Alice através do Espelho
Imagine um mundo onde tudo é o contrário, onde animais e flores falam, peças de xadrez ganham vida. Já imaginaram? Pois é, hoje ouvimos carros falarem através de comandos de aplicativos, vemos a internet das coisas comunicando-se conosco. Bem, no clássico “Alice através do Espelho” esse mundo existe há muito tempo e, para ser preciso, no século XIX, em 1871, quando esse livro foi escrito, logo após o sucesso de “Alice no País das Maravilhas”. Esses dois livros levaram Lewis Carroll a uma vida maravilhosa. Deixou a batina. E foi viver o restante de sua vida com o conforto merecido. O mundo imaginário criado por ele fez um sucesso enorme não apenas com as crianças, mas com o mundo adulto também.
O livro começa com Alice, de 7 anos, sentada em sua sala de estar com seu gatinho. Ela está observando sua gatinha tentando desenrolar a bola de lã e conversando com sua gata, Dinah. Alice está entediada e sonolenta. Ela começa a imaginar que seu gato é a Rainha Vermelha em seu jogo de xadrez e mantém uma conversa imaginária com ela. Alice tenta fazer seu gato assumir a pose da Rainha Vermelha, mas, é claro, o gato não coopera. Foi quando ela ameaça empurrar o gato através do espelho. A partir daí ela começa a sonhar acordada com o outro mundo. Nesse momento, ela sobe na cadeira, mas não consegue ver a parte atrás da lareira. Ela olha através da passagem para a próxima sala que é refletida. Alice quer entrar na “Casa do Espelho”.
De repente ela começa a ver o vidro derreter, como uma névoa prateada e brilhante:
.. Mimi, faça de conta que o vidro ficou macio como uma gaze e que nós poderemos atravessá-lo... mas repare, Mimi, está ficando tudo numa cerração... é nós podemos passar agora...
Alice subiu para a lareira, sem saber muito bem o que estava fazendo. Sim, era certo que o vidro do espelho estava se diluindo, como se fosse uma névoa de prata brilhante. (pg 17)
Alice entra. Ela desce para a sala do espelho. Embora o quarto também seja a imagem espelhada do quarto dela, há diferenças. As fotos da parede pareciam estar vivas. O relógio parecia um velhinho sorrindo. O quarto não estava muito arrumado. Quando ela olha para a lareira, ela nota algumas peças de xadrez marchando em duplas entre as cinzas. Primeiro, ela viu o Rei e Rainha Vermelhos. O Rei e a Rainha Brancos estavam em silêncio observando Alice para não assustá-la. Ela começa a pensar que eles podem ouvi-la.
Ela começa a dialogar com a Rainha. Alice pega a ponta de um lápis e começa a escrever no caderno do Rei. Enquanto o Rei e a Rainha tentam entender o que está escrito no caderno de memorandos, Alice nota um livro sobre a mesa. Há um poema escrito no espelho Jabberwocky. Para entender o que está escrito, ela coloca no espelho para poder ler. A princípio ela acha o poema bonito, mas difícil de entender. Ela coloca o livro de lado e sai para explorar o resto da casa. Ela vai primeiro para o jardim.
Alice finalmente chega ao jardim. Ela avista uma colina. Mas acaba retornando à casa. E constata que ela pode conversar com as flores. Elas escolhem com quem conversar. O lírio, a Rosa, as margaridas começam a gritar. Todas começam a discutir entre si. Alice ameaça pegá-las se elas não se acalmarem. As flores revelam à Alice que há outra flor no jardim como ela, mas mais vermelha.
Nesse momento aparece a Rainha Vermelha, que caminha em direção à Alice, que fica surpresa ao constatar como ela cresceu. A Rosa lhe diz que é por causa do ar fresco. Alice e a Rainha Vermelha caminham até a colina. Alice percebe que o vale se parece com um jogo de xadrez, dividido por pequenas cercas verdes. Ela vê um jogo de xadrez em andamento.
Alice se encanta e diz para Rainha Vermelha que quer entrar no jogo. A Rainha diz que ela pode substituir o peão da Rainha Branca. Ela diz que a Alice que, quando ela chegar à oitava casa, ela será a Rainha. O vento sopra, mas a paisagem não muda. A Rainha Vermelha insiste para que ela vá mais rápido.
A Rainha dá as suas instruções para o jogo. Ela diz à Alice para falar francês quando ela não conseguir pensar nas palavras em inglês. A Rainha some. Alice se lembra que ela é o peão branco e espera pacientemente para fazer o seu movimento.
Ela dá uma rápida olhada na geografia ao seu redor para que ela esteja pronta para agir. Ela vê a movimentação de elefantes à distância andando de flor em flor como abelhas. Alice desce a colina e salta sobre o primeiro dos seis riachos para chegar ao Terceiro Quadrado.
Os guardas pedem a sua passagem pela janela da carruagem onde ela está sentada. Ela explica que não tem bilhetes de onde ela veio. O guarda olha para ela de um telescópio e depois olha de um microscópio. Ele diz que ela está viajando na direção errada e fecha a janela.
O homem sentado à sua frente está vestido de papel branco. Ela percebe um mosquito contando piada em seu ouvido. A carruagem salta sobre um riacho, e Alice segura a barba de uma cabra para se firmar. A barba derrete e ela se vê embaixo de uma árvore. O mosquito estava com ela e tem o tamanho de um frango.
Eles discutem sobre as diferenças entre seu mundo e o mundo do espelho. O Mosquito faz piadas e voa. No entanto, ele avisa Alice para não entrar na floresta, e desaparece. Alice entra na floresta porque ela precisa alcançar a oitava casa. Ela caminha conversando consigo mesma e percebe que esqueceu o seu nome.
“Qual o seu nome? Disse afinal o Veadinho, com uma voz branda e doce.
“Eu bem queria sabê-lo!”, pensou a pobre Alice.
Depois disse tristemente:
- Nenhum por agora
- Pense outra vez – disse ele –; isso não é possível.
Alice pensou, mas não adiantou nada.
- E você, pode me dizer como se chama? – disse timidamente.
- Talvez me ajudasse a lembrar o meu nome.
- Eu lhe direi, se você caminhar até adiante um pouco. Aqui não posso lembrar.
Caminharam juntos pelo bosque. Alice abraçando carinhosamente o pescoço do Veadinho, até que chegaram a outro campo aberto. Ali o Veado deu um salto repentino e soltou-se dos braços de Alice.
- Eu sou um Veadinho! – gritou ele, muito alegre. – E você, meu Deus! É uma criança humana! (pg 40)
Alice encontra dois homens, cada um com um braço em volta do ombro do outro. Eles se chamam Tweedledum e Tweedledee. Alice recita um poema sobre eles. Então ela lhes pergunta como atravessar a floresta. Eles ignoram. Eles dizem que Alice não é real, e ela, nervosa, começa a chorar, pois se considera real. Eles dizem que suas lágrimas não são reais. De repente, Tweedledee vê o chocalho quebrado no chão. Quando Tweedledum vê isso, ele fica furioso. Os dois começam uma briga para ver quem é o dono do chocalho. Alice se afasta correndo pela floresta onde sabe que estará salva. Ela vê um xale voando.
Alice pega o xale e procura o dono. É a Rainha Branca que estava correndo atrás dele. Alice ajuda a Rainha a colocar o xale e diz que ela precisa de uma camareira. A Rainha oferece o emprego com a seguinte condição: o pagamento será dois pences por semana e marmelada de dois em dois dias. Alice não gosta de marmelada:
“ - O costume é marmelada amanhã e marmelada ontem... mas nunca marmelada “hoje” – objetou Alice.
- Não pode ser – respondeu a Rainha. – É marmelada de dois em dois dias, já disse.
- Não compreendo... que coisa confusa!
- É o resultado de viver para trás – disse a Rainha em tom bondoso –; isso a princípio deixa a gente um pouco tonta..
- Viver para trás! – Repetiu Alice, muito admirada. – Nunca ouvi falar em semelhante coisa!
-...Mas há uma grande vantagem nisso e vem a ser que a memória da gente trabalha em dois sentidos. (pg 56)
A Rainha pergunta a Alice quantos anos ela tem e, quando Alice diz “sete e meio”, a Rainha diz que ela tem “apenas cento e um, cinco meses e um dia”. Quando Alice diz que não pode acreditar, a Rainha diz que ela só precisa de mais prática.
A Rainha machuca o dedo e, quando Alice pergunta se ela está melhor, a resposta começa a sair como um gemido de ovelha. Nesse momento, a Rainha se transforma em uma ovelha. De repente, Alice está em uma loja escura e a Ovelha pergunta o que ela quer comprar e Alice escolhe um ovo. Mas o ovo continua se afastando dela. A cadeira se transforma em árvore, e ela volta para a floresta novamente.
O ovo cresce até se tornar Humpty Dumpty. Alice chama de ovo, que se ofende e diz que o nome dela (Alice) não combina com a sua forma.
“ Meu nome é Alice, mas...
- Que nome mais estúpido! – interrompeu Humpty Dumpty impacientemente; - Que quer dizer?
- Os nomes tem que dizer alguma coisa?
- Sem dúvida – disse Humpty Dumpty, dando uma risadinha – meu nome diz a forma que eu represento.. e é uma bela forma, decerto. Com um nome como o seu você pode ser de qualquer forma.(pg66)
Eles discutem a idade de Alice, e Humpty Dumpty insiste que Alice deveria ter parado de crescer aos sete anos em vez de se permitir chegar aos sete anos e meio. Sem querer discutir, Alice elogia o cinto dele. Mas ele fica fulo da vida, pois não se tratava de um cinto, e sim de uma gravata que ele ganhou de aniversário. Presente este que ele ganhou do Rei Branco e da Rainha.
Ela pede que ele explique o poema Jabberwocky. Ele lhe explica isso e então conta um poema que termina com um adeus. Ela o considera a pessoa mais insatisfatória que ela já conheceu. Ela ouve um estrondo que sacode a floresta.
Soldados vêm correndo pela floresta. Alice desliza para trás de uma árvore, para não ser atropelada pelos soldados. Em seguida vêm os cavaleiros. Os soldados (leia-se os peões) continuam caindo dos cavalos. Alice encontra o Rei Branco sentado no chão e escrevendo no seu caderninho de notas, pois sabe que dois desses soldados são necessários no jogo (de xadrez).
Na estrada não aparece ninguém. Até que ela ouve de um mensageiro sobre o Leão e o Unicórnio lutando pela coroa, e isso a leva a um poema.
Durante uma pausa na luta, o Leão e o Unicórnio vêm sentar-se com eles. O Unicórnio diz que achava que Alice era um monstro fabuloso, e eles concordam em acreditar um no outro. Pão e bolo são entregues, mas Alice enfrenta o seguinte dilema:
“- Que coisa irritante! Já cortei tantas fatias, mas elas se tornam a se ligar outra vez!
- É que você não sabe lidar com bolos do Espelho- observou o Unicórnio. – Primeiro se oferece depois que se corta.” (pg 82)
O bolo é entregue em seguida o Leão e o Unicórnio, só que Alice dá um pedaço duas vezes maior para o Leão e declaram guerra entre si e são expulsos da cidade a toque de tambor. Um barulho ensurdecedor, que acaba aos poucos diminuindo.
Alice se pergunta se estava sonhando com o Leão e o Unicórnio. Ela se pergunta se ela estava no sonho do Rei Vermelho e pensa em acordá-lo, quando é surpreendida pelo Rei Vermelho dizendo que Alice era a sua prisioneira. Até que chega o Rei Branco a cavalo dizendo:
“Olá! Olá! Xeque!” (pg 85)
Eles acabam lutando entre si por Alice, e o cavaleiro Branco vence. Ele a acompanha até o próximo riacho, e aproveita o trajeto e explica sobre suas invenções. Alice fica confusa. O Cavaleiro vê nessa confusão uma tristeza e canta uma música para fazê-la feliz. Ele pede que ela espere para pular o riacho até que ela o veja indo embora. Ela acena com o lenço para ele enquanto ele se afasta.
Então ela salta do riacho para o Oitavo Quadrado. Ela se senta na grama macia e encontra uma coroa em sua cabeça. Alice percebe que ela é uma rainha. A Rainha Branca e Rainha Vermelha a convidam para o seu próprio jantar e começam a fazer perguntas absurdas, do tipo: Como é feito o pão? Qual a expressão francesa para fiddle-de-dee? À medida que as perguntas e as bobagens continuam, a Rainha Vermelha lhe diz que na Terra do Espelho os dias e as noites vêm em grupos de dois ou três por vez. Como três terças-feiras.
As Rainhas se cansam e adormecem no colo de Alice. De repente, elas desaparecem, e Alice está parada na frente de uma porta marcada como 'Rainha Alice'. Ela pergunta a um sapo onde pode encontrar um servo para lhe abrir a porta, mas ele não a ajuda. A porta se abre, e ela ouve um coro cantando. Eles a recebem bem. e então, ela decide entrar sozinha.
A cantoria para quando ela entra em um corredor com uma grande mesa. Seus convidados parecem ser animais, pássaros e flores. A Rainha Branca e a Rainha Vermelha estão sentadas à cabeceira da mesa, e Alice se junta a elas. A Rainha Branca recita um poema para Alice e então diz a Alice que algo vai acontecer. As velas começam a tremer juntamente com os pratos, travessas, convivas e velas, tudo vem abaixo. Tudo cai no chão e ela percebe que a Rainha Vermelha encolheu e agora está correndo sobre a mesa. Alice pega a Rainha Vermelha e diz que vai transformá-la em uma gatinha. O outro gatinho era a Rainha Branca, e Alice acha que Dinah era Humpty Dumpty. Mas ela não consegue fazer os gatos admitirem isso.
Bem, fico por aqui! E indico sem pestanejar esta obra-prima: “Alice Através do Espelho”, de Lewis Carroll. Um livro que merece um lugar de HONRA na sua estante.