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O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha - Volume 2

No segundo livro de “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote”, vemos Cervantes fazendo uma dedicatória ao Conde Lemos, dizendo que está mandando Quixote de volta ao mundo, pois “é grande a pressa que de infinitas partes me dão a que envie, para tirar a revolta e a náusea causadas por outro Dom Quixote, que com o nome de ‘segunda parte’ se disfarçou e correu pelo orbe”. Cervantes diz que rejeitou uma oferta do Imperador da China para ser reitor de um colégio de língua castelhana no qual a história de Dom Quixote seria o principal livro didático. Como o Imperador não mandou o adiantamento, Cervantes mandou seu enviado embora e decidiu recomendar seu trabalho ao Conde Lemos.

Cide Hamete Benegeli (alter ego de Cervantes, que é um historiador árabe, que escreveu Dom Quixote cuja obra vem de um texto antigo escrito e traduzido do árabe) escreve que, depois que Quixote voltou à sua aldeia natal, o padre e o barbeiro ficaram um mês sem visitá-lo. E finalmente voltam a procurá-lo e falam muito sensatamente sobre muitos assuntos diferentes – até começarem a discutir a guerra contra o Império Otomano. Quixote lhes diz que a melhor solução possível é chamar todos os cavaleiros da Espanha e enviá-los para a batalha.

 “- Que mais seria preciso, senão que Sua Majestade mande, por meio público pregão que se juntem na Corte, em dia determinado, todos os cavaleiros andantes que por Espanha vagueiam? Ainda que não viesse mais do que meia dúzia, alguns dentre eles poderia vir que sozinho bastasse para destruir o poderio do Turco” (pg 17)

Os dois homens perceberam que ele ainda acreditava em cavaleiros errantes e, portanto, continuava louco.

Como já foi dito, os ideais românticos de Quixote não são estéticos: ele deseja refazer inteiramente a sociedade. Diante disso, seu interesse pela guerra e a solução proposta são significativos. Ele acredita que os cavaleiros podem servir melhor ao império espanhol – não apenas por causa de sua força e coragem excepcionais, mas também por causa de sua convicção moral.

Quem vai Dom Quixote é Sancho Pança, para o desgosto de sua sobrinha e governanta, não dele, que celebra a sua presença. As duas mulheres preocupadas tentam impedir Sancho Pança de entrar na casa, temendo que ele lembre Quixote de suas maluquices. Sancho chega a pedido de Quixote, e o padre e o barbeiro se perguntam para onde toda essa loucura de Dom Quixote e seu escudeiro, com as suas histórias que são uma verdadeiras tramas de absurdos, vão levá-los.

Quixote pergunta a Sancho Pança o que as pessoas andam falando sobre ele. A resposta de Pança foi direta, ou seja, que ele estava sendo ridicularizado assim como ele (o escudeiro). Quixote recebeu a notícia muito bem, explicando que todos os heróis tinham falhas fatais. Sancho também conta que ouviu falar de um livro intitulado “O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha”, escrito por Cide Hamete Berinjela.

- “Asseguro-te Sancho – disse Quixote, - que deve ser algum sábio e feiticeiro o autor de nossa história, pois esses tais nada lhes fica encoberto do que desejam escrever.

- E como deve ser sábio e feiticeiro! – tornou Sancho, – porque (segundo diz o bacharel Sánson Carrasco, que este é o nome dele) o autor da história se chama Cide Hamete Berinjela!

- Esse nome é de mouro – comentou Dom Quixote.

- Deve ser mesmo – respondeu Sancho, - porque em quase nada toda a parte tenho ouvido comentários sobre quanto os mouros apreciam as berinjelas.

- Penso, Sancho – disse Dom Quixote, – que erras o sobrenome desse Cide, palavra que em árabe significa “senhor”.

- Bem poderia ser – replicou Sancho. – Mas se Vossa Mercê quiser que o faça vir aqui, irei buscá-lo num pulo. (pg27)

Quixote é a mente, e Sancho é o corpo. Daí, uma mistura de loucura (cegueira para a vida terrena) e tolice (uma cegueira para a vida das ideias). Essa amizade se aprofunda ao longo do livro e se transforma. Sancho ajuda a Quixote a adquirir um corpo, e Quixote ajuda Sancho a adquirir uma mente. Eles são profundamente gratos um ao outro; nada está perdido.

Sancho volta com Sansón Carrasco, o jovem estudante de Salamanca, que diz a Dom Quixote que ele se tornou o cavaleiro mais famoso do mundo, já que em toda parte se lê sobre suas maravilhosas aventuras, traduzidas para vários idiomas.

- Mas diga-me, Vossa Mercê, Senhor Bacharel: que façanhas minhas são as que mais se consideraram nessa história?

- Nisso respondeu o bacharel – há diferentes opiniões, assim como há diferentes gostos. Atêm-me uns à aventura dos moinhos de vento, que a Vossa Mercê parecem Briaréus e gigantes; outros, a pilões; este a descrição dos dois exércitos, que depois parecerem ser duas manadas de carneiros; aquele que encarece a do morto que levavam a enterrar era em Segóvia; um diz que todas se avantaja a da libertação dos galeotes; outro que nenhum se iguala a dois gigantes beneditinos, com pendência do valoroso biscainho. (pg 31)

 Mais adiante o diálogo prossegue:

... – Pelo que imagino – disse Dom Quixote –, não há história humana no mundo que não tenha seus altos e baixos, especialmente as que tratam de cavalarias, que nunca podem estar atulhadas de prósperos sucessos.

- Apesar disso – replicou o bacharel – dizem alguns que leram a história que folgariam se os autores dela tivessem esquecido de algumas das infinitas pauladas que em diversos encontros recebeu o senhor Dom Quixote.

- Aí entra a verdade da história – disse Sancho.

- Poderiam também silenciá-las, por equidade – comentou Dom Quixote –, pois não há motivo para descrever ações que não mudam nem alteram a verdade da história, desde que redundem em menosprezo do herói. Por minha fé que Enéias não foi piedoso como no-lo pinta Virgílio, nem Ulisses tão prudente como o descreve Homero.

Quixote pergunta a Carrasco se o livro descreve cada aventura em detalhes, esperando que tenha omitido algumas das mais embaraçosas. Mas Carrasco explica que os historiadores devem descrever os eventos com veracidade, enquanto os poetas podem descrever os eventos não como eles são, mas como deveriam ser.

- Assim é – concordou Sánson. – Mas uma coisa é escrever como poeta, e outra é escrever como historiador. O poeta pode contar e cantar as coisas não como foram, mas como deviam ser, mas como o foram, sem aumentar nem diminuir a verdade em ponto algum. (pg 31)

O bacharel só reclama apenas que a história inclui histórias irrelevantes, como “O Curioso Impertinente”.

“Não por ser má ou desarrozada, mas por não ser dali, nada tenho a ver com história de Sua Mercê, o senhor Dom Quixote”. (pg 33)

Quixote diz de uma vez que um livro sobre seus feitos deve ser glorioso e amado, e que muito poucas pessoas devem gostar de tal livro. Carrasco explica novamente que o livro é muito querido, embora alguns critiquem suas inconsistências: quem roubou o burro de Sancho Pança e quando foi devolvido? O que aconteceu com as moedas de ouro que Sancho encontrou na Serra?

Um dos principais temas da primeira história é a relação entre a vida de Quixote e os livros de Cavalaria. Agora, a própria vida de Quixote se tornou um livro de Cavalaria – de certa forma seu sonho se tornou realidade. A segunda metade da história descreve a relação entre sua vida e o livro de sua vida. Ele terá que lutar contra o seu próprio duplo literário, um subproduto fantasmagórico.

Dom Quixote está ansioso com esse duplo. Ele se parece com o personagem lido nos livros no melhor (o herói dos romances de Cavalaria) e no pior aspecto (as loucuras narradas por terceiros de toda a sua jornada).  Carrasco, o universitário de Salamanca, nos conta várias coisas muito importantes em relação ao primeiro volume da história. Em primeiro lugar, os leitores de todas as idades e classes sociais gostam dele. Carrasco diz que todos os cavalos magros se tornaram Rocinantes. As aventuras de Quixote transformaram a maneira como as pessoas vivenciam o mundo ao seu redor – dessa forma pequena, mas implicitamente também de maneiras maiores.

Com o sucesso do primeiro volume da história, os críticos apontaram algumas lacunas e inconsistências, sendo a principal delas o misterioso reaparecimento do burro que nunca desapareceu. Cervantes aproveita para esclarecer algumas das inconsistências se utilizando de Sancho como porta-voz. Com o aparecimento da palavra “quixotesco”, podemos notar o início da autoconsciência literária em Sancho Pança e Dom Quixote, eles agora concebem as suas aventuras como ações e pontos de trama.

Dom Quixote planeja outra saída para desespero da sobrinha e da governanta que tentam convencê-lo de que as histórias sobre cavaleiros andantes não são verdadeiras e que ele caiu em uma rede de ilusões sobre sua idade, força e status mundano. Quixote explica que status é algo flexível (não com essas palavras, é óbvio): o status é uma coisa que pode estar em alta ou pode estar em descrédito. Hoje em dia as famílias são grandes porque mostram virtude, “riqueza e generosidade”: homens ricos não possuem essas qualidades, ao passo que os homens pobres são mais virtuosos e educados.

Ele diz à sobrinha e à governanta que as únicas duas maneiras de alcançar riqueza e honra são através das letras e das armas, e, como as armas são sua vocação, elas não vão atrapalhar o seu caminho.

“Dois caminhos há, filhas, por onde os homens podem chegar a ser ricos e honrados: um é o das Letras; o outro é o das Armas. Eu tenho mais Armas que de Letras, visto que às primeiras me inclino, sob a influência do planeta Marte. Assim, quase que sou obrigado a seguir por seu caminho, e por ele hei de ir, ainda que contra tudo e contra todos, e será inútil cansardes-vos em persuadir-me a que não queira eu o que querem os céus, ordena a fortuna, pede a razão e, sobretudo deseja minha vontade.” (pg 51)

Desesperada, a governanta corre para encontrar Sansón Carrasco e lhe pede que impeça Quixote de fugir novamente. Ele promete fazer o possível. Mas na verdade ele queria que Quixote continuasse as suas aventuras; afinal, para ele era lucro. Enquanto isso, Sancho avisa a Quixote que está pronto para sair em busca de novas aventuras. Sancho pede a Quixote um salário fixo mensal, em vez de alguma participação em alguma conquista futura, mas Quixote menciona que os livros de cavalaria nunca mencionam o salário de escudeiro e ele não quer fugir dessa tradição.

Sancho se decepciona. Sansón Carrasco encoraja Quixote a partir para sua terceira investida sem demora. Ele até se oferece para ser escudeiro de Quixote. Sancho se arrepende da proposta e jura lealdade ao seu senhor sem salário. Eles reúnem provisões e vão em direção a El Toboso.

Quando Quixote menciona o objetivo de ir a El Toboso, estava implícito que havia uma intenção flagrante, e qual era ela? Claro, Dulcinéia. Sancho tenta dissuadir Quixote de fazer isso, mas ele persiste. Quixote pede que Sancho mostre o caminho, mas Sancho finge visitar Dulcineia. Na verdade, ele não faz a menor ideia de como chegar à casa de Dulcinéia. Ele visualiza Dulcinéia brilhando com a sua luz na varanda de um grande jardim.

Sancho desmente a versão de Quixote dizendo que a viu em um muro de quintal:

 “Seja o que for, vamos lá, Sancho – rematou Dom Quixote. Contanto que a veja, pouco se me dá que seja através das cercas, de janelas, de frestas ou de grande jardim: qualquer raio que do sol de sua beleza chegue a meus olhos iluminará o meu entendimento e fortalecerá meu coração de modo que fique único sem igual, na discrição de valentia.

- Pois em verdade, Senhor – disse Sancho –, quando vi esse sol da senhora Dulcinéia del Toboso, não estava tão claro que de si pudesse lançar raio algum; devia de ser porque, como Sua Mercê estava peneirando aquele trigo, conforme contei, o muito pó que saia formou uma nuvem diante de seu rosto obscurecendo-o.” (pg 60)

Quixote explica com impaciência que Dulcinéia não está peneirando nada, mas busca apenas as atividades adequadas à sua posição. Então, um feiticeiro deve ter criado a ilusão que Sancho descreve.

O objetivo de Sancho era trazer Dulcinéia de qualquer maneira. Ele se senta sob uma árvore e começa a pensar sobre a situação absurda em que se encontra: como encontrar uma princesa de beleza sobrenatural em El Toboso especialmente se nunca a viu? Foi nesse momento que lembrou que seu mestre muitas vezes olha para uma coisa e vê algo totalmente diferente, e decide tentar convencer Quixote de que alguma camponesa era Dulcinéia, aos olhos de Quixote.

Foi quando ele viu três camponesas cavalgando em sua direção em jumentos. Ele corre de volta para o seu mestre e lhe diz que a bela Dulcinéia e suas duas criadas estão cavalgando em direção a eles enquanto conversam. Sancho cavalga até as meninas, ajoelha-se ao lado da do centro e dirige-se a elas usando de floreios e tons respeitosos. Ela rudemente lhe diz para sair do caminho.

Quixote, que só consegue ver uma camponesa apenas, e ainda por cima muito simples, diz a ela que uma feiticeira deve ter distorcido a imagem dela aos olhos dele, mas afirma o seu amor por ela.

A garota zomba daquele sentimentalismo, e vão embora. Sancho continua a descrever a aparência celeste de Dulcinéia, e Dom Quixote se sente infeliz, atribuindo a uma trama típica de feitiçaria, que lhe negou ver a sua verdadeira Dulcinéia.

- Levanta-te, Sancho – disse nesse ponto Dom quixote –, pois já vejo que a fortuna ainda não farta de meus males, vigia todos os caminhos por onde possa vir algum contentamento a esta alma tão mesquinha que tenho na carne. E tu, ó extremo do valor eu se possa desejar, limite da gentileza humana, único remédio deste afligido coração que te adora! Já que o encantador maligno me persegue, e pôs nuvens e cataratas em meus olhos, e só neles (que nos outros não as pôs), mudando e transformando teu rosto e tua formosura sem par, dando-te a aparência de uma lavradora pobre, se é que também não alterou a minha para a de um monstrengo, a fim de torná-la detestável a teus olhos não deixeis de fitar-me amorosamente, procurando ver nessa genuflexa submissão que presto a tua disfarçada beleza, a humildade que minha alma te adora! (pg 75, pg 76)

Sancho tenta animar seu mestre, mas sem sucesso. Felizmente, eles são distraídos por uma carroça cheia de pessoas vestidas de demônios, anjos e cavaleiros, reis e outros personagens. Dom Quixote os detém e pergunta com raiva quem eles são, e o cocheiro explica pacientemente que são uma trupe de atores itinerantes.

- Senhor, somos comediantes da companhia de Ângulo, o Mau. Num lugar atrás daquele morro, representamos, esta manhã, por ser a oitava de Corpus Christi, o auto das Cortes da Morte, e iremos representa-lo de novo esta tarde, naquele lugar que daqui se avista. Por estar tão perto, e para evitar o trabalho de despir-nos e nos tornarmos a vestir, vamos com os mesmos trajes com que representamos. Aquele mancebo faz o papel da Morte; o outro, do Anjo; aquela mulher que é a do empresário, da Rainha; o outro, do Soldado; aquele, do Imperador; e eu, do Demônio sendo eu uma das figuras principais. Se Vossa Mercê deseja saber outras coisas a nosso respeito, pergunte-me, que lhe saberei responder com toda a exatidão, pois sendo um demônio, nada me escapa. (pg 80)

Quixote reflete que há uma possibilidade de viver uma aventura e que é necessário olhar com atenção para ver além das aparências.

Quando tudo parecia seguir um rumo tranquilo, um membro da companhia de dança, com seus sinos barulhentos, assusta Rocinante, que sai desembestado e derruba Quixote, que ameaça punir os atores pela imprudência. Sancho lembra o mestre que todos amam os atores e os protegem. Mas os atores ficam tensos, e um conflito fica próximo de se estabelecer, quando mais uma vez Sancho Pança implora que ele considere os possíveis ferimentos, apontando que é mais temerário do que corajoso estabelecer uma luta.

O incidente acabou com cada um seguindo seu rumo. A Morte e todo o seu esquadrão regressaram à carreta e prosseguiram a viagem. Um final feliz, graças a Sancho Pança e o conselho dado ao seu amo.

Após a noite seguinte ao encontro com a morte, algo aconteceu. Sancho e Dom Quixote dormiam em um bosque quando foram surpreendidos por um outro cavaleiro que afirmou estar morrendo de saudades de sua amante, Casildéia de Vandália, para quem ele recitou uma poesia. O narrador o chama de Cavaleiro da Floresta e o Escudeiro do Bosque.

O Cavaleiro da Floresta convida Quixote a conversaram a noite inteira sobre suas desventuras. Ele diz a Quixote que está apaixonado, e que se encontra ali para realizar uma série de missões perigosas. Recentemente, Casildéia de Vandália pediu que ele viajasse pela Espanha e obrigasse todos os cavaleiros do país a admitir que ela era a mulher mais bonita do mundo.

Ele estava especialmente orgulhoso de ter derrotado o famoso Dom Quixote.

Quando Dom Quixote ouve essa história, fica indignado com tamanha falsidade e sugere a existência de um sósia de Dom Quixote circulando, já que ele era o próprio Dom Quixote, o famoso Cavaleiro de La Mancha.

 Ao ouvir a prosa disse para o Cavaleiro do Bosque, Quixote diz: “Mentis!”. Todavia, dominou-se o melhor que pode, para levá-lo a confessar de sua própria boca a mentira; assim calmamente lhe disse:

- Quanto haver Vossa Mercê, Senhor Cavaleiro, vencido os demais cavaleiros andantes de Espanha, e mesmo de todo mundo, nada tenho a objetar; mas que haja vencido Dom Quixote de La Mancha, ponho-o em dúvida – a não ser que fosse algum outro parecido com ele, se bem que haja poucos que se assemelhem.

- Como não? – replicou o do Bosque. – Pelo céu que nos cobre que pelejei com Dom Quixote, que o derrotei e que o forcei a render-se. É um homem alto de corpo, seco de rosto, espichado de membros, meio grisalho, de nariz aquilino e algo recurvo, bigodes bastos, negros e caídos. Campeia sob o nome de Cavaleiro da Triste Figura, e traz como escudeiro um lavrador chamado Sancho Pança. Oprime o lombo e rege o freio de um famoso cavalo chamado Rocinante, e, finalmente, tem por senhora de sua vontade uma tal de Dulcineia del Toboso, outrora chamada Aldonza Lorenzo, assim como a minha dama, a quem, por chamar-se Casilda e ser da Andaluzia, chamo-a de eu de Cassildéia de Vandália. Se todos esses sinais não bastam para confirmar a minha verdade, aqui está a minha espada, que fará com que a própria incredulidade lhe dê crédito. (pg 99, pg 100)

Para isso resolveram duelar. E o vencedor poderá fazer o que quiser com o perdedor.

“ Lembrai-vos, Senhor Cavaleiro, de que a condição de nossa batalha é que o vencido, como antes disse há de se curvar às ordens do vencedor” (pg 103)

Pouco antes do amanhecer, eles acordam seus escudeiros e dizem-lhes que se preparem para a batalha. Ao amanhecer, Sancho percebe que o Escudeiro da Floresta tem um enorme nariz roxo horrível e sobe numa árvore com medo. O cavaleiro da Floresta está usando uma viseira e uma capa dourada coberta com luas brilhantes, então ele foi renomeado como o Cavaleiro dos Espelhos. Eles recuam e atacam um ao outro. Como o cavalo de Dom Quixote é mais rápido, Quixote joga o Cavaleiro dos Espelhos no chão. Ele tira o capacete do cavaleiro para se certificar de que ele sobreviveu à queda e descobre que o misterioso cavaleiro é Sansón Carrasco. O Escudeiro da Floresta corre sem o nariz roxo horrível, e pede que não o machuquem. Sancho reconhece o escudeiro – é um vizinho seu da aldeia chamado Tomé Cecial. O Cavaleiro dos Espelho admite a beleza de Dulcinéia, e ele e seu escudeiro mancam. Quixote e Sancho, porém, continuam convencidos de que os dois homens são inimigos disfarçados de feiticeiros.

Mas na verdade Carrasco havia planejado com o padre e o barbeiro deixar Quixote partir em sua corrida e forçá-lo a voltar para casa através do truque bolado por ele: assumindo-se um Cavaleiro e desafiando Quixote, o que o faria voltar para sua aldeia. Mas o truque falhou. Se tivesse dado certo, Quixote teria sido derrotado pela própria sombra – seu próprio sósia. A versão falsa e teatral dele teria prevalecido. Mas é o verdadeiro Quixote que prevalece. Então, ele avança com bravura.

Ele se encontra radiante com sua vitória. Ele e Sancho discutem. Sancho está confuso sobre a identidade do Escudeiro da Floresta (Tomé Cecial) e do Cavaleiro dos Espelhos (Sansón Carrasco). Dom Quixote tenta convencê-lo de que o Escudeiro da Floresta não é vizinho de Sancho, mas sim um encantamento, assim como o Cavaleiro dos Espelhos não é Sansón Carrasco, é um encantamento que tomou a forma dele para tentar a misericórdia de Dom Quixote, que sabe que o suposto encantamento de Dulcinéia foi uma decepção, e ele não encontra explicação para isso.

No entanto, surge um homem na estrada vestido de verde chamado Dom Diego de Miranda. Dom Diego se apresenta a Dom Quixote, que lhe conta a história que foi escrita sobre suas primeiras aventuras. E fica maravilhado ao saber que Cavaleiros Errantes ainda vagam pela terra e fica feliz em ouvir sobre o livro, e corrigir todas as bobagens  contidas nos livros de cavalaria.

Dom Diego é um fidalgo rico, virtuoso e generoso. Seu filho é estudante e poeta, o que ele considera algo frívolo.

 - Eu, Senhor Dom Quixote – respondeu o fidalgo –, tenho um filho que se eu não tivesse quiçá me considerasse ditoso do que sou; e não porque ele seja mau, mas porque não é tão bom como eu quisera. Te a idade dezoito anos; seis esteve em Salamanca, aprendendo as línguas latina e grega, e, quando quis que passasse a estudar outras ciências encontrei-o tão embebido nas da Poesia (se a esta se pode chamar de Ciência), que não foi possível fazê-lo dedicar-se as Leis, que eu quisera vê-lo estudar, nem à rainha de todas a Teologia.” (pg 113)

 

Quixote reponde que a poesia é uma atividade honrosa e delicada, não para vulgares (o que ele aponta, se refere a pessoas ignorantes de qualquer classe social). Ele também declara que

“o poeta nasce; quer dizer, ele já sai poeta, do ventre de sua mãe, de maneira inata”. (pg114)

O homem fica impressionado com o seu raciocínio e bom senso, mas, assim que a conversa termina, eles veem uma carroça com bandeiras reais vindo em sua direção, com as bandeiras do rei, e Quixote pressente outra aventura. Ele convoca Sancho, que comprou requeijões dos pastores  e os colocou  no capacete de Dom Quixote. Quando Dom Quixote põe o capacete para a batalha, o requeijão escorre pelo seu rosto, de tal forma que ele pensa que seu cérebro está derretendo.

“- Que será isso, Sancho que parece ter amolecido o meu crânio ou que se me derretem os miolos, ou que suo dos pés à cabeça?”(pg 117)

Dom Quixote fica furioso. Sancho responde que deve ter sido posto pelos feiticeiros. Dom Quixote ordena que a carroça pare. O condutor tinha na carroça dois leões para serem entregues ao rei. Dom Quixote desafia os leões e, apesar dos protestos de todos, insiste que a gaiola seja aberta.

Ele ignora os avisos prudentes do homem de verde e força o condutor a abrir a jaula. O condutor pergunta se ele pode primeiro levar a si mesmo e seus animais a uma distância segura, e Sancho Pança e Don Diego fazem o mesmo:

“- Ó homem de pouca fé! – respondeu Dom Quixote, - Apeia-te desjunge e faze o que quiseres, que em breve verás que trabalhaste em vão e poderias ter-te poupado esse esforço.”(pg 120)

No momento em que a jaula foi aberta, o inusitado ocorreu. A primeira jaula tinha um enorme leão, que, ao invés de atacar, virou as costas e lânguido bocejou.

Todos ao redor consideraram uma vitória enorme de Dom Quixote, e Sancho o rebatiza de Cavaleiro dos Leões.

“- Pois se acaso Sua majestade perguntar quem a praticou, dir-lhe-eis que foi o Cavaleiro dos Leões, pois quero que daqui por diante se troque, volva, transforme e mude neste nome o que agora eu tive, de Cavaleiro da Triste Figura, seguindo nisto a antiga usança de cavaleiros andantes, que mudavam seus nomes quando queriam, ou quando lhes parecia ser apropriado a fazê-lo.” (pg 123)

Dom Diego diz a si mesmo que Quixote fala com muita sensatez, mas age de uma maneira insana. Dom Diego convida Dom Quixote e Sancho Pança para sua casa, e Dom Quixote aceita.

Uma coisa precisa ser dita aqui. Quixote teve muita sorte, o acaso o salvou de uma morte horrível. No entanto, independentemente de sorte ou acaso, uma coisa é certa: Dom Quixote acredita em si.

Quando chega à casa de Dom Diego, Dom Quixote conhece o filho dele, Dom Lorenzo, e lhe pergunta sobre a sua poesia. Dom Lorenzo responde, perguntando-se se Dom Quixote é louco, mas um homem valente com uma inteligência aguçada, afinal, Dom Quixote era um leitor. Dom Lorenzo recita uma poesia para Dom Quixote, que responde que havia sido a melhor poesia que ele havia ouvido. Apesar de se sentir lisonjeado, ele não tem dúvida alguma de que Dom Quixote é um louco. Depois de quatro dias na casa de Dom Diego, sai em busca de aventuras.

Dom Quixote e Sancho Pança encontram na estrada alguns estudantes e camponeses a caminho do casamento de Quitéria. Estes ficam admirados quando veem Dom Quixote, querem saber que homem é aquele. Os alunos contam a Dom Quixote sobre Quitéria, que iria se casar com Camacho apenas por causa de sua riqueza. Todos estarão presentes, exceto seu ex-namorado, um menino pobre e talentoso chamado Basílio, que está desolado desde o noivado. Sancho se solidariza com o menino e diz que todos deveriam se casar por amor, mas Quixote o silencia. Eles se aproximam da aldeia pouco antes do escurecer, e nosso cavaleiro e escudeiro dormem na floresta.

Eles cavalgam em direção ao casamento: é coberto por barracas contendo muita comida e bebida. Enquanto Sancho procura o que comer, Quixote observa. Sancho e Quixote discutem se Basílio ou Camacho merecem Quitéria.

Quixote e Sancho Pança admiram os noivos. Quando eles se aproximam, um homem vestido de preto e vermelho grita para detê-los. O homem é Basílio, que desesperadamente diz a Quitéria que ela não pode se casar com Camacho.

E se lança sobre a espada. Todos correm para ajudar Basílio, que já se encontra no chão sangrando e diz com sua voz fraca que, se Quitéria se casasse com ele momentos antes de sua morte, ele não se sentiria que estava morrendo em vão.

Camacho consente. Quitéria se aproxima do moribundo e o padre rapidamente casa os dois. Assim que recebem a bênção do padre, Basílio dá um pulo e tira a espada da bainha. Na verdade ele não foi ferido. Camacho e seus amigos correm para pegar Basílio, mas Quixote os afasta com um discurso conciliador. Camacho decide dar prosseguimento à festa mesmo assim, e Quixote e Sancho seguem os noivos até a aldeia de Basílio, mas fica triste por se afastar daquela festa cheia de comida e vinho.

Na segunda parte do romance, vemos – apesar de todas as maluquices – um homem mudado. Ele é mais brando e sábio. O episódio com os leões exemplifica a mudança em sua natureza, já que ele não insiste em provocar o leão. O Dom Quixote do primeiro livro certamente desafiaria. A discussão de Dom Lorenzo sobre poesia revela um intelecto mais profundo que raramente se mostra no primeiro livro.

No passado, Quixote valorizou a ação correta em vez das consequências. No episódio de Basílio, vemos que Quixote valorizou a ação correta em vez das consequências. Basílio inverte este sistema: age de forma enganosa para poder casar com quem ama. Vemos um Quixote mais sábio, que valoriza o desconhecido.

Vemos que as perspectivas de Cide Hamete Benegeli sobre as ações de Dom Quixote começam a divergir das de Cervantes. No segundo livro, à medida que os personagens começam a modificar seu comportamento de acordo com as ideias de Dom Quixote e as palhaçadas de Dom Quixote impactam os outros personagens de forma menos severa, Cervantes enfatiza os lados positivos da fé de Dom Quixote contra o pano de fundo de um sistema moral ultrapassado. Enquanto que na primeira parte o personagem é perigosamente anacrônico, agora ele parece cativante e pitoresco.

Dom Quixote e Sancho partem para a Caverna de Montesinos, com o primo de Basílio, autor que escreve paródias de grandes obras clássicas, como guia. Quando os três chegam à Caverna, Dom Quixote diz a Sancho e ao primo de Basílio que, ao entrar na caverna, encontrou um recanto e adormeceu. Quando ele acordou e viu um lindo campo e um castelo de cristal, um velho com manto púrpura aproximou-se dele contando-lhe que os encantados habitantes do castelo esperam por muito tempo pela sua chegada. O velho, que é o próprio Montesinos, disse a Quixote que certa vez cortou o coração de seu amigo Durandante para levá-lo à senhora Belerma – uma história que Dom Quixote havia lido de cavalaria.

Ele levou Quixote para uma sala do palácio, onde o falecido cavaleiro Durandante suspirava e pedia a Montesinos que lhe arrancasse o coração. Montesinos explicou que o grande feiticeiro Merlin prendeu o cavaleiro e seu escudeiro Merly dentro da caverna. Disse a Durandante que havia cortado o coração havia muito tempo, como havia pedido, e que trouxera consigo o grande cavaleiro Dom Quixote, que veio para reviver a prática da cavalaria errante. Uma senhora Belerma de aparência estranha juntou-se a eles, e Montesinos explicou que seu sofrimento roubara a sua beleza.

Dom Quixote diz que passou três dias e três noites na caverna e viu Dulcinéia em sua forma encantada. Sancho, que conhece a verdade sobre o encanto de Dulcinéia, acha que Dom Quixote está chegando à loucura absoluta, mas não fala nada porque o ama. Dom Quixote diz que Sancho logo perceberá que a história é verdadeira, embora agora possa parecer fantástica para ele.

O relato da Caverna de Montesinos marca um ponto alto na loucura de Quixote. Dom Quixote conta o seu sonho a Sancho e ao primo de Basílio com tal detalhe e textura que, não fossem as objeções de Sancho, poderíamos nos perguntar se a história é real. A história, em todos os seus relatos com seus detalhes fantásticos, revela o talento de Cervantes para contar histórias e se destaca do resto do romance como uma demonstração única de força imaginativa e descritiva.

Cervantes diz que o tradutor encontrou um bilhete de Cide Hamete Benegeli na margem do manuscrito, alertando que ele acreditava que a história de Dom Quixote não era verdadeira e que, de fato, o próprio Dom Quixote a renunciou como falsa em seu leito de morte.

O primo de Basílio se emociona com todas as aventuras da caverna e promete utilizá-las no livro que estava escrevendo. De volta à estrada, Dom Quixote e Sancho encontram um homem armado que promete contar sua história.

Ao chegarem numa venda, Quixote encontra um porta-armas, e lhe pede que conte sua história. Um dia um membro de uma vila próxima foi procurar o seu burro desaparecido. Alguém viu o burro na floresta e ofereceu ajuda para procurar. Eles entraram na floresta e começaram a zurrar. Todos ficaram impressionados com a sua própria capacidade de imitar burros. Aldeias vizinhas ouviram sobre suas travessuras frívolas e agora cada vez que um membro da aldeia passa por ele, o outro aldeão zurra como ele. Como resultado, as duas aldeias estão em guerra.

Quando se preparavam para entrar em guerra, algo acontece. Surge em cena o mestre Pedro, um grande e renomado titereiro (manipuladores de bonecos), que chega à pousada com um macaco que sussurra a sorte das pessoas no ouvido do mestre Pedro. Quixote pede ao macaco que descreva o seu futuro, mas Mestre Pedro explica que o macaco só responde sobre acontecimentos passados e presentes.

Sancho tenta pagar para saber o que sua esposa Tereza estaria fazendo naquele momento, mas o mestre Pedro diz que ela está bem. No entanto, Pedro (através do macaco) elogia muito Dom Quixote. Dom Quixote fica lisonjeado, mas acredita que o mestre Pedro tem um pacto com o diabo. Ele pergunta ao macaco se o incidente da caverna foi verdadeiro. O Mestre Pedro diz que a experiência foi verdadeiramente e parcialmente falsa.

O mestre Pedro apresenta um show de marionetes para Dom Quixote. O titereiro é uma metáfora frequentemente usada por um romancista, que controla personagens inventados nos bastidores e os faz se mover e falar quase como pessoas reais.

O teatro retrata as angústias de um cavaleiro que vai resgatar sua esposa em terras estrangeiras. Dom Quixote fica convencido de que o show é real. E acaba atacando os bonecos. Ele explica que seus feiticeiros são responsáveis por suas ações porque o fizeram acreditar que os bonecos eram reais. Sancho interrompe o mal-estar causado pela atitude de seu amo e promete pagar por todos os danos.

Quando Quixote percebe o que fez, ele diz com tristeza que os encantadores mais uma vez distorceram sua percepção da realidade para se adequar aos seus desejos. Ele achava que aqueles bonecos-fantoches eram reais. Ele atribui aos feiticeiros oa responsabilidade pelo triste desfecho. E paga o prejuízo.

Cervantes interrompe a história para falar sobre Cid Hamat Benegeli. O comentário é que Dom Quixote conheceu no primeiro livro o mestre Pedro, que é na verdade Ginés de Pasamonte, um prisioneiro que, para se esconder das autoridades, se disfarçou de titereiro. Para isso ele sabia das fofocas de todas as pessoas, fingindo que a informação vinha do macaco.

Depois de três dias na estrada, eles encontram um exército barulhento pronto para guerra por causa de uma brincadeira, indo guerrear contra a outra aldeia. Dom Quixote cavalga até eles e faz um longo discurso explicando que existem quatro razões para ir a uma batalha:

“ A primeira, por defender a fé católica; a segunda por defender a sua vida, o que é de lei natural; a terceira em defesa de sua honra, de sua família e de sua fazenda; a quarta a serviço de seu rei, na guerra justa”. (pg 208)

Os aldeões ouvem o discurso e esperam pelo exército adversário, que não aparece, e voltam para a casa, em paz. Dois dias depois, os dois amigos chegam ao rio Ebro. Em sua costa, avistam um pequeno barco, o que eles supõem significar que alguém está pedindo sua ajuda.

Apesar das objeções de Sancho, eles amarram os animais a uma árvore e embarcam no barco, que flutua na correnteza. Quixote pensa que, com a ajuda dos feiticeiros, estão viajando a grande velocidade, e que pode ter cruzado a linha do Equador, embora Sancho diga que ainda podem ver seus animais na costa.

“- Fica sabendo, Sancho, que os espanhóis e os que embarcam em Cádiz para ir às Índias Orientais, um dos sinais observam para entender que passaram na a linha equicional, de que te falei, é que morrem todos os piolhos de todos os que vão no navio, sem ficar um só; nem em todo o baixel um se achará ainda que a pessoa de ouro. Assim Sancho, podes passar a mão acima da coxa: se encontra coisa viva, tiraremos essa dúvida, se não já passamos.” (pg 217)

Eles não vão muito longe, mas Dom Quixote acredita que eles viajaram três mil milhas. O barco chega a alguns moinhos, onde Dom Quixote e Sancho quase morrem. Alguns dos moleiros os salvam apesar das maldições de Dom Quixote, que acredita que os moleiros mantêm um cavaleiro andante preso em seu moinho, que ele chama de castelo. 

Quando os pescadores a quem o barco pertencia veem o barco despedaçado nos moinhos, exigem reparação pelo prejuízo. Quixote paga o prejuízo, mas os pescadores ficam perplexos. E Quixote desiste de entender essa aventura. Ele conclui que o mundo é contraditório e ilusório, onde vários encantadores trabalham com propósitos contraditórios.

Dom Quixote começa a acreditar que o mundo é ordeiro, conhecível e claro. Agora ele pensa que o mundo tem muitas camadas, algumas mais reais do que outras. As camadas não constituem uma imagem coerente, um mundo único e completo: existem apenas mundos diferentes, Quixote é apenas uma pequena parte.

No dia seguinte, Sancho e Quixote estão em uma floresta e encontram coma Duquesa e um Duque caçando. A Duquesa já tinha lido o primeiro romance: “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha”. Resolvem dar um tratamento de acordo com os costumes dos livros de cavalaria. Eles ficam felizes em conhecer os dois amigos pessoalmente. E a Duquesa adora ouvir as bobagens de Sancho Pança.

Quando Quixote percebe o tratamento dispensado a ele, ou seja, de acordo com as tradições cavalheiresca, tem certeza de que ele é de fato o verdadeiro andante. Sancho fica emocionado com a recepção.

Se há pouco Quixote começou a perder a esperança e a fé no mundo, agora a realidade e imaginação estão em forma. O mundo finalmente retribui a imaginação de Quixote, e ele acredita na sua própria fantasia.

No jantar, o Duque obriga Dom quixote a sentar-se à cabeceira da mesa. Tanto Quixote como Sancho divertem os dois com suas histórias. A Duquesa adora Sancho, que repetidamente causa um certo embaraço ao seu mestre.

No entanto, a Duquesa pede a Dom Quixote que descreva Dulcinéia. Ele diz que não consegue se lembrar de como Dulcinéia se parece, já que sua memória foi apagada de sua mente quando a viu transformada em uma camponesa feia pelo encantamento.

A Duquesa desafia Dom Quixote nos pontos delicados de seu amor por Dulcinéia e pergunta com qual princesa Dulcineia se parece. É quando ele não consegue provar se ela é de linhagem nobre. Dom Quixote:

“ Quanto a isso, há muito o que dizer – respondeu Dom Quixote –, Deus sabe se existe ou não Dulcinéia no mundo, se ela é ou não fantástica. Estas coisas não coisas cuja averiguação se há de levar até o cabo. Nem eu concebi ou dei à luz a minha dama, visto que contemplo como convém que seja uma dama que contenha em si as partes que a possam fazer famosa entre todas as do mundo, quais sejam: formosa sem mácula, grave, sem soberba, amorosa com honestidade, agradecida por cortês, cortês bem criada e, finalmente, alta pela linhagem, pois sobre o bom sangue resplandece e campeia a formosura com maiores graus de perfeição que nas formosas de humilde berço”. (pg 241)

Quixote aqui revela algumas dúvidas trágicas sobre Dulcinéia. Por um lado, ele admite que ela ficou turva em sua mente. Ele também diz algo verdadeiramente misterioso. Dulcinéia pode não ser real, mas ele não a inventou: Dulcinéia pode não existir no mundo, mas ela não existe apenas em sua imaginação. Talvez estejamos vendo que ela está desaparecendo.

Após o jantar, a Duquesa pede a Sancho que a acompanhe a um local fresco. Sancho concorda desde que se certifique que o local não esteja com bisbilhoteiros. Ele diz a ela que Dom Quixote é louco, mas fica com ele por lealdade. Sancho lhe conta como enganou Dom Quixote fazendo-o acreditar no encantamento de Dulcinéia. Mas a Duquesa convence Sancho de que foi ele quem realmente foi enganado.

A Duquesa diz a Sancho que sabe com certeza que a camponesa montada no burro era mesmo Dulcinéia, e ficou definitivamente encantada. Sancho fica aliviado ao ouvir isso, porque não quer ter o poder de encantar as pessoas como fez com a camponesa, e não quer pensar que enganou seu mestre. Ele também descreve sobre a aventura da Caverna de Montesinos e as alucinações de seu mestre.

O Duque e a Duquesa apreciam as histórias de Dom Quixote e Sancho Pança e deixam claro para eles. E eles sugerem trajes diferentes, o que Quixote recusa.

Os dois nobres resolvem partir para caçar javalis, e o cavaleiro e o escudeiro vão juntos com eles. No entanto, durante a caçada, Sancho fica com medo e sobe na árvore. O Duque diz a Sancho que a caça ajuda a aprimorar as habilidades de um provável governador de ilhas (promessa que Dom Quixote fez a Sancho e agora o Duque promete a ele uma ilha), mas Sancho mantém o seu desgosto pelo esporte da caça. É quando de repente a floresta se enche de som de tambores e gritos. O demônio aparece para anunciar a vinda de Montesinos, que dará instruções a Dom Quixote sobre como desencantar Dulcinéia.

De repente, eles veem fogo ao seu redor e ouvem militares com instrumentos musicais típicos de guerreiros mouros. Um jovem fantasiado se apresenta como diabo; ele chega com tropas de feiticeiros, para dizer a Dom Quixote como Dulcinéia deve se desencantar. E anuncia:

“- Sou o diabo e vim buscar Dom Quixote de La Mancha. A gente por vir aqui vem são seis tropas de encantadores, trazendo sobre um carro triunfal a sem-par Dulcinéia del Toboso. Ela vem encantada, com o galhardo francês Montesinos para dar ordens a Dom Quixote de como tal senhora se há de desencantar.” (pg 256)

De repente eles ouvem uma música agradável e veem uma grande carruagem cheia de penitentes de branco, carregando no centro uma bela garota vestida de prata. Uma figura vestida de preto está ao lado dela. A carruagem para, a música silencia e a figura de preto tira o véu para mostrar um rosto assustador e mortal. Ele se autodenomina Merlin e recita versos que descrevem o encantamento de Dulcinéia e explica que ela ficará desencantada se Sancho se chicotear três mil vezes. Sancho se recusa.

 “ Por tudo quanto é sagrado – exclamou neste ponto Sancho. – Já não digo três mil açoites: três que fossem, e tanto os hei de dar-me como daria três punhaladas! Para o diabo se isso é maneira de desencantar! Não sei que pode ter meu traseiro com os encantamentos... Por Deus que, se o senhor Merlin não achou outro modo de desencantar a senhora Dulcinéia del Toboso, encantada poderá ir para sepultura (pg 262)

Merlin Faz uma contraproposta e diz que, ao invés de chicotadas dadas por alguém, elas precisam ser autoinflingidas voluntariamente. Sancho reitera a sua recusa, momento em que Dulcinéia implora misericórdia de Sancho Pança. Sancho Pança capitula, mas diz que vai determinar as chicotadas um pouco de cada vez. O Duque e a Duquesa elogiam Sancho Pança por seu bravo autossacrifício.

Tudo nessa cena parece um aviso a Quixote, para que ele não acredite na Dulcinéia, que está sendo apresentada a ele. Na verdade, era ouro falso. A diversão do Duque e da Duquesa não é muito gentil, porque depende da humilhação dos amigos Quixote e Sancho.

O Duque e a Duquesa gostaram tanto das aventuras de Sancho e de suas aventuras que decidem dar a Sancho uma ilha imediatamente. Sancho encontra-se realizado Sancho está encantado com a notícia, e o governador prevê que, assim que ele se estabelecer como governador, Sancho nunca mais vai querer outra coisa na vida, pois descobrirá que mandar é bom. E a ilha é um presente de Deus, e não uma recompensa pelos seus méritos. Quixote dá a Sancho muitos conselhos úteis enfatizando a virtude, a justiça, a misericórdia e a abnegação.

“ Se estes preceitos e estas regras seguires, Sancho, serão longos teus dias, tua fama será eterna, teus prêmios acumulados, tua felicidade indizível. Casará teus filhos como quiseres, títulos terão eles e teus netos, viverá em paz e no beneplácito das gentes, e, nos últimos passos da vida, os da morte te alcançarão a velhice suave e madura, e fecharão teus olhos as ternas e delicadas mãos de seus trinetos. Isto que até aqui te disse são instruções que hão de adornar-te a alma. Escuta agora que hão servir para adorno do corpo” (pg 301)

Nessa mesma noite, o Duque envia Sancho com uma grande comitiva para sua ilha. A comitiva é liderada por um mordomo inventivo que é capaz de personificar várias pessoas nas aventuras anteriores, incluindo a Dona Dolorida. Quando Sancho nota a incrível semelhança, Quixote diz que a semelhança deve ser sem sentido porque “implicaria uma grande contradição”, e não há sentido em alimentar esses mistérios contraditórios.

Quando Sancho parte para sua ilha, Quixote sente tanta saudade dele que fica visivelmente melancólico. Ele ouve Altisadora tocando harpa e a cantar sobre seu amor pelo cavaleiro de La Mancha, seu ciúme de Dulcinéia e sua própria beleza e juventude. Quixote diz a si mesmo que só ama Dulcinéia, fecha a janela, deita e vai dormir.

Sancho chega à ilha de Baratária. Os habitantes da cidade saem para saudá-lo, ele recebe as chaves da cidade em uma cerimônia formal e, em seguida, é escoltado até a sala do tribunal. Imediatamente, dois homens entram, um fazendeiro e um alfaiate. O fazendeiro traz um pano para o alfaiate e pergunta se é suficiente para dois, depois três, depois cinco capuzes, e o alfaiate disse que sim todas as vezes.

Quando o fazendeiro vem buscar seus capuzes, o alfaiate lhe dá cinco pequeninos – um para cada dedo. Sancho disse que o fazendeiro perderá o pano, o alfaiate perderá o seu pagamento e os capuzes irão para os prisioneiros.

Bem, a partir desse momento, o romance se torna mais político. Enfatiza vários tipos de preconceitos e desigualdades sociais durante o breve reinado de Sancho como governador de Baratária. Nesse momento, Cervantes faz um camponês analfabeto tornar-se governador, e ele vira de cabeça para baixo todos os preceitos políticos locais. E Sancho governa com excelência e justiça.

Após Sancho deliberar no tribunal, ele é levado para a sala de jantar. À mesa, um banquete suculento, mas um médico ao seu lado o proíbe de comer qualquer coisa exceto waffles com geleia de marmelo. Sancho, que é um amante da comida, manda o médico sair do quarto.

É quando chega um mensageiro carregando uma nota do Duque informando Sancho que os inimigos atacarão a ilha e que a vida de Sancho pode estar em perigo. Prestes a comer o seu jantar suculento, chega um fazendeiro com um assunto de negócios. O homem explica que um de seus filhos está “possuído pelo demônio”.

Cervantes afirma que Cide Hamete Benengeli explica brevemente que o nome da condessa Trifaldi - que significa “a condessa com as três saias” - deriva de seu vestido. Cide Hamete Benengeli conta como chega acompanhada de uma dezena de criadas, todas com véus pretos opacos. 

A donzela finge desmaiar quando vê Quixote: claro que alguém estava por trás de tudo aquilo. Sim, ela mesma: a Duquesa. O motivo era testar até que ponto o amor de Dom Quixote por Dulcinéia era real.

Quixote canta uma balada para consolar a donzela Dolorida. Até que aparece uma invasão de gatos, que, quando veem Quixote, começam a entrar em pânico. Quixote vê a presença dos gatos como a presença dos demônios. Os gatos assustados acabam ferindo Dom Quixote.

Dom Quixote fica cinco dias em seu quarto se recuperando das feridas dos gatos. Só que no meio da noite recebe a visita de Dona Rodriguez. Ela conta a Quixote a história de sua filha, que foi cortejada pelo filho do fazendeiro, que agora se recusa a se casar com ela. O Duque se recusa a forçar o filho do fazendeiro (que é rico) a esse casamento com medo de perder a receita que arrecada do fazendeiro.

Dom Quixote concorda em ajudar Dona Rodriguez. Só que os dois não contaram que a Duquesa e Altisidora  estavam ouvindo tudo, inclusive algumas revelações humilhantes sobre as pernas da Duquesa feitas por Dona Rodriguez.

Enquanto isso, Sancho percebe que o trabalho de governador e juiz é difícil e desgastante. Ele finalmente janta e pede comida simples e saudável a partir de então. Ele conta aos seus servos os seus planos gerais para a ilha: ele quer expulsar o povo preguiçoso e ocioso e proteger os fazendeiros e respeitar a religião. Todos admiram o seu bom senso.

Sancho começa a pensar em uma escala grandiosa e idealista sobre o bem-estar social. Ele imediatamente põe seu pensamento em ação pegando dinheiro dos ricos e dando aos pobres, como Robin Hood. Ele quer usar o seu poder para diminuir o sofrimento e eliminar a corrupção.

Cide Hamete explica que Altisidora e a Duquesa, que espionaram a conversa, querem se vingar de Dona Rodriguez. Ao mesmo tempo, existe uma conspiração contra Sancho na ilha, dão mais combustível ao esnobismo que o Duque e a Duquesa têm por Quixote e Sancho. Enquanto o Duque se recusa a ajudar Dona Rodriguez, a Duquesa abre uma correspondência de Sancho sem se preocupar com sua privacidade e nem mesmo entregar a carta a ele até que ele deixe o Castelo para sempre. Vamos vendo que, no decorrer de toda a história, o Duque e a Duquesa tratam Quixote e Sancho como peões de um jogo feito para o entretenimento deles. Sancho, depois de sete dias de gestão como governador, ouve gritos de que tropas inimigas – mais uma manobra do mordomo. Os criados ajudam Sancho a vestir a armadura de tão pesada que ele mal consegue vestir. Quando ele tenta andar, cai desamparado no chão, e seus súditos pisam nele enquanto alguém grita ordens absurdas.

Encolhido e às cegas em sua armadura, ouve gritos de vitória. Seus servos tiram sua armadura e ele desmaia de dor. Quando Sancho acorda, ele sela o seu burro e anuncia sua renúncia: ele prefere ser livre e pobre do que um governador faminto e ocupado. Todos lhe dão um triste adeus.

Dom Quixote e Sancho voltam ao castelo, onde Sancho conta ao Duque e à Duquesa sobre o fim de seu governo. O Duque diz estar “pesaroso” por Sancho ter deixado seu posto de governador tão cedo, mas diz que encontrará uma posição melhor para Sancho no castelo. A Duquesa diz que vai mandar alguém cuidar do corpo ferido de Sancho.

Quixote se cansa da vida ociosa do Castelo e decide partir, pegam os seus pertences e saem cavalgando. Bem, enquanto espera o desencanto de Dulcinéia, Dom Quixote diz a Sancho que decidiu chicoteá-lo ele mesmo.

Quixote tem o prazer de estar na estrada mais uma vez, livre dos casos amorosos, luxos e obrigações. Sancho está contente porque o mordomo deu-lhe duzentos escudos para emergências.

É quando aparece um bando de ladrões que os rouba, embora os ladrões devolvam o dinheiro às ordens de seu líder Roque Guinart. Roque reconhece Dom Quixote pelas histórias sobre ele e diz que antes nunca acreditou que fosse real.

Após alguns entreveros, Roque envia uma carta a um amigo em Barcelona para alertá-lo sobre a chegada iminente de Dom Quixote. Quando Dom Quixote e Sancho entram em Barcelona, chegam muitos amigos de Roque Guinart.

Sancho e Quixote viajam com o capitão Roque e seu bando por três dias e noites repletos de aventuras. Quando chegam a Barcelona, se surpreendem com navios, fanfarra e glamour. São recebidos como os autênticos Dom Quixote e Sancho Pança da história de Cide Hamete. Mas, enquanto cavalgam ao lado dos cavalheiros para a cidade, são recebidos por alguns rapazolas que colocaram nas caudas de Rocinante e do burro “molhos de tojos espinhentos”, o que ocasiona a queda dos dois no chão. Eles se levantam machucados e envergonhados, e cavalgam até a casa do amigo Roque.

Um sentimento de desamparo começa a invadir Dom Quixote. Sancho exorta o mestre a se animar, dizendo que um homem bom deve ser paciente em tudo. Quixote sempre se agarrou na crença de que todos os seus infortúnios foram causados por feiticeiros do mal, por forças externas hostis e irracionais. Aos poucos, Dom Quixote vai revelando que a causa de seus problemas é interna, que seus próprios pensamentos lhe causam o maior dano. E notamos quando mais tarde ele vê uma pousada como uma pousada, e não como um castelo.

Depois de todas as batalhas imaginárias de Quixote do bem contra o mal, com moinhos de ventos e carneiros, ocorre seu encontro imaginário com um bandido imaginário e pacífico.

Essa é uma história cheia de tramas e subtramas anteriores, que parece uma colcha feita de remendos. Durante a história, vemos, por exemplo a necessidade do Duque e da Duquesa de não medirem esforços para provar a loucura de Dom Quixote. Eles se tornam obcecados para provar os seus desvios. Sua convicção de tentar provar que a visão de mundo do Duque e da Duquesa é verdadeira e a de Quixote é falsa torna-se uma insanidade.

Perto do final do romance após outras aventuras, Carrasco Sampson se veste como Cavaleiro da Lua Branca e derrota Quixote em combate e ordena que Quixote volte para casa.

 Quando chega em casa, ele contrai uma febre:

 “Fosse pela melancolia que lhe causava o ver-se vencido, ou porque a disposição do céu assim o ordenasse, sobreveio-lhe uma febre que o manteve em cama por seis dias, durante as quais foi visitado muitas vezes pelo cura, pelo bacharel e pelo barbeiro, seus amigos, sem que lhe deixasse a de se sentir derrotado e de não ver cumprido seu desejo de libertação e desencantamento de Dulcinéia o tinham daquela forma, por todas as vias possíveis procuravam alegrá-lo” (pg 525)

Ele acorda um dia sobressaltado e declara que recuperou a sanidade, que foi obstruída “por seus detestáveis livros de cavalaria”. Ele pensa que está prestes a morrer e não quer ser lembrado como um louco. Ele chama o padre e seus outros amigos para fazer sua última confissão.

 “Fui Dom Quixote de La Mancha; agora, repito, sou Alonso Quijano, o Bom. Possam com Vossas Mercês meu arrependimento e minha verdade devolver-me a estimação que por mim se tinha” (pg 529)

O padre confessa-se e anuncia-se a sua morte iminente, e todos começam a chorar. Quixote deixa parte de seu dinheiro para Sancho e pede desculpas por tê-lo envolvido em sua loucura. Sancho implora a seu mestre que não morra, pois morrer sem motivos é uma verdadeira loucura. Ele lembra Dom Quixote da bela Dulcinéia. Mas Quixote não dá atenção. Distribui a sua herança. Ele perde a consciência e morre.

No fim, Cido Hamete (alter ego de Cervantes) diz:

Só para mim nasceu Dom Quixote, e eu para ele. Ele soube fazer, e eu soube descrever seus feitos. Um para o outro fomos feitos, a despeito e apesar de escritor fingido e tordesilhesco que se atreveu ou ainda se atreva a escrever, com pena de avestruz, grosseira e mal talhada, as façanhas de meu valoroso cavaleiro, pois isso não é carga para seus ombros, nem assunto para seu resfriado engenho” (pg 530)

Sem dúvida alguma foi a maior resenha que já escrevi aqui neste site. Mas vou confessar uma coisa a todos vocês caso tenham paciência de ler essa mal traçada resenha. Foi o único livro na minha vida que me fez rir e chorar, nenhum outro alcançou essa façanha.

Não pensem vocês que a resenha esgota essa história divina. De jeito algum. Mesmo que fosse o melhor resenhista do mundo, o que não é o caso, não conseguiria. Muitas subtramas foram omitidas nesta resenha, o que é ótimo para aqueles que nunca leram. Se alguém resolver ler esse livro depois de ler essa resenha, eu me sentirei um homem feliz.

“O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes, é o mais belo livro da literatura ocidental, disso eu não tenho dúvidas. E não foi só eu quem diz, vários já disseram. Sou apenas mais um.

Um livro que merece um lugar de destaque na sua alma.


Data: 02 janeiro 2021 | Tags: Aventura


< O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha - Volume 1 Dostoievski: As sementes da Revolta - 1821 a 1849 >
O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha - Volume 2
autor: Miguel de Cervantes
editora: Editora Itatiaia Limitada
tradutor: Eugênio Amado

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