O pote vazio
Educar é uma tarefa que exige tempo, afeto, generosidade e atenção a tudo que é dito, feito ou apresentado a uma criança e, num mundo tão repleto de informações contraditórias, começar a passar os bons valores, como honestidade, sinceridade, coerência, integridade, e uma certa percepção sobre o tempo das coisas. Mas como? Contar boas histórias é uma opção, enredos nos quais a criança possa se espelhar e pensar no que faria se fosse o personagem, se aquela situação fosse com ela, e assim aprender a refletir sobre suas atitudes e mais tarde se conduzir pelo mundo.
Pensando assim, “O pote vazio”, da escritora e ilustradora Demi, surge como uma fábula delicada para ser lida, relida e contada até que todos os seus elementos lúdicos possam ser apresentados e identificados pela criança.
A história é simples. Havia um Imperador, na antiga China, que gostava imensamente de flores e animais, mas estava ficando velho e precisava encontrar um substituto. Por fim, decide anunciar um desafio para escolher seu sucessor. Daria uma semente a cada criança do reino e, após um ano, as crianças deveriam retornar com a semente plantada e crescida. Ping, uma das crianças, ficou feliz por receber uma das sementes e correu para plantá-la em seu vaso. Todas as crianças fizeram o mesmo, com a esperança de apresentar a melhor e mais linda flor de sua semente ao Imperador. Então, chegado o dia, depois das quatro estações terem se passado, as crianças foram apresentar suas sementes plantadas, todas com lindas flores. No entanto, a semente de Ping não havia crescido e ele não tinha nada a apresentar. Mas foi assim mesmo. E quando o Imperador lhe perguntou por qual motivo nada havia em seu vaso, Ping explicou que fizera de tudo, mas sua semente não havia dado flores, nem nada. O Imperador então sorriu e anunciou ter encontrado o seu sucessor, pois todas as sementes que havia dado estavam queimadas e jamais poderiam ter gerado flores tão lindas. A verdade venceu e Ping foi escolhido o sucessor do Imperador.
Simples, não é? Mas quantas vezes temos coragem de assumir nossos fracassos, apresentar nossos resultados nem sempre compatíveis com nossas expectativas? E o tempo? Qual é o tempo necessário para plantarmos nossas sementes e esperar que brotem? Sabemos esperar que a natureza faça a sua parte? Sabemos cuidar das sementes que recebemos? Será que estamos preparados para encarar o verdadeiro resultado de nossos esforços e aprender com nossos limites e resultados? Como nos saímos quando a vida nos testa?
Essas e muitas outras reflexões podemos encontrar em “O pote vazio”. Porque um pote nunca está realmente vazio.
Gostou dessa história? Conte para seus pequenos. Compre o livro e se deliciem juntos com as delicadas ilustrações dessa escritora e ilustradora. E faça dessa pequena fábula a origem de muitas conversas e referências.
Segue link de “O pote vazio”, com narração e dublagem de Dalton Barone*. Assista:
*Dalton Barone é dublador e locutor. Saiba mais sobre seu trabalho. Acesse: http://daltonbarone.wixsite.com/locutor.
Sobre a autora
Fonte: Editora Martins Fontes
Nascida em Cambridge, Massachusetts, Demi é ilustradora e autora de mais de 300 livros infantis, incluindo biografias de Jesus, Buda e Dalai Lama, bem como lendas populares como O Pote Vazio, Liang e o Pincel Mágico.
Estudou artes no Instituto Allende, em Guanajuato, no México; na M. S. University em Baroda, na Índia; e no China Institute for Arts, em Nova York.
Mas foi seu marido, Tze-Si Huang, quem lhe apresentou a religião, o folclore, a cultura antiga e a história da China.
Recebeu diversos prêmios pelo seu trabalho. Entre eles, o Prêmio Christopher, que reconhece indivíduos cujo trabalho faz uma diferença positiva no mundo, e o Prêmio Livro do Oriente Médio.
O “Pote vazio” é uma obra de 1990. Seu título original em inglês é “Empty Pot”.