindo informações inconvenientes, criando narrativas simplistas e utilizando a linguagem carregada de emoção para influenciar a percepção do público sobre eventos e questões.

Para Chomsky, existem duas concepções de democracia. A primeira delas considera que uma sociedade democrática pressupõe que o povo dispõe de condições de participar de uma maneira significativa da condução dos seus assuntos pessoais, onde existem canais de participação acessíveis para todos.

A outra concepção é bem diferente dessa acima. Essa concepção democrática pressupõe que o povo deve ser impedido de conduzir seus assuntos pessoais e os canais de informação devem ser mais estreitos e bem controlados. Essa é a concepção democrática predominante nos dias atuais.

Walter Lippmann, em seu livro “Opinião Pública” (ainda não lido por mim), afirma que o povo não tem a menor condição de julgar as questões políticas do ponto de vista racional para se construir uma democracia. Aliás, ele duvida da possibilidade de se construir uma verdadeira democracia. Lippmann apoia uma visão de uma democracia progressiva. Para ele, existe uma classe de cidadãos que tem que assumir algum papel ativo na execução dos assuntos gerais. Esta é a classe especializada. São as pessoas que analisam e tomam decisões e administram as coisas nos sistemas políticos, econômicos e ideológicos. São os homens responsáveis que desempenham a função executiva, ou seja, eles pensam e planejam e se responsabilizam pelo interesse comum.

 E o primeiro evento mencionado pelo autor foi a Primeira Guerra Mundial, onde os manipuladores da opinião pública mobilizaram a nação para entrar em uma guerra que não dizia em nada respeito aos Estados Unidos. Chomsky cita o presidente Woodrow Wilson como o primeiro caso de uso intensivo da propaganda governamental.

Essa propaganda ocorreu no meio da Primeira Guerra Mundial. A população não ambicionava entrar nessa guerra. No entanto, foi criada uma comissão conhecida como Comissão Creel, que conseguiu em seis meses transformar uma população pacifista em uma população ardorosa, belicista e histérica que queria destruir tudo que fosse alemão. Todos queriam ir à guerra para salvar o mundo. A mesma tática foi usada para destruir o poder dos sindicatos e eliminar a liberdade de imprensa e liberdade de pensamento político. Quem impulsionou esse trabalho? A grande mídia, o empresariado, intelectuais progressistas. E a propaganda exibia coisas tenebrosas, tais como bebês belgas com os braços arrancados pelos soldados alemães. A Grã-Bretanha criava muitas dessas histórias e  o Ministério da Propaganda americana reproduzia, no sentido de direcionar o pensamento dos intelectuais principalmente.

Teóricos liberais democráticos e figuras importantes da mídia, como Walter Lippmann, se envolveram nessas comissões de propaganda e reconheceram suas realizações. Uma de suas realizações está ligada à “arte de fabricar consentimento”. E aqui Noam Chomsky diz :

“...os interesses comuns escapam completamente da opinião pública” e só podem ser compreendidos e administrados por uma “ classe especializada” de “homens responsáveis” que são suficientemente inteligentes para entender como as coisas funcionam. Essa teoria defende que uma pequena elite, a comunidade intelectual a que se referiam os deweynistas, é capaz de entender os interesses gerais, aquilo com que todos nos preocupamos, e que esses temas “escapam as pessoas comuns”. Esta é uma concepção que existe a centenas de anos. É também uma típica concepção leninista. Na verdade, ela se assemelha muito a noção leninista de que uma vanguarda de intelectuais revolucionários conquista o poder do Estado usando as revoluções populares como a força que os conduz até ele e depois guia das massas ignorantes para um futuro que elas são estúpidas e incompetentes demais para vislumbrar sozinhas. A teoria liberal democrática e o marxismo leninismo estão muito próximos em seus pressupostos ideológicos comuns. Penso que essa é uma das razões pelas quais, ao longo dos anos, as pessoas não têm encontrado dificuldade para transitar de uma posição para a outra sem nenhuma sensação especial de mudança. É apenas uma questão de determinar onde está o poder. Pode ser que aconteça uma revolução popular e que ela nos ponha no interior do poder. Pode ser que aconteça uma revolução popular e que nos ponha no interior do poder de Estado, ou pode ser que não, e, nesse caso, vamos simplesmente trabalhar para as pessoas que detém o poder da verdade, os empresários. Mas faremos a mesma coisa. Conduziremos as massas ignorantes para um mundo que elas são estúpidas demais para compreender sozinhas. “( pág. 15; pág. 16)

A visão de democracia de Walter Lippmann em seu livro “Opinião Pública”  não levava em conta, (segundo Chomsky) o cidadão comum, que, segundo ele, não tinha a menor condição de julgar as questões políticas racionalmente, ele duvidava da possibilidade de uma verdadeira democracia. Lippmann apoia uma visão de uma democracia progressiva.

Essa democracia é onde reside o rebanho perplexo cuja função na democracia é de espectador, não participante. Sua função é escolher um membro da classe especializada. Isso que chamamos de eleição. Mas, assim que as eleições terminam, eles voltam à sua condição original de espectadores, não de participantes. E o motivo é bem simples. O público é estúpido demais para conseguir entender as coisas. Caso resolvam tomar a frente da administração dos seus próprios negócios, eles só vão causar problemas. Não é saudável que eles façam isso. Para isso, temos que domar e impedir que o rebanho se enfureça, pise e destrua as coisas.

Afinal, a maioria das pessoas é guiada pela emoção e por impulso. Os possuidores da racionalidade têm que criar ilusões necessárias e simplificações exageradas para manter os simplórios ingênuos mais ou menos no curso. O rebanho precisa ser distraído. Deixe-os fora do problema. Eles não podem sair de sua condição de espectadores da ação, ocasionalmente emprestando seu peso político para algum líder selecionado. Isso faz parte da ciência política contemporânea.

Chomsky ironicamente pergunta: Afinal, você deixaria uma criança de três anos sair na rua sozinha? Não ela não saberia como lidar com toda essa liberdade, não é mesmo? Da mesma forma, você não permite que o povo se torne participante da ação. Eles vão causar problemas. Para lidar com esse impasse, surge uma nova forma de democracia: “a fabricação do consenso”. Para se obter isso, a classe política, os tomadores de decisão, a mídia e a cultura popular precisam fornecer algum senso tolerável de realidade, embora tenham que incutir as crenças adequadas.

Uma dessas crenças é uma premissa de que os homens responsáveis têm que se disfarçar de autoridade para tomar decisões. Para tomar parte daqueles que tomam as decisões, você tem que saber tudo sobre as crenças e doutrinas que servirão aos interesses do poder privado e do nexo do estado-corporação que os representa.

Com o sucesso da comissão Creel, com a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, a indústria das relações públicas passou por um grande momento. Essa indústria se expandiu. Bilhões de dólares foram destinados a controlar a mente pública.

Na década de 1930, com o advento da grande depressão causada pelo crash da bolsa em 1929, uma depressão econômica, os trabalhadores conseguiram o direito de se organizar graças à Lei Wagner, uma das leis mais importantes da legislação trabalhista nos EUA no século XX. Essa lei dava o direito aos trabalhadores (menos os agrícolas e domésticos) de se organizarem sindicatos trabalhistas e negociar coletivamente com seus empregadores.

No entanto, com o passar do tempo, as pessoas organizadas cobravam um preço, e elas precisavam ser atomizadas, segregadas e deixadas sozinhas. Elas não deveriam se organizar. Apesar do aumento de trabalhadores sindicalizados. Esta foi a última vitória dos trabalhadores. Pois, a partir desse momento, entra em cena a indústria de relações públicas. Eles começaram a trabalhar para tentar encontrar uma maneira de combater os desvios democráticos.

Como fazer isso? A ideia era clara. Descobrir maneiras de virar o público contra os grevistas, contra os sindicatos, apresentá-los como prejudiciais ao público e contra os interesses comuns. Os interesses comuns são de ”nós”, empresários, o trabalhador, a dona de casa. Isso é tudo “nós”. Sentimentos como o de americanismo, trabalhar juntos, contra aqueles grevistas ruins que quebram a harmonia e violam o americanismo.

E o que vem a ser a ideia de americanismo? Trabalhar juntos em harmonia, gostando uns dos outros. Essa era a mensagem. A comunidade empresarial que controla a mídia e tem recursos para investir no “americanismo”. E criaram a fórmula do Vale Mohawk, que é um conjunto de diretrizes e ações, de acordo com Noam Chomsky, para desacreditar os líderes sindicais e rotulá-los como agitadores, assustar o público.

Um outro momento bem conhecido na história dos Estados Unidos, Edward Bernays, irmão da esposa de Freud, foi um dos “papas” da publicidade americana. Ele foi a pessoa que comandou uma campanha de relações públicas para United Fruit Company em 1954, quando os EUA se moveram para derrubar o governo capitalista-democrático da Guatemala e instalaram um governo de esquadrões da morte que assim permaneceu até os dias atuais. A United Fruit dominou a economia e a política de vários países da América Central. E no caso da Guatemala, a empresa não apenas promoveu a primarização do país, a exportação de produtos primários, como produtos agropecuários e minerais de baixo valor agregado em detrimento dos produtos industrializados, o que levou a um retrocesso econômico do país e desempenhou um papel no golpe de Estado que derrubou o presidente eleito democraticamente Jacobo Arbenz, em 1954. Onde morreram mais de 250 mil guatemaltecos.

Percebam que a metodologia, como Chomsky observa, é simples, ou seja, você assusta e aterroriza a população intimidando-a a tal ponto que ela fica com medo e se encolhe apavorada. Em seguida, você conquista uma magnífica vitória sobre algum outro exército indefeso do Terceiro Mundo, dando uma sensação de alívio. As pessoas dirão: fomos salvos no último minuto! Esta é uma das maneiras de evitar que o rebanho desorientado preste atenção no que realmente está acontecendo, mantendo-o distraído e sob controle. Esse é o truque.

Uma pesquisa pergunta: vocês acham que os Estados Unidos deveriam intervir militarmente para impedir violações graves dos direitos humanos? Numa proporção de dois para um, os americanos responderam afirmativamente. A força deve ser empregada em caso de graves violações dos direitos humanos. Pois bem, segundo Chomsky, se isso fosse levado à risca, os Estados Unidos deveriam intervir em El Salvador, Indonésia, Damasco, Tel Aviv, Cidade do Cabo, Turquia e uma lista enorme de outros países que violam os direitos humanos. Mas por que ninguém soube dessas violações? Segundo Chomsky, a resposta é simples: ninguém foi informado.

Durante a Guerra do Golfo, em fevereiro de 1991, bem no meio dos bombardeios, o governo do Líbano pediu que Israel cumprisse a Resolução 425 do Conselho de Segurança da ONU, que determinava que este se retirasse imediatamente do Líbano. Essa resolução é de março de 1978.  Israel não cumpriu a resolução porque os Estados Unidos apoiavam a ocupação. Quando o Líbano foi invadido, a cidade de Beirute foi bombardeada. Cerca de 20 mil pessoas foram mortas, aproximadamente 80 por cento eram civis, hospitais foram destruídos e, além disso, foi imposto um regime de terror e extorsão. Mas  Israel tinha o apoio dos Estados Unidos, certamente ninguém viu nada na mídia americana sobre o assunto, nem qualquer discussão sobre se Israel e os Estados Unidos deveriam cumprir a Resolução 425 do Conselho de Segurança da ONU.

 

Mas, afinal, o que pode ser considerado terrorismo?

“A solução é definir  como o terrorismo cujo alvo somos nós, quem quer que sejamos. Até onde sei, isso é universal – no jornalismo, no mundo acadêmico, e, além disso, creio que é universal historicamente falando, pelo menos nunca encontrei um país que não adote essa prática. Assim felizmente, temos como resolver o problema. Bem com essa caracterização útil de terrorismo, podemos então tirar as conclusões padrão que vocês não se cansam de ler: a saber, que nós e nossos aliados somos as principais vítimas do terrorismo, e que o terrorismo é a arma dos fracos.

 É claro que no sentido oficial, o terrorismo é uma arma dos fortes, como a maioria das armas; porém desde que se entenda por “terrorismo” somente o terrorismo que é dirigido contra nós, ele é, por definição, uma arma dos fracos. E, portanto, as pessoas que isso o tempo todo – que vocês veem nos jornais e nos periódicos – estão certas trata-se de uma tautologia ,e, além do mais, uma tautologia aceita de comum acordo. ( pág. 84; pág. 85)

Os oponentes depravados da própria civilização no 11 de Setembro de 2001 eram, na década de 1980, os combatentes da liberdade organizados e armados pela CIA e seus associados, treinados pelas mesmas forças especiais que agora os procuram nas cavernas do Afeganistão. Eles eram  componentes da guerra contra o terror e agiam praticamente da mesma forma que os outros componentes da guerra contra o terror.

A agenda terrorista dessa gente começou cedo, na verdade em 1981, quando o presidente do Egito foi assassinado. Isso inclui ataques terroristas dentro da Rússia, a ponto de levarem a guerra para o Afeganistão e que durou até 1989, deixando o país devastado nas mãos dos favoritos dos EUA. Esses favoritos, conhecidos como Talibãs  praticaram estupro, assassinatos em massa, além do terror – conhecido como um dos momentos mais trágicos da história daquele país.

A lógica, segundo Chomsky, é que os americanos e seus aliados são as vítimas do terrorismo. O terrorismo é definido quando o “alvo somos nós”. O contraterrorismo que os americanos e seus aliados praticam, não. O terrorismo é seletivo, favorecendo os interesses de quem define. Os Estados Unidos rotularam como terroristas grupos que se opunham às suas políticas, enquanto ações semelhantes praticadas por eles, ou por seus aliados, não recebem a mesma classificação, ou seja, a seletividade é que define.

No entanto, há um princípio da cultura intelectual americana de que os crimes praticados pelos inimigos da América seguem na velocidade de um laser. No entanto, os próprios crimes não obedecem à mesma velocidade. Sendo em relação aos vietnamitas e aos salvadorenhos ou outros.

Aqueles que denunciam os crimes americanos são considerados antiamericanos, o que, segundo Chomsky, é um conceito interessante. Esse termo também é usado em outros estados totalitários, por exemplo, na Rússia, onde o antissovietismo era crime considerado inafiançável, ou seja, crime grave contra o regime.

“Retomemos os truísmos morais. Segundo a doutrina oficial, que é aceita quase por todo mundo e descrita como justa é admirável, obviamente os E.U.A. têm o direito de conduzir uma guerra terrorista contra os afegãos até que eles entreguem os suspeitos aos Estados Unidos – que se recusam a apresentar provas ou solicitar extradição –, ou, nas palavras de Boyce ditas posteriormente, “até que eles troquem sua liderança”. Bem, qualquer um que não seja hipócrita – nos sentido dos Evangelhos dão a palavra – concluirá, portanto que o Haiti tem o direito de lançar uma ação terrorista em larga escala contra os E.U.A. até que eles entreguem Emmanuel Constant, um assassino que já foi condenado por liderar forças terroristas que foram responsáveis pela de 4 a 5 mil pessoas.

Neste caso não há nenhuma dúvida quanto as provas. O Haiti solicitou a extradição de Constant inúmeras vezes, a última delas em 30 de setembro de 2001, bem no meio dessa conversa toda de submeter o Afeganistão ao terrorismo caso não entregasse os terroristas suspeitos. É claro, que são 4 a 5 mil negros? Acho que eles não têm o mesmo peso.

Ou talvez eles devessem desencadear uma intensa campanha de terror contra os Estados Unidos. Como eles não tem a capacidade de bombardear, poderiam usar o bioterror ou algo assim, não sei, até que os Estados Unidos trocassem sua liderança – que é, de fato, responsável por crimes terríveis contra o povo haitiano ao longo do século XX.” (pág. 88; pág. 89)

A hipocrisia convencional é a única resposta que poderemos entender nessa relação calculada entre a mídia e o poder. Outros momentos conturbados no Oriente Médio são citados por Noam Chomsky. A Convenção de Genebra, que foi instituída após a Segunda Guerra Mundial para criminalizar crimes de guerra dos nazistas. A Convenção de Genebra proíbe tudo o que os Estados Unidos fazem em sua política internacional. Mas as coisas são governadas domesticando a opinião pública.

A lei do mais forte prevalece nas políticas nacional e  internacional, sempre com um toque de “Mídia.” “Mídia: propaganda política e manipulação”, de Noam Chomsky, merece um lugar de “HONRA” na sua estante.


Data: 05 fevereiro 2025 (Atualizado: 05 de fevereiro de 2025) | Tags: Comunicação


< A descida de Orfeu Calígula >
Mídia: propaganda política e Manipulação
autor: Noam Chomsky
editora: Martins Fontes
tradutor: Fernando Santos
gênero: Comunicação;

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