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A Caderneta Vermelha

O livro de que falaremos hoje faz parte das pequenas delícias que a literatura pode nos oferecer. “Caderneta Vermelha”, de Antoine Laurain, é um desses deleites.

 

O autor recebeu na França o prêmio “Laderneau Découvertes” com o livro “Le Chapeau de Miterrand” (“O chapéu de Miterrand”), que acabou adaptado para a televisão, alcançando grande sucesso.

 

Vamos ao Livro?

 

Começaremos com uma pergunta: o que você faria caso encontrasse uma bolsa na rua? Deixaria no local? Entregaria à Polícia no Rio de Janeiro? Ou ficaria com a bolsa e tentaria achar a sua dona?

 

Seja qual for a resposta, caro leitor(a), o protagonista da história optou pela terceira via, ou seja, tenta achar a dona da bolsa. Consciente de que a bolsa foi roubada, Laurent, o protagonista da história (que por coincidência também é livreiro) leva para casa a bolsa que achou na Rue Passe - Mussette, em Paris. Tal decisão mudará o curso de sua vida. Ao vasculhar a bolsa para tentar descobrir sua dona, encontra o livro “Acidente Noturno” do Prêmio Nobel Patrick Modiano, no qual há uma dedicatória assinada pelo autor dedicada a Laure, e uma caderneta moleskine de cor vermelha. Nessa caderneta existem pensamentos íntimos e segredos de uma mulher desconhecida, tais como: “Tenho medo de formigas vermelhas, tenho medo quando consulto minha conta bancária e clico “Saldo disponível”. Tenho medo do tempo que passa.” E outros mais. Existe a máxima popular que diz: “a curiosidade matou o gato”. A primeira consequência dessa bolsa achada em cima de uma lixeira é o fim do relacionamento de Laurent com Dominique, sua namorada. Ela não consegue entender o motivo dessa curiosidade. E o bilhete deixado por ela dá o tom.

 

Laurent, Você que gosta tanto de jurar, deve cuidar muito bem de sua filha. E das finanças de sua livraria. Eu hoje me levantei muito cedo, fui me deitar um instantinho no sofá, e eis que achei em cima do seu carpete. Talvez possamos voltar a falar disso... Ou não... Você resolve. Não vou dar o primeiro passo, isso eu lhe juro. Dominique

 

A situação começa a adquirir sentimentos mais sombrios. Por exemplo, Laurent começa a sentir aquela vertigem do acusado inocente em quem absolutamente ninguém acredita – nem mesmo o seu advogado. Apesar da serendipidade da história, ou seja, uma descoberta por acaso, pergunto: qual seria sua reação ao ver sua intimidade invadida, seus pensamentos não compartilhados com amigos antigos ou mais próximos sendo lidos por um estranho? Posso assegurar que Laurent não é um psicopata. O livro tem um suspense interessante.

 

Sua filha Chloé, do primeiro casamento, que é uma espécie de dominadora, acaba entrando nessa história. Querem saber o final do livro?

 

Pois leiam “A caderneta vermelha”, de Antoine Laurain, um livro gostoso de se ler, com um humor muito fino, além da inteligência da história. Um livro que merece um lugar na sua estante.

 

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Data: 08 agosto 2016 | Tags: Sátira


< O Diário de uma Camareira Primeiro Amor >
A Caderneta Vermelha
autor: Antoine Laurain
editora: Alfaguara
tradutor: Joana Angelica D'Avila Melo

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