Filosofia brincante
Falar sobre filosofia para crianças é um desafio para poucos. Despertar seu interesse de forma que elas entendam a importância de desenvolver uma linha de pensamento e transformar isso numa conversa, numa rotina, é mais desafiador ainda.
“Filosofia brincante”, da escritora e filósofa Marcia Tiburi e do ilustrador e artista plástico Fernando Chuí aproxima esse tema nem sempre fácil e desmitifica as ditas dificuldades em explorar essa matéria para crianças. E a transforma numa oportunidade de aprendizado.
E o livro começa assim, com uma afirmação básica: “Tudo está cheio de coisas”.
Sim, o mundo está cheio de coisas, coisas que se desconhece, coisas conhecidas e, ao virar a página desse livro, iniciamos um caminho, na verdade um convite feito pelo protagonista diretamente ao leitor , chamando para “Brincar de pensar”.
Nessa brincadeira despretensiosa, vamos percorrendo espaços juntos com o protagonista e aprendendo a despertar o “olhar” acostumado a tudo, a ver de forma diferente e, justamente por isso, a despertar a curiosidade adormecida num mundo de respostas já estabelecidas.
A importância de manter um olhar curioso sobre o mundo e a fazer perguntas, as quais mesmo que pareçam óbvias ou simples, despertam o pensamento, a reflexão.
Em determinado ponto do livro, aparece uma menina para dialogar com nosso protagonista menino. Os dois juntos assumem a narrativa compartilhada e descobrem como é necessário “prestar atenção”, por exemplo, ao mundo e às coisas que nos rodeiam.
Aprendem, através do mundo real, da observação por meio de um olhar atento, a diferenciar conceitos como realidade, imaginação, perspectiva – o ponto que é observado e que muda de acordo com a localização do observador e por aí vai.
A ilustração precisa, informal e clara proporciona a leitura perfeita dos conceitos que são transmitidos de maneira acessível.
E num mundo tão complicado, encontramos em “Filosofia brincante” o estímulo necessário para despertar a curiosidade e o hábito de refletir e trocar ideias com o outro, mesmo que não seja para concordar, mas também aprender que discordar faz parte da “brincadeira”, afinal o ato de pensar, entre “sins” e “nãos”, é que nos faz crescer e tornar a vida mais alegre e rica de significados.
Se você quer percorrer um caminho repleto de significados e que facilite ou desperte em seu pequeno leitor a curiosidade pelo mundo e sua habilidade em construir ideias a partir de palavras, “Filosofia brincante” merece um lugar de destaque na sua estante!