Um leão chamado Christian
Alguns livros chegam a nossas mãos com uma história própria e singular e, em alguns casos, se tornam especiais – foi o caso de “Um leão chamado Christian”.
Essa história começou com um link recebido por e-mail, um vídeo que ganhava admiradores pelo YouTube, em todo o mundo, e mostrava o reencontro entre três amigos, na África: Anthony, Jonhn e Christian - um leão. A cena mostrava um leão ainda novo, reconhecendo seus dois amigos (e ex-donos) apesar de já adaptado à vida selvagem.
Cenas comoventes que remetem a sinceridade dos laços que podem ser criados entre homens e animais. E jamais esquecidos.
“Um leão chamado Christian” foi escrito pelos próprios Anthony e Jonhn, na excêntrica década de 60/70, quando decidiram comprar um filhote de leão numa loja de departamentos, em Londres, e chamá-lo de Christian. Ele era um filhote de leão inglês de quinta geração, nascido em zoológico. Na década de 1970, era comum ter animais exóticos e selvagens como companhia doméstica. Anthony Bourke e John Rendall apaixonaram-se pelo leão. E, mesmo sem condições adequadas para criá-lo, resolveram comprá-lo. Trouxeram o leão para o apartamento sobre a loja onde trabalhavam e ali o instalaram, para dormir no porão e passar o dia na enorme loja de dois andares. Aos quatro meses, o dócil leão virou atração e passou a viver na Sophistcat, uma loja de mobiliário. A partir desse momento, foi tratado como um animal de estimação. Os clientes da loja adoravam Christian, e pouco a pouco, foi-se tornando famoso, algumas pessoas iam à loja só para visitá-lo e brincar com ele. O livro conta o dia a dia da amizade que foi surgindo, os limites que foram sendo conhecidos e impostos por ambas as partes, as reações das pessoas e de Christian, um filhote de leão em plena Londres.
Depois de alguns meses adiante decidiram, em face às necessidades de um leão e os limites de uma cidade, devolvê-lo a seu habitat natural, porém, cientes das dificuldades que seriam encontradas por parte do filhote em se adaptar ao mundo selvagem, cercaram-se dos melhores profissionais para que essa adaptação ocorresse de forma menos traumática para Christian, afinal, ele já não era tão filhote. Os rapazes acompanharam parte do processo de adaptação, tentando tornar a África e suas regras mais simples para o filhote. Anthony e Jonhn voltaram a Londres e um ano depois, sem saberem se Christian se lembraria deles ou não, voltaram para rever o leão.
Para aqueles que gostam de animais, o livro deve ser lido e guardado com respeito. Em 2009, parte desse encontro emocionou milhares de pessoas em todo o mundo, quando cenas foram postadas no YouTube. Vendo o vídeo e lendo o livro, entende-se por qual motivo.
A história adquire tons de uma fábula pela delicadeza e o amor entre Anthony Bourke e John Rendall a esse leão. Sim, estamos diante de uma “fábula” moderna, uma narrativa na qual os personagem central é um animal e possui sentimentos tido como “humanos” – e ao final - uma lição de moral, constatada na conclusão da história.
É uma pena que as pessoas deixem passar despercebida uma boa história como essa. O livro “Um Leão chamado Christian” sem dúvida alguma é um desses livros que deveriam ser adotados pelas escolas devido aos valores apresentados: amizade, sinceridade, cumplicidade e lealdade. A mensagem contida nesse evento que o livro aborda é de extrema riqueza. Não é uma mensagem meramente de proteção à natureza – o que é bom - mas algo maior.
Talvez esteja numa linha tênue que pode aproximar seres tão diferentes quanto um leão , um cachorro, um gato, um cavalo, capaz de se comunicar com as diferentes formas de vida ou com iguais. E quando ela existe muitas histórias como essa podem acontecer sem perder a riqueza, sabedoria e emoção.
Trata-se de uma lição de como todos nós deveríamos ser. Devido a esse reencontro filmado, a história vivida por esse trio se tornou ainda mais celebre. E são reencontros surpreendentes e emocionantes como esses que fazem a vida valer a pena.
É uma bela história, hoje um fenômeno viral na web via YouTube. E para os leitores desse blog fica este abraço.