Memórias de minhas putas tristes
Gabriel García Márquez é um autor que dispensa grandes apresentações. Foi jornalista e ativista político colombiano. É considerado pela crítica literária mundial como um dos escritores mais importantes do século XX.
Neste espaço temos dois livros dele resenhados: o primeiro livro é “Crônicas de uma morte anunciada” e segundo é “Memórias de minhas putas tristes”, o livro de que falaremos hoje. Mas fiquem certos de uma coisa: a obra de García Márquez estará inteiramente aqui neste blog. Promessa é dívida.
“Memórias de minhas putas tristes” é um romance erótico, nostálgico, cujo narrador sem nome e de noventa anos completados resolve dar-se de presente uma noite com uma virgem, uma espécie de seu canto do cisne para o sexo.
Tudo que sabemos sobre o narrador é que ele trabalha para um jornal local como crítico de música e que passou a vida admirando noites agitadas com prostitutas. Podemos dizer que é um homem culto. O casamento nunca esteve em seus planos. Abandonou sua noiva no dia marcado do casamento. Sabemos que o apetite sexual desse agora nonagenário é impressionante. Orgulha-se em dizer que sempre fez sexo pagando por ele. Quando, certa vez, fez sexo com sua governanta e ela recusou o dinheiro dele, ele resolveu compensá-la aumentando o seu salário.
E o sexo era feito regularmente. Para realizar seu sonho sexual no seu aniversário, o narrador chama uma senhora que conhece muito bem, uma cafetina aposentada chamada Rosa Cabarcas, por ter sido sua parceira em intermediar negócios no passado (leia-se prostitutas), e pede a ela para organizar esse encontro. As dificuldades de atender esse senhor de noventa anos ficam claras desde o início. Mas ele sabe que seu desejo passa por uma soma em dinheiro acima do mercado.
Essa senhora encontra-se em um dilema: como encontrar essa mulher virgem? No entanto, o dinheiro muitas vezes faz milagres e a cafetina acaba telefonando para o narrador dizendo que havia achado o que ele tanto procurava. Uma adolescente de quatorze anos, que trabalhava como pregadora de botões e cuidava dos irmãos mais novos e que estava totalmente disponível em um quartinho VIP separado para os clientes mais ilustres. O nosso nonagenário coloca a sua melhor roupa e se locomove até o bordel. A menina em questão, como não poderia deixar de ser, encontra-se nervosa. Para diminuir o sofrimento dela, Rosa Cabarcas (a cafetina) a coloca para dormir.
Oferece a ela um chá que tinha efeitos calmantes, que, juntamente com o cansaço pelo trabalho duro, faz com que ela adormeça. E sugere ao nonagenário que realize o seu sonho retirando a virgindade da menina sem acordá-la, para protegê-la da dor da experiência. Pois bem, o nonagenário se despe, mas fica com receio em tirar vantagens junto à menina em estado de sonolência. Qual a solução encontrada pelo narrador? Ele simplesmente dorme ao lado da menina, desfrutando a sensação de dormir ao lado de outra mulher. Na manhã seguinte, ele se veste e sai sem falar nada. O narrador é um colunista de jornal local. Está requisitando sua aposentadoria. Seus amigos de trabalho preparam uma grande festa de despedida. O narrador fica tão comovido com a festa de despedida que se emociona. E o seu editor, no fim da festa, não aceita a sua aposentadoria. E ele se compromete a escrever para o jornal. Mas, apesar da festa de despedida e o reconhecimento pelos colegas de trabalho, uma coisa não saía de sua cabeça: a adolescente. Ele pede mais um encontro com a jovem. E mais uma vez, ao vê-la dormindo, cumpre o mesmo ritual, ou seja, dorme a seu lado e sai na manhã seguinte.
E ele volta ao bordel noite após noite velando o sono da menina sem nunca tocá-la. Ele se apaixona perdidamente por ela. Não era apenas uma paixão, mas estava realmente amando essa menina. Esse amor reacende suas memórias, seus sentimentos adormecidos, os mais nobres. Começou a escrever cartas românticas em sua coluna no jornal e obteve respostas positivas de seu público. Os textos tinham um sabor especial, já não eram aqueles mais racionais de outrora. E a menina? O que aconteceu com ela? Bem, vou ter que ficar por aqui.
“Memórias de minhas putas tristes”, de Gabriel García Márquez, é um livro delicioso. Podemos ler de uma tacada só. E é bom que a leitura seja feita desse jeito para que o leitor não perca nada e sinta a maravilhosa prosa desse Nobel de literatura.
Um livro que merece um lugar de destaque na sua estante.