O Equívoco
Quem me segue no Facebook está vendo que Albert Camus tem ocupado um lugar privilegiado nas minhas leituras. A peça de Camus de que falaremos chama-se “O Equívoco”. Comparada à “Calígula”, “O Equívoco” é uma obra mais simples, mas de maneira alguma deve ser desprezada. É uma ótima leitura. E deve ser lida com cuidado.
Assim como “Calígula”, a minha edição de “O Equívoco” é de Portugal, e vocês poderão às vezes perceber que algumas frases carregam o sotaque português. Mas nada invalida a excelente tradução e a ótima dramaturgia. É uma tragédia. Tem três atos. Foi escrita no período da Segunda Guerra Mundial. E foi publicada durante a Ocupação alemã, em maio de 1944. A peça fez sua estreia um mês depois. Mas o texto foi retrabalhado várias vezes antes de chegar à versão final em 1958.
O enredo de “O Equívoco” é o retorno de um homem chamado João à sua cidade natal. Ele havia deixado a mãe e a irmã para ir vencer na vida. E conseguiu. Muitos anos depois ele volta já casado, rico e muito bem-sucedido e tem o desejo de rever a família que ele havia deixado para trás. Ao encontrar sua mãe e sua irmã, ambas não o reconhecem. Elas gerenciavam uma pensão. Há um problema de comunicação entre todos. Ele se oculta na pensão como hóspede. O grande “equívoco” é que a mãe e a irmã não o reconhecem e acabam matando-o para roubar o seu dinheiro. Ao descobrir que matara o filho, ela se mata e a irmã se mata logo depois.
A peça é dividida em três atos. O primeiro ato da peça é a apresentação dos personagens. E a história se concentra em três personagens principais: Marta, a Mãe e João. A trama se passa em uma pequena cidade em uma pensão localizada em algum lugar na Europa Central, onde o clima é cinzento, frio e chuvoso. O clima aqui tem um papel relevante na história. Essa pensão é administrada por duas mulheres, Marta e sua Mãe. Tanto a mãe como sua filha, Marta, alimentam o desejo de sair daquele lugar.
Essa história foi baseada em uma notícia de jornal em 1937: uma mãe sérvia que matou o próprio filho por engano. “O Equívoco”, no entanto, que tem João como o personagem central da história, é a metáfora da fábula do filho pródigo que após anos de ausência decide reencontrar o colo materno. Essa volta carrega a simbologia da nostalgia de um paraíso perdido que, segundo Camus, é um anseio da alma humana. À procura de um “Eden” que possa justificar suas dores e frustações, o filho (João) retorna e o que ele encontra não é o que ele projetava. Sua mãe e sua irmã (Marta) não o reconhecem e aceitam a sua estadia com a firme convicção de matá-lo e roubar o seu dinheiro para alcançar uma outra nostalgia. Ir para um lugar de praia.
“Marta: Ah, mãe! Quando tivermos muito dinheiro e pudermos abandonar essas terras sem horizonte, quando deixamos atrás de nós esta cidade chuvosa, e esquecermos este país de sombra, no dia em que enfim estivermos diante do mar com o que eu tenho sonhado, tanto nesse dia ver-me - a sorrir! Mas é necessário muito dinheiro para viver livre junto ao mar. É por isso que não devemos ter medo das palavras. É por isso que nós devemos preocupar com aquele de quem estamos à espera. Se ele for bastante rico, talvez que a minha liberdade comece por ele.
Mãe: Se for rico, e não tiver família...
Marta: Sim , se não tiver família, pois é um homem sem ninguém o que nos interessa. Ele disse-lhe muitas coisas , mãe?
Mãe: Não. Apenas me disse meia dúzia de palavras
Marta: Com que a ele lhe pediu um quarto?
Mãe: Não sei. Como já vejo mal, não reparei bem nele. Sei por experiência própria que é preferível não os lixar muito. É mais fácil matar o que não se conhece (pausa) alegra-te! Agora já não tenho medo das palavras.
Marta: É melhor assim. Não gosto muito de meios termos. O crime é o crime, é preciso saber-se o que se quer. E parece-me que a mãe o sabia quando atendeu este viajante, visto que nessa altura pensou nisso...
Mãe: Não é justo dizeres-me o que pensei!... mas o hábito tem uma grande força...
Marta: O hábito? Mas a mãe foi a primeira a dizer que as ocasiões têm sido raras...
Mãe: Sem dúvida, mas o hábito começa ao segundo crime. Com o primeiro, nada começa: é, antes, qualquer coisa que finda. E além disso, se têm sido raras as ocasiões, elas têm-se prolongado por muitos anos – e o hábito fortaleceu-se com a recordação. Sim de fato, o hábito que me obrigou a responder a este homem, que me advertiu que o não olhasse, que me garantiu que ele tinha a expressão de vítima
Marta: Mãe é preciso matá-lo. (pág. 179; pág. 180; pág. 181)
Existe entre a mãe e Marta (sua filha) uma cumplicidade criminosa, elas matam os seus hóspedes.
“Marta: Li num livro que o sol até devora as almas, e que torna os corpos resplandecentes, e vazios por dentro.
Mãe: E é isso que te faz sonhar?
Marta: Sim, é que estou cansada do peso da minha alma, e anseio por encontrar o país onde o sol mata todas as perguntas. O meu lugar não é aqui.” (pág. 184)
O desejo de Marta é deixar aquele lugar para ir para um país onde ela poderia encontrar o sol, o mar, o calor das praias, o que para ela é uma referência de felicidade, um futuro idealizado que a frieza e as sombras daquele lugar onde elas viviam.
O criado da “pensão” (vamos chamar assim), que entra e sai das cenas calado e murmurando, é a testemunha dos atos das mulheres.
Quando João entra na pensão, ele tenta mostrar à mãe e à irmã suas reais intenções. No entanto, quando chega, há um problema de comunicação entre eles:
“João: Sim é aqui. Já l[a se vão vinte anos que eu sai por esta mesma porta. A minha irmã era ainda uma criança: brincava ali, naquele canto... A minha mãe não veio dar-me um beijo... Nesse tempo julgava eu que tudo isso me era indiferente...
Marta: João custa-me acreditar que elas não tenham reconhecido imediatamente. Qualquer mãe reconhece sempre o seu filho, é o mínimo que se pode pedir de qualquer mãe.
João: Sim, mas vinte anos de separação mudam as coisas... Eu fui-me embora e a vida não parou. Minha mãe envelheceu... foi perdendo a vista... e eu próprio tive dificuldade em a reconhecer.
Marta (com impaciência): Bem sei. Tu entrastes, e deste bom dia, sentaste-te, e... e esta sala não se parece com a outra de que tu lembravas.
João: A minha memória atraiçoou-me ... Receberam-me sem uma palavra: trouxeram-me a cerveja que eu pedi; olharam-me, mas não me viram. Ah, era tudo afinal mais difícil do que eu julgara...
Maria: Tu bem sabes que não era difícil, e que basta tu abrires a bocas para tudo se esclarecer. Em casos assim, o que se diz é: “Sou eu” – e pronto, tudo entra na ordem.
João: Sim tens razão, mas ... e a minha imaginação ardente? A mim que esperava uma migalha do pão do filho pródigo, deram-me a cerveja que paguei, que paguei com o meu dinheiro. E isso me deixou sem fala. Pensei que tinha o dever de continuar.
Marta: Não, não tinhas nada que continuar. Essa era mais uma de suas ideias... quanto afinal teria bastado uma palavra tua.
João: Não, Maria, não era uma ideia: era a força das circunstâncias. Eu sou um dos que confiam no poder das circunstâncias. Aliás, não sou assim tão precipitado como tu julgas... Eu vim aqui trazendo nas mãos a minha fortuna e, se ela é possível, a felicidade. Quando soube da morte do meu pai compreendi que tinha responsabilidades para com elas as duas , minha mãe, minha irmã e, uma vez que o compreendi, fiz o que me cumpria. Mas já vejo que não é assim tão fácil como se diz regressar à nossa casa, que é preciso um pouco mais de tempo para fazer de um estranho um filho...” (pág. 186; pág. 187; pág. 188)
Ao longo desse primeiro ato, João tenta em vão fazer com que a mãe e Marta entendam que ele é o filho e o irmão que ela um dia já conheceram. No entanto, a falta de palavras mais claras o impede de revelar sua verdadeira identidade. João está querendo que elas o reconheçam:
“João: Não sejas injusta, Maria. Eu não tenho necessidade delas compreendi que elas é que deviam ter necessidade delas, compreendi que elas é que deviam ter necessidade de mim e que um homem nunca está só...” (pág. 189)
Marta e a mãe, sem saber com quem estavam lidando, decidiram que deveriam matá-lo e depois roubá-lo, como fazem com a maioria dos viajantes ricos que passam pela pensão. O plano está praticamente feito. No entanto, é adiado porque João começou a despertar uma certa curiosidade em relação à sua própria mãe.
“Mãe: Tu és uma boa rapariga, e eu calculo quanto uma mulher velha é, às vezes, difícil de compreender. Mas quero aproveitar este momento para te dizer, o que, desde há bocado ando para te dizer: não esta noite...
Marta: Pois quê?! Teremos de esperar, então pelos dias dia de amanhã?... Nunca a mãe procedeu assim, bem o sabe: e também sabe que é preciso não lhe dar tempo a que veja seja quem for, que precisamos agir antes que ele nos fuja.
Mãe: Pois sim. Mas não esta noite... Deixemos-lhe esta noite. Concedamos-lhe este adiamento. É nele que depende talvez a nossa salvação .
Marta: Nós não temos nada que nos preocupar com a nossa salvação, essa ridícula palavra. O mais que a mãe pode esperar é conquistar, por meio do trabalho desta noite, o direito a descansar em seguida.
Mãe: Ora a[í está o que eu chamo estar salva: não perder a esperança de poder dormir.
Marta: Se assim é, juro-lhe que a salvação está nas nossas mãos, mãe, temos que acabar com esta indecisão: - Ou será esta noite ou nunca! (pág. 222; pág. 223)
A mãe pede um adiamento, Marta quer acabar com isso o mais rápido possível. Enquanto isso, a mulher de João, Maria, entra em seus pensamentos:
“João: Maria tem razão, esta hora é de fato difícil. (pausa). O que estar´[a ela a fazer e a pensar, no quarto de hotel, o coração parado e os olhos secos, toda ela enrolada no fundo de uma cadeira?... na nossa terra as noites são promessas de felicidade. Mas aqui, pelo contrário... (Olha em redor do quarto). Mas esta inquietação não tem razão de ser. É preciso saber o que se quer. É neste quarto que tudo será decidido...” (pág. 227)
No Segundo Ato, o assassinato começa a tomar forma. Os três (Marta, João e a mãe) não conseguem estabelecer uma comunicação. Caso isso tivesse acontecido, tudo estaria resolvido, só que não.
Uma discussão continua entre João e sua irmã Marta:
“Marta: O senhor bem vê que não pode responder como toda a gente, embora esteja convencido de que pode harmonizar tudo.
João (sorrindo): É preciso que me vá habituando. Dê-me tempo. (pág. 228)
E uma discussão final se estabelece entre os dois:
“João: Estranho muito a sua maneira de falar. Mas ficarei, caso possa e a sua mãe não veja nisso um inconveniente.
Marta: os desejos de minha mãe são menos fortes que os meus, como é natural. Ela não tem as mesmas razões que eu, para desejar sua presença. Não pensa o suficiente no mar e nas praias selvagens para admitir que a sua estadia seja necessária aqui. Esta é uma razão que não tem valor senão para mim. Mas, ao mesmo tempo, a minha mãe não tem motivos bastante fortes para se me opor, e isso chega para arrumar a questão.
João: Se eu compreendi mal, uma recebe-me por interesse e a outra por indiferença?
Marta: Que mais pode pretender um hóspede? Há, contudo, uma certa verdade no que diz.
João: Devo, portanto, alegrar-me por isso. Mas há de concordar que tudo aqui é misterioso, tanto as pessoas como a sua maneira de falar. Esta casa é bastante estranha.
Marta: Talvez seja apenas o senhor que se comporta de maneira estranha. (pág.236; pág. 237; pág. 238)
Essa conversa influenciará decisivamente Marta a levar o seu plano de assassinato adiante, ou seja, matar o rico viajante João. Marta, irmã de João, não consegue perceber sua relação com João, seu irmão há muito desaparecido.
“João: Sim... talvez seja assim... (caminha em direção à cama e senta-se) Mas esta rapariga provoca-me o desejo de partir de ir e ter com Maria e vir a ser de novo feliz. Nada disto tem sentido. Que faço eu aqui? Não, eu tenho obrigação de velar por minha mãe e minha irmã. Esqueci-as durante muito tempo (levanta-se). Sim , é neste quarto que tudo será decidido. Como ele é frio, agora! Nem o reconheço, tudo foi mudado. Agora parece-se com todos os quartos de hotel das cidades estrangeiras, onde todas as noites chegam homens sozinhos. Também passei por isso. Nesse tempo estava convencido de que era possível encontrar uma resposta. Talvez a encontre aqui. (Olha para fora). O céu escurece. É assim que todos os quartos de hotel onde todas as horas da noite são difíceis para um homem que está só. Eis que no mais fundo de mim que se agrava a cada movimento meu. Bem sei do que se trata. É o medo da eterna solidão, o receio de que não haja uma resposta. E quem poderia dar-nos a resposta num quarto de hotel? (Silêncio)”. (pág. 238; pág. 239)
Uma discussão final acontece entre João e sua mãe. Percebe-se que a mãe fica cada vez mais receptiva ao filho João. João bebe o chá envenenado:
“Mãe: E o senhor bebeu-o?
João: Bebi-o porquê?
Mãe: Desculpe, mas desejava retirar a bandeja.
João (sorrindo): Lamento que esta chávena de chá dê origens a tantas complicações...
Não é bem assim. É que na realidade, este chá não era para si.
João: Ah! É então, isso? A sua filha trouxe-me sem lhe ter pedido?
Mãe (com uma espécie de lassidão): Sim é isso. Teria sido melhor..., mas enfim, quer o que tenha bebido ou não tem grande importância.
João (surpreendido) Pode crer que lamento muito, mas sua filha quis deixá-lo e eu não julguei que...
Mãe: Também lamento. Mas não quero que de maneira nenhuma que me peça desculpa. Trata-se apenas de uma confusão. (arruma a bandeja e vai para sair.
João: Minha senhora!
Mãe: Diga
João: mais uma vez peço desculpa. Mas acabo de tomar uma decisão: partirei esta noite, depois do jantar. Pagar-lhe ei o quarto evidentemente. (ela olha-o em silêncio). (pág. 243; pág. 244)
João bebe o chá envenenado. A mãe se arrepende e gostaria que nada disso tivesse acontecido. João fala à mãe dizendo que estava deixando a pensão porque não se sentia em casa, mas tem que ter certeza de que não sairá como um hóspede qualquer.
Quando João bebe o chá. não demora muito tempo para falecer. As duas decidem que vão enterrar João em uma ribeira:
“Marta: Não temos muito tempo para nos interrogarmos acerca da felicidade. Quando tiver calculado o tempo necessário, teremos ainda de percorrer o caminho que conduz a ribeira e verificar se não estará algum bêbado adormecido no fosso. Precisamos então de o levar rapidamente, e a mãe bem sabe que isso não é fácil. Teremos de parar muitas vezes antes de chegarmos na margem e o lançarmos o mais longe possível ao leito da ribeira. Deixe-me dizer-lhe uma vez mais que as noites não são eternas.” (pág. 255)
A mãe e Marta afogam o cadáver em uma ribeira, ajudadas pelo velho servo. Só que inesperadamente o velho servo faz uma descoberta reveladora.
“Marta: O que importa! Hoje é um grande dia! Olha, velho presta atenção. Ao passarmos deixamos cair os papéis do viajante e não tivemos tempo de os apanhar. Vai ser se os encontras (a mãe sai. O velho remexe debaixo da mesa e apanha o passaporte do filho: abre-o, examina-o e vai entregar aberto para a Marta)
Não quero isso para nada. Põe-no aí. Vamos queimar tudo. (o velho sai. Marta lê o passaporte muito lentamente e, sem nenhuma reação, chama com uma voz aparentemente calma)
Marta: Mãe!
Mãe: Que queres agora?
Marta: Venha cá. (A mãe entra. Marta entrega-lhe o passaporte).
Marta: Leia!
Mãe: Tu bem sabes que vejo mal.
Marta: leia! (mãe pega no passaporte. Vai sentar-se a uma mesa, abre-o e lê. Ficou muito tempo a olhá-lo.)
Mãe: Acabou-se, eu bem sabia que um dia o resultado teria e que então, necessidade seria desaparecer.
Marta: Mãe!
Mãe: Deixa Marta, eu já vi o bastante. Vivi muito mais tempo que o meu filho. O que não é justo. Agora já posso ir juntar-me a ele no fundo dessa ribeira onde as ervas cobrem o seu rosto.
Marta: Mãe! A mãe não vai me deixar sozinha... (pág. 263; pág. 264; pág. 265)
Mãe e filha têm reações muito singulares e violentas. A mãe acaba se afogando, se suicida por não suportar viver na memória da morte de seu filho. Marta reage violentamente contra sua mãe. Ao cometer o suicídio, ela a deixa sozinha. E seus sonhos de felicidade de um outro lugar se acabam e ela sente uma profunda resignação.
A esposa de João aparece à procura do marido. Ele havia rejeitado os conselhos dela para não procurar a família dele. Marta e a mãe haviam acabado de matar João.
“Marta: É difícil ser-se mais claro do que eu fui. Matamos o seu marido esta noite para lhe roubamos o dinheiro, como antes dele, já o fizemos com outros viajantes.
Maria: Então, tanto a mãe como a irmã dele eram...criminosas?...
Marta: Sim era esse o seu ofício.
Maria: sempre com o mesmo esforço. Já tinha percebido eu ele era o seu irmão?
Marta: Se o deseja saber, houve um equívoco. Por pouco que do mundo, não se admire.” (pág. 279; pág. 280)
Após confessar que havia matado seu irmão e o marido de Maria, ela se mata.
“Maria: ... E antes de a deixar para sempre, vejo que me falta fazer alguma coisa. Falta-me... desesperá-la.” (pág. 283)
Maria se desmorona em lágrimas e pede socorro a Deus. E nessa hora o velho criado entra em cena e pergunta para Maria:
“Velho criado: Chamou-me?
Maria: Oh, não sei! Mas ajude-me, preciso de alguém que me ajude. Tenha piedade, dê-me a sua ajuda.
O Velhos Criado: Não!” (pág. 286)
O criado é simplesmente, segundo Albert Camus, a representação do universo indiferente aos apelos feitos por nós, humanos. “O Equívoco”, de Albert Camus, merece um lugar de “HONRA” na sua estante.