O jantar
Vou ser sincero com todos vocês. Não conhecia Herman Koch, nunca tinha ouvido falar nele. Dando uma olhada no Wikipédia, obtive as seguintes informações necessárias: é escritor e ator holandês, produziu contos e romances. Mas foi “O Jantar” que catapultou Herman para o mundo. Traduzido para 21 idiomas, vendeu mais de um milhão de cópias. E não foi à toa não. O Livro é muito bom. Ele parou em minhas mãos por indicação de amigos livreiros nos quais tenho muita confiança. E posso dizer que não me arrependi.
“O Jantar” do escritor holandês Herman Koch foi um sucesso, um best-seller na Europa. O livro é tão bom que a atriz Cate Blanchett já comprou os direitos para levar o livro às telonas dos cinemas de todo o mundo. Comprou esses direitos no ano passado, ou seja, em 2013. Mas ninguém é bobo. Todos sabem quando um livro é bom e tem substância. Os grandes artistas e diretores estão sempre atentos a boas histórias. E Cate não é exceção à regra. Será seu primeiro filme como diretora. Vamos aguardar.
O que podemos dizer deste livro? É excelente e um pouco claustrofóbico. Um thriller? Podemos até dizer que sim. Mas não é isso que faz dessa história uma grande obra. Tem muito mais. O sucesso está na calibragem do narrador, o nada confiável e inquietante Paul Lohman.
Não tem atributos de um ser de boa índole. Algo está acontecendo, sendo preparado, e que vai a um movimento lento, gradual e seguro para o inesperado, na medida em que as páginas são lidas uma a uma. Para aqueles que desejam algo edificante e acolhedor, é bom desistirem e nem comprarem o livro. Mas para aqueles que têm certa queda pelo inusitado, é um prato cheio.
A construção do romance manipula cuidadosamente seus leitores através de uma série de flashbacks e observações que levarão a um completo entendimento de uma “família feliz”, composta por Paul Lohman, Clair, sua mulher, e Michael, seu filho.
“O Jantar” está em sintonia com uma sociedade civilizada marcadamente europeia. Uma reunião de dois casais em um restaurante em Amsterdã. Vocês saberão dos detalhes de cada prato servido neste jantar dividido em partes. As bebidas que serão oferecidas, as entradas que antecederão ao grande jantar.
Paul Lohman será nosso anfitrião, ele nos guiará para o interior do restaurante. Seu descontentamento pelo ambiente burguês e sofisticado do estabelecimento é algo que parece, como podemos dizer... Ah! Achei a palavra: louvável. Mas qual a causa de tamanha crítica? Serge Lohman, seu irmão, é um político bem-sucedido, candidato da oposição. Muito popular. Já considerado eleito nas eleições nacionais, e sua adorada esposa Babette é seu complemento no jogo do marketing eleitoral.
E quem é Paul Lohman? Um ex-professor de história do ensino médio, aposentado por razões médicas. Sua relação com Serge Lohman não é das melhores. Paul não suporta a artificialidade e a sofisticação do irmão, que adora vinhos franceses, pães franceses com camembert, croissants, filmes franceses e seu Peugeot indefectível. Para combinar com tudo isso, Serge tem uma casa em Dordogne, um lugar contemplativo, com seus vinhedos, seus 1500 castelos e os famosos jardins de Marqueyssac e d’Erignac.
Vamos ficar por aqui. A única coisa que podemos dizer é que Herman Koch criou uma trama inteligente, um jantar com todos os pratos derivados do cinismo e a sobremesa formada de entranhas. “O Jantar” é um romance altamente factível, talvez seja esse o elemento perturbador do livro. Tenham uma boa leitura. Não se esqueçam de “O Jantar”, um livro que merece um lugar na sua estante.