Cultura do Narcisismo: a vida americana em uma era de expectativas
O livro “A cultura do Narcisismo: a vida americana em uma era de expectativa”, de Christopher Lasch, foi publicado pela primeira vez em 1979 e foi um livro de muito sucesso, tornando o autor uma celebridade, crítica que ele mesmo faz ao longo do seu livro. O livro foi premiado. Esse sucesso rendeu a Lasch audiências com o presidente norte-americano Jimmy Carter, vencedor do National Book Award. O livro foi muito lido; no entanto, foi considerado muito controverso. Mas devo dizer a vocês que acompanham este site que o livro é ótimo apesar de todas as discordâncias e concordâncias que podemos ter.
E. J. Dionne Jr., que assina o prefácio com o título “Em defesa da vida comum”, escreve o seguinte sobre o livro:
“O narcisismo é uma ideia difícil que parece fácil – um bom recipiente para confusões”. Lasch escreveu em seu livro o seguinte. O Mínimo Eu, ao tentar se dar conta das muitas (e más) interpretações motivas por essa obra. Ele ofereceu uma definição concisa e provisória do termo; ‘ disposição de ver o mundo como um espelho, mais particularmente, como uma projeção dos próprios medos e desejos. (pág. 34)
Christopher Lasch constatou que a neurose e a histeria que caracterizavam as sociedades do início do século XX deu ligar ao culto ao indivíduo e à busca pelo sucesso pessoal e o dinheiro. E nos dias de hoje podemos chegar à conclusão de que o narcisismo ganhou força e a sociedade americana tornou-se ainda mais narcísica. Vamos combinar que isso vale (em menor escala) para o Brasil também com o advento das redes sociais.
O livro atraiu críticas de feministas e dos antigos amigos de Lasch da esquerda. E apoio dos conservadores, embora discordassem do autor quanto aos seus princípios anticapitalistas.
“Este livro, contudo, descreve um modo de vida que está morrendo – a cultura do individualismo competitivo, cuja derrocada transformou a lógica individualista em uma guerra de todos contra todos, e a busca da felicidade em um beco sem saída de preocupação narcísica com o self. Estratégias de sobrevivência narcísicas se apresentam hoje com emancipação das condições repressivas do passado, dando origem a uma nova “revolução cultural” que reproduz os piores elementos da civilização em colapso que ela diz criticar. O radicalismo cultural está tão em voga, e é tão pernicioso seu apoio inconsciente ao status quo, que qualquer crítica da sociedade contemporânea, se não quiser ser superficial, deve criticar também boa parte do que hoje entende por radicalismo” (pág. 48; pág. 49)
O livro faz um estudo das mudanças econômicas na América no final do século XIX e do século XX, onde a “patologia psicológica do narcisismo” foi normalizada.
“O homem econômico deu lugar em nosso tempo ao homem psicológico – o produto final do individualismo burguês. O novo narcisista é assombrado não pela culpa, mas pela ansiedade. Ele não busca inculcar suas próprias certezas nos outros, mas encontrar um sentido na vida. Liberto das superstições do passado, ele duvida até mesmo da realidade de sua própria existência. Tranquilo e tolerante na superfície, vê pouca utilidade nos dogmas da pureza étnica e racial, mas ao mesmo tempo abdica da segurança das lealdades de grupo e encara todos os outros como rivais na disputa pelas benesses concedidas por um Estado paternalista. Sua conduta sexual é permissiva ao invés de puritana, muito embora a emancipação dos tabus antigos não, lhe traga paz sexual. Avidamente competitivo em seu desejo de aprovação e aclamação, ele não confia na concorrência, pois associa-a inconscientemente a uma ânsia desenfreada de destruição”. (pág. 49)
A crise da década dos anos 1970 foi um evento definidor da segunda metade do século XX. Ao longo de quase duas décadas em que o sistema monetário global (conhecido como o acordo de Bretton Woods) havia se estabelecido durante a Segunda Guerra. O padrão ouro foi abandonado, houve a separação do dólar americano com o padrão ouro. Houve quatro recessões econômicas, duas crises energéticas e a implementação sem precedentes em tempos de paz de controle de salários e preços. Foi o maior fracasso da política macroeconômica americana no período pós guerra do Vietnã.
A crise política do capitalismo na década de 1970 refletiu uma crise geral da cultura ocidental, manifestando-se na desesperança generalizada de compreender o curso da história moderna ou submetê-la a um controle racional. O liberalismo perdeu a capacidade de explicar os acontecimentos. Além do fracasso político, o liberalismo também enfrenta o fracasso intelectual. Desemprego e inflação são binômios dessa difícil explicação.
“A vida americana em uma era de expectativa” é o subtítulo do livro. Lasch aborda algumas premissas que estão apoiadas nos fenômenos culturais, artísticos e sociais na América, incluindo os movimentos feministas ao Weather Underground.
Para quem não conhece, Weather Underground (W.U.O.) foi uma organização militante marxista que começou a atuar em 1969 cujo objetivo era criar um partido revolucionário nos Estados Unidos. Foi considerado pelo FBI como um grupo terrorista que se opunha à Guerra do Vietnã. Um de seus principais feitos foi liderar a manifestação contra o julgamento dos “Sete de Chicago”. Em 1970, o Weather Underground declarou guerra contra o governo do E.U.A.
A revolução interior ocorrida nos anos 1970 foi o resultado do radicalismo da década anterior, incapaz de dialogar com as questões culturais ou da qualidade da vida pessoal, baseando-se na crença de que o crescimento pessoal poderia ficar para depois da revolução. A esquerda, segundo Lasch, serviu muitas vezes de refúgio contra os terrores da vida interior.
“A política radical preencheu vidas vazias, atribuindo-lhes propósito e significado. Em sua memória sobre o grupo radical Weatherman, Susan Stern descreveu a atratividade em termos da própria psiquiatria e da medicina do que da religião. Quando tentou descrever seu estado mental durante os protestos de 1968 na Convenção Democrata em Chicago acabou falando de sua saúde. “ Eu me sentia bem...Sentia o corpo magro e forte e esguio, pronto para correr diversas milhas, e minhas pernas se moviam com agilidade e decisão”. Algumas páginas depois, ela diz: Eu me sentia real”. Ela explica diversas vezes que o envolvimento com pessoas importantes a fazia se sentir importante. “ Eu me sentia parte de uma ampla rede de pessoas intensas, brilhantes e estimulantes”. Quando os líderes que ela falava a decepcionavam, como sempre acontecia, ela procurava novos heróis para substituí-los, esperando encontrar conforto em seu “brilhantismo” e superar a sensação de insignificância. Na presença deles ela se sentia “forte e robusta” – mas após o episódio seguinte de desencantamento, ela se sentia repelida pela “arrogância” daqueles que antes admirava (pág. 59)
Segundo Christopher Lasch, desde a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos produziram um tipo de personalidade com as definições clínicas de “narcisismo patológico”. Essa patologia difere do narcisismo cotidiano hedonista, mas traz um diagnóstico clínico de transtorno da personalidade. Ele identifica esses transtornos nos movimentos políticos radicais da década de 1960, bem como nos cultos e movimentos espirituais.
“Após o turbilhão político dos anos de 1960, os estadunidenses buscaram refúgio em preocupações meramente pessoais. Não tendo esperança de melhorar suas vidas de modo significativo, as pessoas se convenceram de que o importante é o aprimoramento psíquico: conectar-se com os próprios sentimentos, comer comida saudável, participar de aulas de balé ou danças do ventre, banhar-se de sabedoria oriental, correr aprender a “estabelecer laços” superar seu “medo do prazer”. Embora inofensivos por si só, esses propósitos, se convertidos em programas embebidos da retórica da autenticidade e consciência, implicam o abandono da política e o repúdio ao passado recente. De fato, os estadunidenses parecem querer esquecer não só nos anos 1960, as revoltas da nova esquerda, os protestos nos campi universitários, o Vietnã, o caso Watergate e a gestão Nixon, mas todo o passado coletivo, até mesmo a versão asséptica celebrada durante o Bicentenário da Independência em (1976). O filme dorminhoco, de Woody Allen, lançado em 1973, captou com precisão o clima da década de 1970. Apresentando – muito apropriadamente – como uma paródia de ficção científica futurista, o filme encontra muitos modos de transmitir a mensagem de que “as soluções políticas não funcionam”, como Allen anuncia sem rodeios em dado momento. Quando perguntado sobre o que ele acredita, Allen , tendo descartado a política, a religião e a ciência, declara: “ acredito no sexo e na morte – duas experiências que só ocorrem uma vez na vida.
Muitos dos detalhes no relato de Stern sobre Weathermen soariam familiares para estudantes de mentes revolucionárias de períodos anteriores: o fervor de seu comprometimento revolucionário, os embates intermináveis acerca de ínfimos detalhes do dogma político, a impiedosa “autocrítica” à qual os membros da seita se submetiam constantemente, a tentativa de remodelar todas as facetas da própria vida em conformidade com a fé revolucionária. Mas todo o movimento revolucionário partilha a cultura de seu tempo e, nestes casos, tal cultura abrigava elementos que a identificavam imediatamente como produto da sociedade estadunidense em uma era expectativas decrescentes. A atmosfera em que os Weathemen viviam – de violência, perigo, drogas , promiscuidade sexual e caos físico e moral – tinham menos a ver com a tradição revolucionária e mais com o tumulto e a angustia narcísica dos E.U.A. na contemporaneidade.” ( pág. 59; pág. 60)
O homem psicológico do século XX, segundo Lasch, não busca autoengrandecimento, nem a transcendência espiritual, mas a paz mental. Tendo desbancado a religião enquanto estrutura organizada da cultura, a visão terapêutica também ameaça desbancar a política, último refúgio da ideologia.
A terapia, segundo Lasch, se estabeleceu como sucessora tanto do individualismo rude quanto da religião. A terapia tornou-se uma nova religião.
“Os terapeutas se consolidaram como sucessores do individualismo rústico da religião. Mas isto não significa o “triunfo da terapêutica se tornou uma nova religião em si. ”A terapia constitui uma antirreligião, nem sempre é verdade, por aderir as explicações racionais ou métodos científicos de cura, como seus praticantes gostaríamos que acreditássemos, mas porque a sociedade moderna “não tem futuro” e, portanto, não pensa em nada além de suas necessidades imediatas”. (pág. 66)
O principal objetivo do terapeuta, segundo Lasch, não era ajudar você a esculpir um futuro, mas sedá-lo. Ele sugere que não olhemos para o futuro, mas que o paciente se concentre em suas emoções do presente. Seu papel é de aliviar a angústia do homem sobre o futuro e o propósito de sua vida. O terapeuta é encarregado do pesado fardo de dar boas respostas e empoderar os pacientes.
No entanto, Lasch argumenta que o terapeuta faz o oposto, reduz o homem cada vez mais. O significado do amor, por exemplo, é útil na medida em que preenche as necessidades emocionais do paciente, ou seja, do indivíduo.
“Mesmo quando os terapeutas falam da necessidade de “amor” e “significado”, eles definem amor e significado simplesmente como a realização dos requisitos emocionais do paciente. Raramente passa pela cabeça deles – e tampouco haveria motivos para tanto, dada a natureza da empreitada terapêutica – estimular o paciente a sujeitar seus interesses a necessidades aos do outros, aos de alguém ou a de alguma causa ou tradição externa a si. O “amor” enquanto autossacrifício ou autodegradação, o “significado” enquanto submissão a uma lealdade superior – essas sublimações parecem a sensibilidade terapêutica, intoleravelmente opressivas ofensivas ao senso comum e injuriosas à saúde e ao bem-estar pessoais. Libertar a humanidade dessas concepções ultrapassadas de amor e dever passou a ser a missão das terapias pós-freudianas e, sobretudo, de seus convertidos e divulgadores, para a saúde mental é sinônimo da destituição de inibições e de gratificação imediata a todos os impulsos. (pág. 66; pág. 67)
Lasch extrai sua concepção de narcisismo de Sigmund Freud, que descreveu o narcisista como um ser torturado movido pelo ódio de si mesmo. Ele tenta compensar esse ódio, criando uma fantasia de um eu todo-poderoso, que anseia pela aprovação dos outros para autenticar sua fantasia narcisista. Lasch detectou esse processo psíquico através da cultura popular do século XX. O fascínio pela fama e celebridade, o medo da competição, a superficialidade e a qualidade transitória das relações pessoais, e o horror ao envelhecimento.
O magnetismo pessoal, qualidade que suspostamente permitia a um homem influenciar e dominar outros, tornou-se peça-chave principal para o sucesso. O gerenciamento das relações interpessoais passou a ser visto como a essência do progresso pessoal. O projetor do pensamento positivo, o sucesso passou a ser um fim em si.
Desejam ser admirados, em alguns momentos não a fama, mas o glamour e a excitação da celebridade. Em vez de respeitado. A maioria dos americanos, segundo Lasch, define o sucesso como uma combinação de riqueza, fama e poder, sem se preocupar em nenhum instante com a essência das realizações. As pessoas, segundo as palavras de Daniel Boorstin, falam o tempo todo não de si, mas de suas imagens.
Vemos aqui, como um exemplo bem óbvio, Donald Trump, o homem amante dos elogios, o homem ávido por plateias amigáveis, o criador de um mundo onde ele está sempre no centro. A necessidade de Trump por elogios é insaciável. Sofre de um desconforto com a verdade. Donald Trump é a própria definição da história de sucesso do narcisismo americano.
A tentativa de civilizar as massas deu origem a uma sociedade dominada pelas aparências, a sociedade do espetáculo. Essa sociedade exalta o consumo como alternativa ao protesto e à rebelião. A alienação é transformada em mercadoria. O consumo é uma espécie de cura que tem como propósito apaziguar toda a infelicidade. No entanto, ela exerce nocivas formas de infelicidade, como insegurança pessoal. A publicidade institucionaliza a inveja e as ansiedades que as acompanham.
A publicidade começou no início do século XX, uma revolução que perdurou até os dias de hoje. A indústria da publicidade estimulou uma pseudoemancipação, associa-se e finge se associar às mulheres contra a opressão masculina, e os jovens contra a autoridade dos pais.
A educação de massas alterou o equilíbrio dentro da família, fragilizando a autoridade dos pais em relação aos filhos:
“A propaganda das mercadorias cumpre uma função dupla. Em primeiro lugar, exalta o consumo como alternativa ao protesto e a rebelião. Paul Nystrom, um dos pioneiros no estudo de marketing moderno, apontou que a civilização industrial dá à luz uma “filosofia da futilidade”, uma fadiga difusa, “uma decepção com as conquistas” que encontra uma válvula de escape na substituição das “coisas mais superficiais, nas quais a moda impera”. O trabalhador cansado, em vez de tentar mudar suas condições de trabalho, busca renovar-se tornando seu entorno mais aprazível com a obtenção de novos bens e serviços.
Em segundo lugar a propaganda do consumo transforma a própria alienação em mercadoria. Dirige-se à desolação espiritual da vida moderna e oferece consumo como cura. Não só promete apaziguar toda a velha infelicidade de que serve a carne é herdeira: “ ela criou ou exacerba novas formas de infelicidade como insegurança pessoal, a ansiedade relativa ao status, a ansiedade dos pais quanto a sua capacidade de atender, as necessidades dos seus rebentos. Seus vizinhos acham você desleixado? Seu carro é pior do o deles? Os filhos deles são mais saudáveis, mais populares, vão melhor no colégio? A publicidade institucionaliza a inveja e as ansiedades que a acompanham.” (pág. 145; pág. 146)
O contrato do casamento perdeu o seu caráter vinculatório, segundo muitos estudiosos, amparar as relações sexuais em algo mais sólido que a obrigação legal:
“Em resumo, a determinação crescente de viver para o momento independentemente do seu impacto na relação entre pais e filhos, parece ter estabelecido as pré-condições para uma nova intimidade entre homens e mulheres.” (pág. 297)
A deterioração do casamento contribui, segundo Lasch, à sua própria maneira para a deterioração do cuidado com os jovens (filhos).
Lasch aborda a batalha dos sexos, que, segundo ele, tem uma história própria. E a culpa resulta na transformação do capitalismo de um formato paternalista e familiar para um sistema gerencial, corporativo. A morte do cavalheirismo é um primeiro sintoma. O cavalheirismo mascarava a opressão masculina.
O véu das convenções da cortesia que recobriam a submissão das mulheres foi retirado, o que tornou mais difícil a relação entre homens e mulheres. A supremacia masculina foi se tornando ideologicamente insustentável, sem possibilidade de se contestar este fato. Claro que existem benefícios e fardos da libertação. Mulheres já não são tratadas como damas.
A interdependência entre homens e mulheres continuou por mais algum tempo, mesmo após o fim da autoridade patriarcal. As mulheres começaram a rejeitar e a sair do altar da adoração sentimental masculina.
A desmistificação da condição feminina anda de mãos dadas com a dessublimação da sexualidade. Contraceptivos eficientes, aborto legal. Tudo isso em nome de uma concepção realista de relacionamento, ou seja, a dissociação do sexo do amor, do casamento e da procriação. Agora, homens e mulheres buscam prazer sexual como um fim em si mesmo, sem os adornos convencionais do romance. Casamentos podem ser encerrados à vontade. O prazer sexual entre homens e mulheres tornou-se um fim em si.
Antes os homens reclamavam da falta de resposta sexual das mulheres; agora sentem-se intimidados por essa resposta temendo ser incapazes de satisfazê-las. A performance sexual se torna uma arma de guerra entre homens e mulheres.
O feminismo impôs novas exigências quando eles forem incapazes de atendê-las. As mulheres perderam a confiança nas convenções, perderam a capacidade de buscar refúgio na segurança das convenções.
A raiva desenvolvida pelas mulheres em relações aos homens, segundo Christopher Lasch, não vem apenas das decepções eróticas ou da consciência da opressão, mas da percepção do casamento como uma armadilha final. A rotina definitiva em uma sociedade rotineira, a manifestação suprema da banalidade que sufoca a vida moderna.
Na vida cotidiana, “o inimigo de classe” se apresenta como amante, marido ou pai, de quem as mulheres passam exigir coisas que os homens no geral são incapazes de fornecer. A contradição, muitas vezes inevitável, é que muitas vezes as mulheres se sentem intoleravelmente oprimidas, mas encaram os homens não só como opressores, mas como amigos e amantes.
Uma lésbica confessa: “Os únicos homens com quem tive sexo prazeroso foram aqueles que eu não dava a mínima. Eu conseguia me soltar, porque não me sentia vulnerável” (pág. 312; pág. 313)
Embora marxista, suas abordagens passam longe de uma abordagem de esquerda. Ele culpa a esquerda americana progressista de minar as estruturas familiares tradicionais, o que, segundo ele, causou uma instabilidade na cultura americana. Ao mesmo tempo é duro com o liberalismo de mercado, que, segundo ele, tende a desestabilizar ou destruir as comunidades tradicionais. A cultura dos negócios da América nutre um narcisismo na medida em que fornece ao narcisista a aprovação de que precisa validar sua autoestima ganhando dinheiro.
Assim como recebeu críticas dos conservadores por suas análises econômicas críticas ao capitalismo. E diz que o liberalismo precisa de ajustes conceituais. Uma nova oligarquia aparece ditando todas as regras. A vitória de Donald Trump é marca dessa nova oligarquia.
O livro está meio antigo, mas não podemos deixar de mencionar que o autor morreu muito novo, com 62 anos, no início da década de 1990. Muita água passou por baixo dessa ponte. Chamo a atenção para o aparecimento das mídias sociais, que exacerbaram o narcisismo dos nossos dias.
No entanto, posso dizer sem pestanejar: “A Cultura do Narcisismo: a vida americana em uma era de expectativas”, de Christopher Lasch, merece um lugar de “HONRA” na sua estante.