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E o Carnaval seguiu pela história até hoje...

O carnaval evoluiu e se transformou ao longo da história, em momentos distintos, por sociedades e grupos diferentes, mas que utilizaram a mesma simbologia tentando expressar os mesmos sentimentos, as mesmas necessidades pontuadas na postagem anterior a esta..

Foi na cidade de Paris, durante o século XIX, que surgiu a festa de Carnaval como ficou tradicionalmente conhecida. Durante a revolução francesa, apesar de controladas, foram surgindo algumas manifestações semelhantes ao carnaval. Mas foi em 1830, com a queda de Napoleão e a consolidação da burguesia no poder, que as elites francesas passaram a impor um novo estilo de se festejar o carnaval. E foi ela que ditava as normas desta festa como forma de expressar o seu poder e sua visão de mundo. Aqueles que fugissem a essas regras e não se enquadrassem, eram considerados grosseiros e indignos. Os bailes de máscaras se espalharam pelas camadas populares. Os desfiles também eram outra forma de brincadeira carnavalesca parisiense. Durante cinco séculos, o Carnaval de Paris foi um dos mais importantes do mundo, principalmente durante o século XIX. Para se ter uma ideia, foi em Paris, em 1890, que nasceu o confete de papel e a serpentina.

Carnaval de Veneza

O carnaval de Veneza surge em um ambiente onde a nobreza se disfarçava para sair e misturar-se ao povo. Em fins do século XI, o Carnaval de Veneza fazia parte do roteiro da nobreza européia. Uma festa que chegava a durar seis meses. Mas nem tudo era perfeito. O uso das máscaras servia a vários propósitos desde  adultérios até assasinatos que se ocultavam por trás delas para garantir o anonimato.

As máscaras se tornaram o elemento mais importante desta festa. A festa durava 10 dias. Durante as noites realizavamm-se bailes em salões. Tem uma feição pessoal,e totalmente diferente da idéia que temos dessa festa. O uso de máscaras reproduzem o estilo nobre que viveram nos séculos XVII e XVIII. Alguns modelos de máscaras reproduzem personagens da “Commedia Dell’Arte” que eram muito comuns na Europa do século XVI.

Giovanni Domenico Tiepolo Carnival Scene (The Minuet) (sec XVIII)_1

A “Commedia dell’arte” foi uma forma de teatro popular de improviso que fazia o contraponto a “Commedia Erudita”. Seguiam um roteiro e a partir daí a improvisação se dava. Foi um estilo que se desenvolveu na França e se manteve popular até o século XVIII. Esta forma de teatro ainda persistiu através de alguns grupos de teatro. Apresentavam-se em ruas e praças públicas com a devida aprovação da população local. Eram itinerantes e possuíam uma estrutura familiar. Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. Para isso, entravam em cena muitos outros personagens, além do Arlequim, Pierrô, Colombina e bufão que são até hoje famosos.

As histórias seguiam o mesmo roteiro. Do lado dos patrões, por exemplo, havia um comerciante extremamente avarento (chamado Pantaleão), um intelectual pomposo (o Doutor) e um oficial covarde, mas metido a valentão (o Capitão). Outros personagens típicos eram o casal Isabella e Horácio (em geral, filhos de patrões) e outros serviçais. Apesar de obedecerem a um enredo predefinido, as peças tinham a improvisação como ingrediente principal, exigindo grande disciplina e talento cômico dos atores, que precisavam responder rapidamente às novas piadas e situações criadas pelos colegas.

Carnaval no Brasil

No Brasil, o Carnaval era sinônimo de “Entrudo”. O “Entrudo” chegou ao Brasil juntamente com os portugueses, na cidade do Rio de Janeiro. Desde a Idade Média, se comemorava o carnaval em Portugal. E esse carnaval eram brincadeiras que variavam de aldeia para aldeia, e algumas delas existiam os bonecos, chamados “Entrudos”, e daí originou-se o nome da celebração, porém entrudos não significavam apenas bonecos, mas toda a comemoração em si juntamente com as brincadeiras.

Quando o “Entrudo” chegou ao Brasil, dividiu-se em dois tipos: o entrudo popular e o familiar. O entrudo popular eram brincadeiras feitas na rua com banhos de água suja misturada com vários tipos de líquidos, como a urina, laranja podre, restos de comidas, enquanto as famílias brancas divertiam-se em suas casas derramando baldes de águas suja em passantes desavisados. Era uma brincadeira de rua muitas vezes violenta, onde se cometia todo tipo de abusos e atrocidades.

Foi esse tipo de carnaval que desembarcou no Brasil com as primeiras caravelas e os primeiros foliões. Mas foi com o passar do tempo que o entrudo civilizou-se, adquirindo maior leveza. As águas sujas eram substituídas por águas perfumadas, sendo percussoras dos “lanças perfumes”. Foi a partir daí que a burguesia carioca procurou se basear num modelo sofisticado de carnaval, que na época era o de Paris. O gosto pelas máscaras se acentuou no Brasil. De procedência francesa, eram confeccionadas em cera e em papelão, simulando cara de animais, caretas, entre outros. Das máscaras à fantasia foi um pulo rápido dando um colorido especial ao carnaval, tanto nos salões quanto nas ruas.

O aparecimento do Zé pereira (tocador de bumbo) deu um outro toque nas festividades momescas introduzindo bumbos, zabumbas, e tambores anarquicamente tocados nas ruas. Essa tradição ganhou um tremendo sucesso que, 50 anos mais tarde, uma companhia teatral francesa resolveu representá-lo numa paródia da peça “Les Pompiers de Nanterre”, na qual o comediante Francisco Correia Vasquez cantaria com melodia francesa a quadrinha que se tornaria famosa:

“E viva o Zé Pereira

Pois que ninguém faz mal

Viva bebedeira

Nos dias de carnaval”.


No começo do século XX, o Zé Pereira deixou como sucessores a cuíca, o tamborim, o reco – reco, o pandeiro e a frigideira, instrumentos que acompanhavam o bloco dos “sujos” e que hoje são instrumentos das escolas de samba.

Mas foi no final do século XIX que o carnaval ocupa as ruas do Rio de Janeiro, servindo de modelos para diferentes folias. Nessa época, esses grupos eram chamados de cordões, ranchos ou blocos, grupos que originaram mais tarde as escolas de samba. Formados por negros, mulatos e brancos de origem humilde, os cordões animavam as ruas ao som de instrumentos como a percussão trazidos dos elementos religiosos da África, legado para gerações seguintes .

Mas foi em 1890 que Chiquinha Gonzaga compôs a primeira música de carnaval, “Ô Abre Alas!”. A música havia sido composta para o cordão “Rosas de Ouro” que desfilava nas ruas do Rio de janeiro durante o Carnaval. Esta marcha animou o carnaval por anos a fio e até hoje é conhecida pelo grande público. A partir de então as marchinhas caíram no gosto popular.

Os foliões costumavam frequentar os bailes fantasiados, usando máscaras e disfarces inspirados nos bailes de máscaras parisienses e do carnaval de Veneza. As fantasias mais tradicionais eram a Colombina, Arlequim, Pierrô e o nosso Momo, sem esquecer do palhaço, todos originárias da “Commédia dell’arte”. Todos armados de lança perfumes, serpentina e confetes davam o tom da animação dos bailes de salão.

Da música “Ó abre alas” aos sucessos carnavalescos de hoje muitos foram os caminhos percorridos pelos gêneros musicais, até predominarem definitivamente o samba e a marchinha como ritmos prediletos: tango-chula, polca, marcha-rancho, fado brasileiro, marcha-portuguesa, toada, canção, toada-sertaneja, valsa, maxixe, cateretê, chula à moda baiana e marcha-batuque, entre outros.

As escolas de samba se consolidara no final da década de 20  quando desponta a geração do Estácio, fundadora da primeira escola de samba na rua Estácio onde os ensaios aconteciam. A Escola de samba “Deixa Falar” fez muito sucesso entre os moradores da região, o que estimulou o nascimento de outras agremiações do samba. Surgiram assim, as seguintes agremiações: “Cada Ano Sai Melhor”, “Estação primeira (Mangueira)”, “Vai como Pode (Portela)”, “Vizinha Faladeira” e “Para o ano sai Melhor”. Não reinava a competição tudo era apenas diversão.

Mas as escolas de samba foram se transformando com tempo e a partir da década de 1970, com as transmissões a cores pela televisão, o Carnaval se transformou  em um espetáculo. E hoje é considerado um evento internacional acompanhado no mundo inteiro.

No Rio de Janeiro, podemos ver o reaparecimento dos novos blocos de rua que dão o tom do carnaval do novo milênio. Cada vez mais foliões reunidos ganhando as ruas e mantendo uma tradição que parecia ter morrido por causa das escolas de samba. O Carnaval faz parte da história humana e tende a se transformar sempre, pois afinal, o show não pode parar.

E agora que o Carnaval está chegando ao fim, vamos começar o ano porque temos muito por fazer! Mas, antes, curtam essa galeria com imagens dos carnavais europeus antigos.

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Data: 08 agosto 2016 | Tags: Arte


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E o Carnaval seguiu pela história até hoje...

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